Com queda de 47% dos usuários em relação a 2019, transporte metropolitano só não parou porque recebeu subsídio em 2020 e 2021; Estado quer plano que envolve baldiação e rotas menores
Agostinho Meireles, o número 1 do governador Eduardo Leite, secretário de Apoio à Gestão Administrativa e recém filiado ao PSD discutiu nesta quarta-feira com deputados estaduais um plano para tirar da UTI o transporte metropolitano. Não é segredo que o sistema tomou um tombo duplo nos últimos anos com a chegada da pandemia e, antes dela, com a concorrências dos motoristas de aplicativo. Resultado: só 53% dos usuários de 2019 seguem nos ônibus de 2022 – cota insuficiente para bancar a alta despesa do sistema.
Conforme o estado apresentado por Agostinho, havia 900 linhas, 2.500 itinerários e 320 mil passageiros por dia em 2019. Em dezembro de 2021, os números reduziram para 441 linhas, 1.250 itinerários e 172 mil passageiros por dia.
A ideia do Estado é integrar totalmente o sistema metropolitano aos sistemas municipais. Trocando em miúdos, vem aí uma 'baldeação': quem vem de ônibus de Porto Alegre, por exemplo, desce em um ponto e pega outro ônibus, da Sogal, para chegar aos bairros. Não é uma saída que os usuários possam comemorar de satisfação, mas ainda assim, é uma saída: do jeito que está, caminha para o colapso se não for sustentado com dinheiro público – outra medida altamente controversa.
Na prática, a integração funciona como o trem, hoje. Quem desce no Centro, pega um ônibus para ir ao bairro. A linha que vai a Estância Velha, por exemplo, ficaria pela Getúlio Vargas; dali, o passageiro pega o L2 ou L5, para seguir no mesmo exemplo.
Se a solução vier acompanhada de tarifas mais baratas e ônibus melhores, com redução de tempo de espera nas paradas como promete o secretário Agostinho, pode funcionar. Só não pode ser mais uma empurrada de barriga no problema: quem anda de ônibus paga um pênalti diário num sistema atrasado e ineficiente; se tiver que trocar de um ônibus ruim para outro pior para ficar bom só para as empresas vai parecer deboche.