Caso do falso assessor que pedia dinheiro a empresários em troca de benesses em contratos público que jamais existiram é novo elemento na conturbada dinâmica da política canoense
Deu na RBS TV.
Em apuração do repórter Giovani Grizotti, foi revelada a atuação de um sujeito que vinha extorquindo empresários com a promessa de contratos milionários com a Prefeitura de Canoas, sem licitação. Acontece que os contratos jamais existiram e as benesses, portanto, nunca seriam honradas. Tratava-se de um golpe — tipo o do ‘bilhete’, famoso nos anos 80 e 90 em que um ‘matuto’ qualquer exibia um bilhete de loteria que dizia ser premiado e o oferecia a um ‘esperto’ por um preço bem menor a pretexto de que, aquela hora, o banco ainda estava fechado.
O problema é que o ‘matuto’ em questão é cunhado do filho do prefeito em exercício, Nedy de Vargas Marques.
Sob o guarda-chuva do tal parentesco, vendia facilidades e, segundo a reportagem da RBS, amealhou meio milhão de reais de um grupo de empresários — os ‘espertos’ da vez.
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O caso está sendo apurado pela 1ª Delegacia de Polícia de Canoas e as responsabilidade de cada um devem ser concluídas em um inquérito aberto ainda em fevereiro. Inquérito, diga-se, instaurado depois que Nedy foi à DP denunciar o caso ao ouvir de um empresário sobre a cobrança de dinheiro para facilitar o andamento dos tais contratos inexistentes.
O advogado dos empresários que denunciaram à RBS o esquema, Adão Paiani, não está muito contente com o andamento da apuração da polícia, aliás. Ele representou ao Ministério Público depois que o delegado do caso afirmou antes da conclusão das investigações que o falso assessor estaria agindo sozinho. Para Paiani, ele tinha parceria. “E isso precisa ser bem apurado. É prematuro afirmar o contrário”, diz.
Politicamente, o caso dá pano para manga.
Difícil que cole em Nedy prematuramente a corrupção que, claro está, houve feita. A política, no entanto, é armada de narrativas que se consolidam entre os fatos e não das verdades que teimam em existir no lugar deles. Ao ter o nome citado pelo tal falsário, Nedy ‘entra no rolo’ arrastado pelos tiozões e tiozinhos do WhatsApp de sempre que espalham aos quatro ventos os vídeos e os áudios em que o rapaz que casou com a irmã de sua nora sustenta um golpe simplório, mas eficaz, contra empresários da cidade.
Esse é o dano e resta feito.