Unidade começou com plano para eleição da mesa da Câmara, mas já dá indícios de bloco — mesmo que dele façam parte vereadores do futuro governo e da oposição
O grupo político que orbita a candidatura favoritíssima à presidência da Câmara de Canoas encabeçado pelo vereador Eric Douglas (União Brasil) não racha mais.
É a minha aposta, claro, já que em política tudo pode acontecer: acordos são feitos para serem rompidos e a palavra empenhada nem sempre vale mais do que uma falsa nota de 3.
Dito isto, explico. O ‘Grupo dos 11’, formado pelos vereadores Eric, Partrício e Bamberg (PSDB), Emílio Neto (PT), Cris Moraes (PV), Leandrinho (PRD), Abmael Oliveira (PL), Jonas Dalagna e Juares Hoy (PP), Jefferson Otto (PSD) e Alexandre Gonçalves (PDT), tem uma característica que parece garantir a minha aposta: são todos reeleitos. Os experientes sabem, mais do que os estreantes, que a vida no parlamento costuma ser dura com quem só joga por si — ou dá a palavra aqui e dá lá para levar uma vantagem de momento.
No grupo, há quatro ex-presidente da Câmara: Patrício, Bamberg, Alexandre e Juares Hoy — a excessão de Alexandre, todos eles com mais de 20 anos de mandato; Bamberg, aliás, foi reeleito para o nono e terminará a próxima legislatura com 36 anos de Câmara. Conhecem “o rengo sentado”, como diz o ditado.
Os quatro ex-presidente são os pilares, de fato, do Grupo dos 11.
A partir deles, foi tomada a acertada decisão de oferecer aos ‘novatos’ da turma a presidência nos próximos 4 anos: Eric em 2025, Abmael em 2026, Leandrinho em 2027 e Jonas em 2028. Eric pediu e levou o primeiro ano pela extraordinária votação que fez em outubro e o grupo entende que, simbolicamente, é importante prestigiar o mais votado. O assunto foi resolvido em uma conversa ainda entre o primeiro e o segundo turnos da eleição, o que favoreceu um ‘ok’ independente de quem seria governo ou oposição.
De lá para cá, Eric já recebeu inclusive o apoio de vereadores que não fazem parte do grupo, mas também não se movem contra ele. É o caso do estreante Giovani Rocha, do PSD. Ele disse ao blog na semana passada que irá votar em Eric pela boa relação que tem mesmo que o presidenciável da Câmara seja do União Brasil, partido do vice-prefeito eleito, Rodrigo Busato, e Giovani um dos nomes mais próximos do atual prefeito, Jairo Jorge. Daurinei Alt, também do PSD, deve seguir o mesmo caminho.
Importante que esse empoderamento do Grupo dos 11 não acontece apenas pela movimentação da eleição da mesa. Surge, sobretudo, pela ausência ou pouca movimentação do governo eleito em relação à base da Câmara. Sem um articulador definido, os 11 experientes decidiram o comando da Casa para toda a legislatura e, enfim, deixaram Airton Souza dependente deles para garantir a governabilidade.
Não estou insinuando que o governo eleito não terá maioria. É provável que tenha e tenha logo. Mas hoje não basta apenas oferecer cargos aos parlamentares: se não tiver um olho no olho com o Grupo dos 11, emperra.
Um nome para a articulação
Na terça-feira, 3, à noite, surgiu o nome do vereador não reeleito Cézar Mossini (MDB) para auxiliar o já confirmado novo secretário de Relações Institucionais, Rossano Gonçalves (PL), na tarefa de conduzir as relações com a Câmara. Mossini, que também já presidiu a Câmara em duas ocasiões, tem trânsito; e sabe que não pode apostar num racha para estabelecer uma base já que, caso o racha não ocorra, deixaria o governo exposto e sem maioria desde o primeiro mês de mandato.
Inicialmente, se imaginava que Rodrigo Busato faria esse papel assumindo as Relações Institucionais. Nos bastidores, todos afirmam que o vice eleito parece pronto para a função, além de carregar o sobrenome que lhe garante um aval político para as tratativas mais perenes. O anúncio de que Rossano terá esse papel indica que Airton quer a articulação dentro do seu gabinete.
A ver como funciona, na prática.