Encontro do prefeito eleito e do vice com o secretário do Governo Lula para Reconstrução do RS quer dar fim à boataria do ‘para tudo’ em janeiro do ano que vem
Airton Souza (PL) fez política, hoje — e na mais nobre das concepções. É a leitura que faço da foto que circulou por veículos de comunicação e redes sociais nesta segunda, 18.
Prefeito eleito e seu vice, Rodrigo Busato (UB), estiveram reunidos com Maneco Hassen, ex-prefeito de Taquari e ‘número 1’ do Governo Lula para a Reconstrução do RS. É ele que faz a ponte aérea Porto Alegre-Brasília levando demandas ao orçamento da União a respeito do que a enchente levou, literalmente, por água abaixo.
“É extremamente importante deixarmos claro que o diálogo sempre existirá. Já estamos trabalhando neste momento para nos inteirarmos da situação dos recursos, repasses e andamentos”, explica o prefeito eleito. Já para seu vice, “a eleição já terminou e agora é o momento de pensarmos na cidade e na população. O andamento destas obras é mais do que uma promessa de campanha, é nossa prioridade absoluta”.
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O encontro de Airton com Maneco não é exatamente uma ‘garantia’ de que os recursos não vão rarear daqui para frente — isso só o Lula, em pessoa, pode dar o amém. Mas era um gesto necessário, especialmente no contexto político em que vivemos: Airton quer, ao seu lado, o símbolo de que não faltará diálogo com quem puder estender a mão a Canoas — mesmo que, neste momento, esta mão seja a de Lula.
A vitória nas urnas deu a Airton a legitimidade para bater à porta de quem quer que seja, mas o desafio dele não será menor por conta disso. Suceder Jairo Jorge, um reconhecido tocador de obras, exigirá uma ação rápida e eficiente para manter o ritmo de avanços o alteamento dos diques, por exemplo, que é uma obra que passará sob o espólio de um governo ao outro. Especialmente porque Airton e Rodrigo não terão, reputo eu, a tradicional trégua dada às novas gestões; com a crise batendo enferrujando metade da cidade que ficou embaixo d’água em maio, todo tempo de espera é tempo perdido.
Enfim, vejo a imagem de Airton e Rodrigo com Maneco como um exemplo ‘do prefeito fazendo política’, mas volto a dizer: é uma boa política. Se fizer às vezes do ‘tô nem aí’ para o Governo Federal Airton corre o risco de cuspir no prato que comeu — o mesmo que lhe deu os votos para ser prefeito da cidade pela primeira vez.