Ao ex-prefeito foi oferecida a presidência do novo partidão de direita no Estado e ele pediu alguns dias para pensar
Quando recebeu via Embratel o convite de ACM Neto para ser o novo presidente do União Brasil no Rio Grande do Sul, Luiz Carlos Busato não escondeu a surpresa. Era o alvo certo, no entanto. Dissidente de Roberto Jefferson e com a experiência de já ter comandado o PTB gaúcho por praticamente uma década, é o nome que a partido que nasceu da fusão entre DEM e PSL quer levar adiante seus planos para o RS.
Busato prometeu pensar.
Se aceitar, Busato volta imediatamente às mesas de negociação política que envolvem as candidaturas ao governo do Estado e à presidência da República no ano que vem. O União Brasil tem em Luiz Henrique Mandetta, o ex-ministro da Saúde que virou figura pop ao discordar frontalmente do presidente Jair Bolsonaro, a sua trinca de paus para disputar o Planalto – mas não há um nome resolvido para o Piratini. Onyx Lorenzoni, capitão do falecido DEM, deve sair assim que Bolsonaro decidir seu rumo partidário, levando consido boa parte dos democratas; do PSL, os nomes mais conhecidos não abrem mão de uma candidatura a deputado estadual ou federal – o que deixaria Busato com o caminho livre para estar ao lado do amigo e pré-candidato Ranolfo Vieira Jr., recentemente filiado ao PSDB de Eduardo Leite.
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Para os planos de concorrer a deputado federal ano que vem, a escolha pelo União Brasil precisa ser bem avaliada. Tanto PSL como DEM elegeram deputados federais com votações expressivas – o que certamente entra na matemática eleitoral do político que passou quatro anos como prefeito de Canoas e seis desde a última vez que pediu votos para ir a Brasília como congressista gaúcho.
No outro lado da balança, Busato tem um acordo praticamente fechado com o Republicanos – partido que vem namorando desde março, quando houve a crise com Roberto Jefferson e a implosão moral do PTB gaúcho. A resistência ao nome do ex-prefeito, que vinha especialmente de Beth Colombo, não existe mais: a ex-vice de Jairo Jorge já admitiu ao blog que "não se pode viver eternamente em 2016", deixando claro que não fará movimentos para impedir a chegada de Busato e sua turma no partido pelo qual ela tentará uma cadeira na Assembleia Legislativa no ano que vem.
Outro nó nessa escolha é a chance – grande, diga-se de passagem – de o União Brasil se tornar um 'saco de gatos' no Rio Grande do Sul. Parte do PSL é oposição a Bolsonaro e parte o apóia com unhas e dentes; o DEM que deve obediência a Onyx sai com ele até o final do ano; os que ficam podem dar a Busato uma eterna crise de identidade a ser resolvida – o que, convenhamos, o ex-prefeito não precisa.
Em todo caso, é uma proposta de se pensar.