BLOG DO RODRIGO BECKER

CANOAS | Projeto aprovado sobre deficiências irreversíveis revela o ‘bloco Márcio Freitas’ na Câmara; a pós-realidade da política

Agitasamba, Leandrinho e Márcio Freitas: desde o impeachment, vereadores atuam em bloco que autoriza a análise de que estarão juntos para 2024. Foto: Bruna Ourique/CMC

Vereadores propuseram projeto que estende validade de laudos médicos para pacientes com condições de saúde que não se alteram e podemos estar vendo o nascimento de um bloco político além de partidos na Câmara

O mérito do projeto, aprovado na terça, 10, é dispensar a recorrência de laudos para pacientes com as chamadas deficiências irreversíveis. Na prática, pessoas cuja doença ou condição permanecem inalteradas ao longo do tempo poderão usar o mesmo documento médico para diferentes serviços e benefícios que exigem comprovação de deficiência para concessão. “Estender a validade dos laudos médicos também contribuirá para a redução de filas de exames e emissão de atestados para aqueles que possuem deficiências irreversíveis. Isso é particularmente importante, considerando as demoras que muitas vezes ocorrem ao tentar obter um laudo médico por meio do sistema público de saúde”, defende a justificativa do projeto.

A proposta foi assinada pelos vereadores Márcio Freitas (Avante), Adriano Agitasamba (PL) e Leandrinho (PSD). E é exatamente sobre a unidade deles que este post se propõe a tratar.

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Márcio, Agitasamba e Leandrinho não são do mesmo partido, mas vem atuando como se um bloco fossem pelo menos desde a derrubada do impeachment do vice-prefeito, Nedy de Vargas Marques, na fatídica tarde de 6 de julho. Quando Márcio chegou ao plenário naquele dia com o requerimento que pedia o arquivamento da denúncia contra Nedy, os três já estavam fechado a favor de preservar o mandato do ‘homem dos 500 júris’, como o blog o chamou por conta da profissão de advogado criminalista e a condição de assumir a própria defesa política naquele episódio.

Estariam esperando a chegada de março e a janela do troca-troca para unirem-se em uma única legenda? Talvez, mas é provável que não. A hipótese que mais me convence tem a ver com 2024 e a vontade jamais escondida por Márcio de encarar as urnas em uma chapa majoritária. O desejo está perto do vereador mais votado da atual legislatura em pelo menos duas frentes – com Nedy e talvez sem ele.

O atual vice está praticamente acertado com o PL para filiar-se e lançar sua candidatura ao paço no ano que vem. O companheiro de chapa dos sonhos de Nedy é ninguém menos do que o próprio Márcio. Há um entendimento de que Nedy é o ‘homem do centro’ enquanto Márcio seria o ‘homem da vila’, como se diz no jargão político. Márcio é do Guajuviras, mas costuma empilhar votos também no Mathias Velho, onde a formação do bloco com Leandrinho contribuiria para alavancar as urnas para ambos. E o caso fecha com Agitasamba que está ‘fechando a porteira’ no Rio Branco, ficando ou não no PL pelo qual se elegeu em 2020.

A outra hipótese para Márcio seria uma candidatura própria – mesmo que, assim, as chances de eleição não fossem as mesmas. No bloco, no entanto, poderia atrair partidos ou vereadores isoladamente para desembarcarem do ‘campo majoritário’, como o blog vem chamando a aliança Jairo Jorge/Luiz Carlos Busato. 

Isto quer dizer que com JJ Márcio e o seu bloco não ficam? Não necessariamente. 

Nas discussões sobre a recomposição da base de apoio ao governo, os diálogos de cada um foram individuais. Márcio acertou sua entrada na base assim como Agitasamba, mas Leandrinho, embora do mesmo PSD de Jairo Jorge, ficou de fora. Há margem para uma retomada desta discussão, especialmente se o bloco dos três se impuser, mas parece certo que mesmo unidos poucas chances teriam de indicar um nome para para a chapa de JJ. Cada dia que passa mais certeza se tem que o nome do vice que irá às urnas com o atual prefeito seja do grupo político de Busato ou pelo menos com o ‘amém’ dele; não é o caso de Márcio – ou pelo menos não se vê gestos dele no sentido de uma aproximação com o deputado e ex-prefeito.

O projeto cuja iniciativa abre este post, como se sabe, tem um grande mérito, mas a missiva que teço na sequência me parece pertinente demais para não ser levada em conta. E a foto que a ilustra, guardem de memória: é o registro de que a unidade entre os três se fortalece para discutir seu papel em 2024, na consolidação do governo ou engrossando as fileiras da oposição.

Em março, me cobrem.

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