O blog explica porque a campanha em Canoas parece que ‘não pega fogo’, como isso interessa aos prefeituráveis da vez e conta, em resumo, quem ‘venceu’ o debate na Gaúcha
Depois que José Luis Datena deu uma cadeirada no adversário Pablo Marçal ao vivo na TV, temo dizer que os debates por aqui não tenham o mesmo apelo do paulista. Na Gaúcha, só vimos cadeiras figurativas voando de lado a lado – concentradamente em Jairo Jorge (PSD), o prefeiturável eleito pelos demais como o alvo a ser batido.
Nesse ângulo, o político, há comentários necessários sobre o debate da manhã desta segunda, 16.
LEIA TAMBÉM
O primeiros deles é a inequívoca aproximação de Márcio Freitas (PSD) e Airton Souza (PL). Márcio foi o primeiro a perguntar e já saiu com a Copa Livre para cima de Jairo Jorge. Sobrou até para Beth Colombo (Republicanos), a quem Márcio chamou de ‘puxadinho de JJ’, pela proximidade que a candidata tinha com o prefeito que disputa a reeleição. Só não teve rally entre Márcio e Airton que, no final, até tiraram um foto juntos na sala em que as assessorias dos candidatos assistiram ao evento.
Beth e Jairo, aliás, é outro ponto que merece destaque sobre o debate. A candidata republicana tem adotado uma postura de enfrentamento ao ex-parceiro – basta conferir o tom das postagens em suas redes sociais. Já se imaginava que haveria um momento em que a ruptura política entre eles exigiria de Beth um posicionamento crítico ao governo e o debate deixou claro que este momento chegou.
O momento mais tenso do debate foi quando Jairo Jorge respondeu às críticas de Márcio Freitas informando sobre o episódio da prisão de um ex-assessor do candidato acusado por diversos crimes, inclusive homicídio. Ele foi pego em um comitê de campanha e Márcio limitou-se a dizer que não pede folha-corrida para quem vai até ele levar demandas da cidade “Mas o senhor chegou a indicá-lo como seu assessor”, replicou JJ.
Rodrigo Cebola (PSol) e Campiol (Novo) buscaram romper a barreira dos peso-pesados com discursos fortes sobre Saúde e Transporte Público. Num ‘momento lacração’, Campiol respondeu a uma provocação de Airton, que havia lhe perguntado se achava que Jairo Jorge merecia mais quatro anos de mandato. “Nem ele e nem vocês. Nem JJ e nem Airton”, disse o candidato do Novo. Ainda com Campiol, Beth teve outra chance de explicar que não é a dona da Sogal, como o adversário insiste em dizer. “É do meu cunhado, não minha. Nem eu nem meu marido não temos nada com a Sogal e vou, sim fazer a licitação do transporte quando for prefeita”.
Jairo aproveitou o debate para informar que as obras de elevação dos diques começam nesta segunda-feira, 16 – e inaugurar uma frase que deve repetir nessa reta final de primeiro turno, pelo menos: ‘enquanto os outros fazem discurso, eu já estou fazendo’. O papo cabe ao candidato à reeleição que, outra vez, chegou acompanhado de uma pastinha com o andamento de ações e propostas do governo.
Só prometeu não levar desaforo para casa.
Quem venceu o debate?
Ali pelos anos 90, quando a campanha era na vida real e não nas micro-telas das redes sociais, sempre que tinha debate surgia um panfleto feito muitas vezes na noite anterior dizendo que o ‘fulano venceu o debate’.
Naquela época, não se tinha estrutura para fazer materiais online e, portanto, todo o impresso era produzido antes mesmo de o debate acontecer – na noite anterior, muitas vezes. Nas redações dos jornais o papo ‘venceu o debate’ virou piada contumaz.
Lembro disso porque, de fato, não há um vencedor de debate algum. Vence quem lacra mais? Quem apanha menos? Ou quem faz as melhores propostas – não, duvido que seja isso.
No debate como na eleição, vence quem tem mais aderência com o eleitor e, dizendo isso, entro no assunto das pesquisas. O Seguinte: não fez pesquisa própria e, por isso, evito comentar as que são pagas pelos recursos dos candidatos. Mas a preservação entre Airton e Márcio indica que os ‘preferentes’ estão confortáveis com as chances de irem para o segundo turno como candidatos ou apoiando um parceiro.
De certa forma, isso explica a ‘campanha morna’ que se vê nas ruas. Na prática, para quem ponteia, a eleição que precisa ser vencida é a do segundo turno e a movimentação de agora se parece bastante a uma preliminar de luxo, uma volta classificatória para a corrida que vale o título.
Só que alguém vai ficar de fora.