Crise do coronavírus

CANOAS | Se não está apavorado, está mal informado: Lisca compreende melhor o problema do que nós

Técnico do América, Lisca lembra que a pandemia tem feito vítimas e não é hora para arrefecer os cuidados. Foto: Reprodução

40% dos canoenses sobre um leito de UTI tem entre 20 e 45 anos:  a Covid do Carnaval segue atravessando o samba por aqui

Fechamos a primeira semana sob o regime da bandeira preta no Estado, os hospitais seguem lotados, batemos recordes de mortes pelo país e, mesmo assim, a voz popular mais sensata que ouvimos é a pitoresco técnico do América de Minas, o Lisca, conhecido entre os gaúchos pela fama de 'doido'. "Estamos apavorados", disse ele, em uma entrevista, questionado sobre o calendário da Copa do Brasil que põe 'para lá e para cá' aviões com 30 atletas cada um para disputa de uma partida de futebol.

 

São testados, todos eles, dirá um; e são. Mas qual a mensagem que passa? A de que podemos. 

Espalhamos o vírus achando que 'não dá nada' e, enquanto ninguém está olhando, a máscara fica só pendurada na orelha. Ou pior: no queixo. O álcool em gel que faltou e encareceu nas prateleiras de supermercado há um ano hoje vende só quando está em promoção. Nossa percepção de que nada disso é conosco só se abala quando temos a notícia de que um vizinho, um amigo ou conhecido, às vezes um parente, está em luta pela vida sobre a cama de um hospital. 

 

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Atravessando o centro de Canoas hoje, vi muita gente sem máscara. E as cortinas de um monte de lojas abaixadas para lembrar que quando a gente prefere aglomerar, outros pagam um preço. A vida e o trabalho só fazem essa disputa quando nos esquecemos que parte desse problema nos cabe. Cobrar atitudes de governo, do presidente ao prefeito, do governador ao vereador, não pode nos eximir da atitude solidária, do ato embrionário da transformação que é, hoje em dia, ficar em casa, higienizar as mãos e só sair por necessidade, usando máscara. 

Vamos chegar a 700 mortes em Canoas daqui a uns dias, talvez até essa semana. A taxa de mortalidade na UTI beira os 60%, o que indica que 6 em cada 10 não terão uma história com final de feliz para contar em família. E outros 25% dos que se recuperarem terão sequelas crueis depois de deixar o hospitais – fatais, em alguns casos, tamanho o comprometimento do organismo com o combate ao vírus que, lembro mais uma vez, não tem tratamento.

Dados da Secretaria de Saúde de Canoas indicam que 40% dos ocupantes da UTI esta semana são jovens entre 20 e 45 anos. Seria mais fácil dizer que são os que aproveitaram o carnaval para fazer festa, mas certamente não são todos. Parte deles foram contaminados indo para o trabalho, buscando algo no supermercado, indo à farmácia em nome de um familiar mais idoso que precisava ficar em casa. Em razão da aglomeração de uns, todos pagam.

Quem não está apavorado com tudo isso, está mal informado. 
 

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