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CANOAS | Quarta abre a Semana Farroupilha que celebra o centenário da Revolução de 23; a política e a tradição dos lenços

Prefeito Jairo Jorge fez a entrega, no domingo, 10, do galpão da AETC que fica no Parque do Gaúcho, dentro do Eduardo Gomes. Foto: Gustavo Garbino/ECom PMC

Abertura do evento está marcado para 23h45 no Parque Eduardo Gomes que, no domingo, inaugurou a sede da AETC

A 29ª Semana Farroupilha de Canoas abre nesta quarta-feira, 13 – quase 14 -, no Parque Eduardo Gomes. Já tem gaudério e piquetes prontos por lá, mas as atividades da programação oficial só acontecem a partir de quarta. O acendimento da Chama Crioula está marcado para as 23h45 com a presença de autoridades municipais e representantes dos CTGs e piquetes de toda a cidade.

Este ano, a Semana Farroupilha de Canoas celebra os 100 anos da chamada Revolução de 1923, um movimento armado ocorrido no Rio Grande do Sul que opôs partidários do então presidente do Estado, Borges de Medeiros, e os correligionários aliados de Joaquim de Assis Brasil. Borgistas e Assisistas eram identificados pela cor de lenço de usavam no pescoço: os Ximangos, de branco, estavam com Medeiros e os Maragatos, de vermelho, com Assis Brasil.

Uma guerra que opôs-se à política

A coisa toda começou lá por 1921, quando Borges de Medeiros anuncia nova candidatura à presidência do Estado pelo Partido Republicano Rio-Grandense, o PRR, nas eleições que ocorreriam em 22. Herdeiro político de Júlio de Castilhos, que havia feito de próprio punho as regras da Constituição do Estado que permitia uma perpetuação no poder e ainda ensinou seus sucessores a garantir a vitória com infames fraudes, coação de eleitores e violência, Borges provocou com vara curta o opositor Assis Brasil, do Partido Federalista – os maragatos do lenço colorado.

A campanha mobilizou o Rio Grande e terminou com um clima tensamente belicoso. A disputa foi marcada pela prisão pela polícia do Estado – nossa briosa Brigada Militar – de assisistas da oposição. A vitória previsível de Borges de Medeiros foi a gota d’água que pôs em armas a tenência os descontentes de todo gênero, especialmente em razão da crise financeira vivida pelo Estado e que colocava a elite latifundiária em posições econômicas delicadas. Borges vivia um período de isolamento político também em virtude da eleição de um novo presidente da República, o mineiro Artur Bernardes, também republicano, mas que anos mais tarde formaria o primeiro partido nacional a partir de uma espécie de federação reunindo correligionários dos Estados do Centro-Oeste e Nordeste, sem o Rio Grande do Sul.

O isolamento, a crise e as condições da eleição de 22 motivaram o grito de ‘chega’ dado contra os ximangos a 25 de janeiro de 1923. O conflito rebentou primeiro em Passo Fundo e Palmeira das Missões e nem chegou a Porto Alegre. Os adeptos de Assis Brasil perceberam logo que um eventual apoio federal não viria e não tinham, sozinhos, condições de enfrentar as forças governistas mobilizadas por Borges de Medeiros. A maior vitória dos maragatos foi a tomada de Pelotas, em 29 de outubro. A intentona, no entanto, durou não mais do que seis horas. Diante de tropas numericamente superiores, os invasores se retiraram antes que sangue fosse derrabado em batalha.

A paz foi selada em dezembro de 1923 no ato que ficou conhecido como o Pacto das Pedras Altas, residência de Assis Brasil. Pelo acordo, a reeleição foi abolida da Constituição do Estado, mas Borges pode concluir seu mandato até 1928. Seu sucessor, de lenço branco, foi ninguém menos do que Getúlio Vargas – o mesmo que dois anos depois provocaria o poder central com a marcha que pôs fim à Velha República.

E Canoas com isso…

Qualquer semelhança com a realidade dos dias atuais não é mera coincidência. A política gaúcha como um todo e a de Canoas no particular se parece muito com uma eterna Revolução de 1923. Sempre há maragatos contra ximangos onde quer que exista uma disputa pela política – sejam eles quem forem num determinado recorte da História.

Vale lembrar que o historiador gaúcho Antônio Augusto Fagundes montava os acontecimentos de 23 como o fim de uma trilogia de conflitos em terras meridionais que começou com a Revolução Farroupilha em 1835 e passou pela Federalista de 1893 – conhecida nos livros e na cultura popular como a Guerra das Degolas.

Quem estaria disposto a perder o pescoço por aqui por 2024?

AETC agora tem sede no Parque do Gaúcho

Na noite de domingo, 10, a Associação das Entidades Tradicionalistas de Canoas (AETC) recebeu das mãos do prefeito Jairo Jorge as chaves da sede própria no Parque do Gaúcho, dentro do Parque Eduardo Gomes. A sede foi construída com o apoio de mão de obra de voluntários e doações de materiais. A área de uso da AETC tem 375 metros quadrados e foi disponibilizada pela Prefeitura de Canoas.

Já os materiais chegaram à entidade por meio de uma contrapartida da Tenda Negócios Imobiliários S/A, responsável pela implantação do empreendimento Condomínio Residencial Floratta, no bairro Mato Grande. A medida se deu através de um acordo mitigatório no valor de R$ 236 mil estabelecido na Certidão de Viabilidade Urbanística do Floratta.

A entrega da obra pode ser conferida na imagem que ilustra estre post.

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