Nova mobilização política levou 19 dos 21 vereadores da cidade à encontros na Assembleia e com o vice-governador, Gabriel Souza, repisar a hipótese do colapso se grana dos hospitais seguir caminho dos cortes do Assistir
A intensiva liderada pelo prefeito Jairo Jorge a respeito das perdas impostas ao financiamento dos hospitais da região com o Programa Assistir está se tornando impossível de ser ignorada pelo Governo do Estado. Nesta quarta-feira, 25, ele, os diretores dos hospitais Universitário e Pronto Socorro levaram 19 dos 21 vereadores da cidade para encontros com o presidente da Assembleia Legislativa, Vilmar Zanchin, e com o vice-governador, Gabriel Souza. Só não foram Márcio Freitas (Avante) e Juares Hoy (PTB).
Aqui, peço licença para explicar o ‘ignorar’ que imponho ao texto.
Não é que o Governo do Estado não esteja dando bola para a crise. O que acontece é que não está havendo um recuo nem a apresentação de uma alternativa ao Assistir – pelo menos até agora. O programa, lançado ainda em 2021, foi fracionado em etapas, mas mantém o ponto central que o justifica: redistribuir os recursos do Estado à Saúde conforme a produção informada pelos hospitais e não pela importância relativa que eles têm para o sistema. Assim, os hospitais do Interior recebem um incentivo financeiro maior para ampliar os atendimentos que podem solucionar problemas sem a ‘ambulancioterapia’. Esse incremento que pinga por lá sai de algum lugar: dos hospitais da Região Metropolitana.
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O problema, nessa conta, é que o crescimento da volume de serviços no Interior do Estado não acompanha a demanda na mesma proporção. Paciente mais graves seguem sendo trazidos para os centros urbanos onde a variedade de especialidades garante atendimento integral aos pacientes. É no Conceição, no Clínicas, na Santa Casa e no HU que se socorrem esses casos. Mas a grana curta vai levar fatalmente ao colapso, pelo menos no caso do HU, antes que no Interior o serviço possa ser considerado pleno.
Voltando à mobilização, Jairo Jorge tem conseguido impor essa pauta à política do Estado. Além do périplo em busca de dinheiro que já o levou quatro vezes a Brasília em três meses, vem colocando o assunto em tantas meses quanto sejam possíveis. Agora, o presidente da Assembleia e o vice-governador já tem em mãos o que venho chamando de ‘relatório do caos’: o documento que apresenta as contas do HU, a insuficiência de recursos e a impossibilidade do município assumir, sozinho, essa conta toda.
O prefeito, aliás, nem contesta mais o mérito do Assistir – que é o de redistribuir recursos pela produção. Mas o alerta do colapso não só é importante como necessário. Com o vice-governador, lembrou se o HU ruir, o impacto será ainda maior em outras estruturas hospitalares da capital e da região que também estão sofrendo com o corte de recursos. Estamos aqui, não para fazer uma crítica ao Assistir. O que pedimos é que ele seja revisto, pois essa retirada de recursos afetou especialmente Canoas. Em uma situação de restrição de atendimentos, superlota hospitais de outras cidades”, disse.
Uma luz no fim do túnel
Gabriel Souza adiantou à comitiva canoense que um novo formato do programa está em análise pelo governo estadual. “O Assistir está passando por uma transição do status quo anterior para um novo modelo e, conforme o relato deste alto prejuízo financeiro em Canoas, a situação pode se tornar insustentável. Vamos levar o assunto adiante”, garantiu.
A mobilização, no entanto, segue.
Na manhã desta quinta, 26, tem reunião da Granpal e a pauta do Assistir se impõe novamente. O chefe da Casa Civil do Estado, secretário Artur Lemos, foi indicado interlocutor do governo com os prefeitos para discutir ajustes no Assistir. E a luz no fim do túnel, sinalizada por Gabriel Souza, começando a se materializar.
O HU e HSPC agradecem – e todos que precisam deles também.