Mudanças Climáticas

CANOAS | O sonho de Oskar Coester que vira tema de casa para líder mundiais na COP26

Oskar Coester nasceu em Pelotas, filho de imigrantes alemães. Inventor, requereu a patente do aeromóvel no final da década de 70. Foto: Divulgação

Aeromóvel movido como um 'barco a vela invertido' participa do estande brasileiro na conferência da ONU sobre mudanças climáticas na Escócia

Não foi Jairo Jorge, mas Hugo Lagranha, o primeiro prefeito de Canoas a imaginar que a cidade poderia ser atravessada de ponta a ponta por um veículo sustentável e de construção mais barata do que o metrô. E depois de um encontro com o empresário Oskar Coester, que já havia feito experimento na Avenida Loureiro da Silva, em Porto Alegre, nos anos 80, Canoas ganhou em 1992 o primeiro estudo sobre o transporte de passageiros em veículos sobre trilhos elevados e propulsão a ar – o aeromóvel.

 

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O mesmo sistema será apresentado no estande brasileiro na COP26, a Conferência das Nações Unidas para as Mudanças Climáticas, iniciada no domingo em Glasgow, na Escócia. Uma das metas do encontro é o endurecimento de regras contra a emissão de poluentes e CO² na atmosfera, o que implica na adoção de sistemas de transportes eficientes e, ao mesmo tempo, menos poluentes. É o caso do aeromóvel, que usa eletrecidade para movimentar os motores que impulsionam os veículos. Eles funcionam como uma espécie de 'barco a vela invertido': pás posicionadas abaixo dos veículos são literalmente empurradas pela força do deslocamento de ar produzido pelos motores – ventiladores industriais que geral energia suficiente para fazer os veículos subirem aclives de até 12% mesmo com a máxima lotação.

"Esse sistema tem uma dupla função. Como a pá fica para baixo, ela também garante a segurança do veículo, que não descarrila", conta Marcus Coester, filho de Oskar e CEO da Aeromóvel do Brasil, a empresa montada pelo pai no final da década de 70 e detentora da patente do sistema.

Marcus conta que de 1992 a 2013, foram feitos seis estudos para dotar a cidade de um aeromóvel. "O Lagranha foi o primeiro a procurar o meu pai para falar sobre isso", revela. Na época, 1992, se pensava em uma rota entre os bairros Mathias Velho e Guajuviras, semelhante ao que foi licitado em 2016 pelo prefeito Jairo Jorge – que é o projeto atual e mais adiantado de implementação do modelo na cidade. 

Esse projeto é o que está sendo formatado para virar uma PPP – parceria público-privada. O governo pretende encontrar investidores que assumam a execução das linhas em troca da exploração do serviço – e o que está sendo discutido lá em Glasgow, de certa forma, ajuda nisso.

Se o mundo procura por soluções de mobilidade eficientes ambiental e economicamente, o aeromóvel tem tudo para virar o 'tema de casa' para líderes mundiais nos debates na Escócia. É a etapa que falta para o modelo deixar de ser visto apenas como uma ligação entre modais – como no caso da linha que liga o aeroporto Salgado Filho à estação do Trensurb, em Porto Alegre -, ou um equipamento turístico, como em Jacarta, onde funciona em um parque público desde 1989.

O sonho de Oskar Coester, às vésperas de completar um ano de seu falecimento em 17 de novembro, está prestes a se impor diante do desafio globar de poluir menos para sobreviver mais.

 

 

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