Empresas tem responsabilidade contratual em retomar o serviço dentro de prazo razoável – e não podemos admitir menos do que isso
Pau que bate em Chico bate em Francisco – diz o ditado. Os ‘Franciscos e os Chicos’ em questão, no entanto, são os mesmos: o morador da cidade que completa 48 horas sem luz e sem água em casa às 22h desta quinta-feira, 18. Apanha quando falta luz, apanha na conta quando gasta mais para ter a brisa do ar-condicionado ou o vento espalhado pelo ventilador; apanha quando falta água e quando vem a conta quilométrica que agora inclui o necessário tratamento de esgoto, mas que apesar disso não dói menos no bolso de quem trabalha.
Agora os Franciscos e os Chicos apanham, também, porque a Corsan e a RGE, que fornecem água e energia elétrica à Canoas e região, não conseguem recuperar o sistema no prazo em que a lei prevê. Apenas em Canoas, quase 80 mil casas seguem no escuro pelo segundo dia consecutivo. A falta de água é ainda pior: metade da cidade está com a torneira seca – e o termômetro segue batendo na casa dos 30º desde terça, quando o mundo desabou no temporal que varreu do mapa telhados, arrancou árvores, derrubou postes e espalhou fios a torto e direito pelas ruas.
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Não é questão de compreender que a catástrofe natural foi maior do que qualquer outra. Isso sabemos. O problema, aqui, é que as empresas assinaram um contrato prevendo situações como essa e se comprometendo a retomar o serviço em 24 horas na zona urbana e em 48 horas fora dela. Já está para fechar o segundo dia de escuridão e, até onde minha inteligência alcança, Canoas ainda segue sendo uma cidade urbana.
No caso da RGE, sempre tive a empresa em alta conta: cumpridora dos prazos de restabelecimento da energia. Pelo tempo em que já opera a concessão, além das equipes permanentes e as de plantão, a empresa certamente tem uma reserva de contingência para casos como este; um fundo fundo financeiro ou um seguro que possa ser resgatado exatamente quando todo o esforço mobilizado for insuficiente para dar uma responsa imediata. Não basta ligar a luz no Centro e no Jardim do Lago, embora quem mora ali e lá tenham o direito; tem que resolver o problema na periferia também, onde o quilo da carne que descongela e estraga custa o mês da dona de casa ou do pai de família que não tem mais de onde tirar para repor.
A RGE precisa cumprir o prazo legal por eles.
O mesmo vale para a Corsan. A Aegea comprou recentemente a empresa e precisamos levar isso em consideração pois os parâmetros para emergências operacionais estão sendo estabelecidos agora. Válida a iniciativa de contratar geradores para as estações de captação de água e recalque, mas isso já poderia ter sido previsto. Em São Paulo, por exemplo, a Sabesp – também privatizada – tem uma parceria com empresas de geradores para fornecimento de energia temporária que atuam exatamente em casos como este. Os geradores não são da empresa e, por isso, não precisam de manutenção permanente. São usados só quando falta energia no sistema. No restante do tempo, é o parceiro quem usa o equipamento, prestando toda a manutenção necessária para que, quando requisitado, esteja em condições.
O custo? Muito menor do que a compra dos geradores. Numa pesquisa rápida pela internet, o blog descobriu que custa menos de 30% do que a compra esse tipo de parceria – isto se o equipamento for utilizado. Caso não seja, é menor ainda o custo.
Se tivéssemos este tipo de recurso por aqui, a água já teria voltado a todas as torneiras da cidade. Pelo relato do Gabinete de Crise da prefeitura, não houveram danos na rede de distribuição de água – apenas faltou luz nas estações e a água deixou de ser bombeada.
Nisso, tem muita razão o prefeito em exercício, Nedy de Vargas Marques, em cobrar das empresas uma resposta mais rápida. Corsan e RGE precisam pensar nos Chicos e Franciscos que levam uma vida com maiores limitações. Nem todos tem a chance de encher a geladeira de novo ou comprar água mineral para toda a família por dias a fio.
É por eles.
Respostas de 6
Achei fabulosa a colocação textual, mas é realmente patético explicar que segunda feira tivemos um incêndio e falta de luz a noite toda na região central, aí hoje sexta feira às 01:00 da manhã, estou eu aqui escrevendo sem luz pela 4ª noite seguida, sim, tivemos um incêndio na segunda!
A RGE não tem mais prazo, rodei boa parte de Canoas e olha, tem muita luz!
Mas aqui na região central existem alguns quarteirões sem luz desde segunda!
Não sei se a minha inteligência falha, mas talvez Canao nao seja mais tão urbana assim!
Achei fabulosa a colocação textual, mas é realmente patético explicar que segunda feira tivemos um incêndio e falta de luz a noite toda na região central, aí hoje sexta feira às 01:00 da manhã, estou eu aqui escrevendo sem luz pela 4ª noite seguida, sim, tivemos um incêndio na segunda! A RGE não tem mais prazo, rodei boa parte de Canoas e olha, tem muita luz! Mas aqui na região central existem alguns quarteirões sem luz desde segunda! Não sei se a minha inteligência falha, mas talvez Canoas nao seja mais tão urbana assim!
Anos atrás tínhamos uma empresa chamada CEEE que fornecia Energia Elétrica a todo Estado do RS. Hoje temos uma multinacional encarregada de distribuir energia a cerca de 70% do Estado(Canoas recebe energia dela) e a Equatorial que atende os 30% restantes. A primeira também transmite toda a energia gerada por uma terceira empresa privada. Então a situação toda está ficando uma verdadeira salada onde falta pessoal, falta equipamentos, falta gerenciamento,etc. E vai piorar porque os maiores culpados por isso tudo, Governo do Estado e Assembléia Legislativa, que aprovaram as privatizações, estão quietos,parece. Pública não servia, privadas muito pior.
Água com sujeira…. horrível e falta de luz no bairro nossa Sra das Graças…nem a Corsan e RGE estão preparados para um temporal,deve ser revisto em um contrato 😖
A respeito da RGE ela sempre foi evasiva nos seus atendimentos e de baixa qualidade no atendimento aos seus clientes teleatendimento da empresa é uma enrolação
Pois é, a prefeitura transforma a cidade numa floresta, elas caem, causam tudo isso e quem é responsável? Aqueles que não plantaram árvores na volta das redes elétricas e como resultado, no próximo temporal tudo vai se repetir…