BLOG DO RODRIGO BECKER

CANOAS | Nedy no PL: em busca do voto de Bolsonaro, o ’99 a 1′ do vice que mira 2024

Nedy em 2022, enquanto prefeito interino, visita obras de banheiros no Guajuviras: vice pensar em ser candidato em 2024, mesmo que eventualmente negue. Foto: Arquivo RB

Nedy confirma o convite do PL para ingressar no partido, mas ainda não dá certeza sobre o sim. Viagem a Brasília em outubro deve selar o ‘casamento do ano’ para o partido de Bolsonaro na Aldeia

Nedy de Vargas Marques está 99% decidido a trocar o Avante pelo PL.

O 1% que falta não tem explicação em questão mal esclarecida, mas no tempo. Giovani Cherini, deputado federal, presidente do PL gaúcho e porta-voz do convite ao vice-prefeito, que levar Nedy a Brasília em meados de outubro para bater continência ao capitão e ex-presidente Jair Bolsonaro. Depois, haverá o ‘dia do sim’, como a política exige.

Nem é preciso dizer que a troca de partido engendrada por Nedy tem tudo a ver com 2024. Se alguém ainda tem dúvida, exonere-a: assinando ficha no PL, o vice é candidato em 2024, mantendo a condição atual ou eventualmente assumindo um novo período de interinidade no comando do governo. Ninguém dá uma guinada do Avante para o PL para ser ‘soldado’, convenhamos.

Vale lembrar que Nedy também tinha convite do PSDB e até do PT, em certo momento de 2022. Esteve com Lula na campanha do ano passado e não haverá de negar, mas até os postes da Victor Barreto sabem que Nedy não combina com o PT e nem o partido com ele. O PSDB, esse sim, esteve bem próximo de anunciar um novo filiado em Canoas, mas o ‘gato subiu no telhado’ – e arrisco especular o porquê.

As trativas dos tucanos com Nedy tiveram em Lucas Redecker, presidente tucano no RS, um importante entusiasta. Eduardo Leite tinha interesse em filiar Nedy durante o período em que ele esteve à frente do governo e chegou a vir em um evento de vacinação de idosos no lar São José, do querido amigo Everton Alfonsin, o Caco. Lá Nedy teve o ‘amém’ do governador que mira à presidência da República em 2026, mas com o ‘ok’ na mão, resolveu esperar. O retorno de Jairo Jorge ao governo precipitou o movimento de ‘pôs as barbas de molho’ no tucanato: ninguém quer briga com PSD e nem com JJ por conta de uma disputa local. Leite, se puder, vai à eleição ombro a ombro com o PSD; sem brigas com lideranças que podem ser aliadas ali adiante, portanto. E com o passar dos dias, o negócio com o PSDB mixou por si só.

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O que o PL tem de bom é o mesmo que tem de péssimo

Após o enterro do impeachment do vice, no início de julho, já estava claro que Nedy teria que se colocar para 2024, querendo ou não. Ao mesmo tempo, o PL fez uma pesquisa na cidade para orientar sua conduta na sucessão. Bolsonaro havia feito 6 de cada 10 votos em Canoas e, sem surpresa, o levantamento apontou que 38% dos eleitores entrevistados, quase 4 em cada 10, votariam em um candidato a prefeito em 2024 que tivesse a continência do ex-presidente e capitão.

Nessa esteira, Nilce Bregalda e o Capitão Pacheco levantaram o braço para pedir a vez. Pacheco já esteve com Nedy e consta que se o vice se filiar, abre mão para deixar o caminho livre. Já Nilce ainda precisaria de mais convencimento. Tarefa para Heider Couto, presidente do PL de Canoas, que está torcendo para o casamento se consumar logo e ter um prefeiturável de estofo para 2024.

A decisão de Nedy pelo PL deve por o vice na cara do gol para disputar o chamado voto conservador que deu maioria a Bolsonaro em 2022, mas que não se engane o ‘homem dos mil júris’: o ex-presidente é o lado bom e o lado podre do PL. Se há uma expectativa de que ele influencie na decisão de voto para 2024, desconte o fardo pesado que é carregar Bolsonaro e sua prole produtora de escândalos às bicas. É rachadinha, cheque e Micheque, Queiroz, deboche da Covid e míssil terra-ar em se converteu a tão falada delação de Mauro Cid, o ajudante de ordens do ex-presidente que promete por fogo nos segredos dos últimos dias do governo do capitão e a tal ‘arquitetura do golpe’ que vinha sendo tratada no cotidiano do palácio.

A aposta mais certeira, com Nedy no PL, é a disputa pelo voto conservador, não pelo legado do bolsonarismo – especialmente se o capitão restar preso, como já se dá por certo do Chuí ao Oiapoque.

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Quem embarca nessa?

Se Nedy de fato assinar no PL, o que está 99% decidido, anotem: Juares Hoy e Abmael Oliveira também assinam. Vereadores, no entanto, esperam a janela de março para embarcarem. E talvez não fique por aí.

O PL com Nedy de candidato vai mirar em vice de dentro da Câmara para disputar a eleição de 2024. Arrisco, por minha conta, especular que o alvo preferido do vice-prefeito para a cadeira que ele próprio ocupa é Márcio Freitas, hoje também no Avante, na base do governo Jairo Jorge por uma articulação graúda comandada pelo secretário de Relações Institucionais, Mário Cardoso, e também de saída da sigla. Márcio não abandonou os planos anunciados ainda em 2021 de disputar a eleição para a prefeitura, mas hoje é o canoense com mais votos para concorrer a deputado estadual em 2026. Um partido que o queira precisa oferecer necessariamente este caminho aberto antes mesmo de prometer-lhe um eventual espaço na chapa majoritária.

A filiação de Nedy no PL é só o primeiro ‘gambito’ deste imenso xadrez em que se transformou 2024.

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