O ocaso de uma gigante

CANOAS | Vicasa encerra operações: trabalhadores serão demitidos; ônibus já não circulam nesta quinta-feira

Em audiência na Justiça do Trabalho, Vicasa afirma que não tem como pagar salário dos funcionários e decide encerrar atividades

Acabou por volta das 18h45 a audiência da Justiça do Trabalho que tratava do caso Vicasa e solução não agrada nem passageiros, nem trabalhadores

Amanhã cedo, não conte com os ônibus da Vicasa para chegar a Porto Alegre. Em audiência na tarde desta quarta-feira, 7, representantes da empresa voltaram a dizer à Justiça do Trabalho que não há recursos disponíveis para quitar salários atrasados nem os acordos dos demitidos no primeiro ano da pandemia. E como motoristas e cobradores reafirmaram que não vão mais às ruas sem o pagamento do que a Vicasa lhes deve, o impasse foi instalado.

 

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Ao fim da reunião, que contou com a participação da Metroplan, a empresa informou que vai demitir os cerca de 100 funcionários que ainda mantém e entregar os contratos de concessão do transporte intermunicipal ao Estado. Conversas já acontecem tanto no âmbito da Metroplan quanto entre as empresas para que a Transcal, que já assumiu parte dos itinerários da Vicasa em maio, assuma o restante das linhas já a partir desta quinta-feira, 8.

De acordo com o Sindicato dos Rodoviários Metropolitano, que abrange os profissionais das linhas intermunicipais, a empresa deve cerca de R$ 640 mil aos trabalhadores da ativa referente aos pagamentos dos meses de maio e junho. Outros 200 ex-funcionários que aderiram ao programa de demissões em 2020 estão com duas parcelas do acordo em atraso, também sem perspectiva de acerto.

Pelas contas do Sindicato, a Vicasa tinha aproximadamente 400 funcionários no final de 2019, o último momento de funcionamento pleno da empresa antes da chegada do coronavírus. De lá para cá, com a crescente 'uberização' dos deslocamentos da cidade e as restrições impostas pelo combate à pandemia, o faturamento do serviço só caiu.

Mais recentemente, a Vicasa ainda viu o endurecimento da Prefeitura em relação à Sogal surtir efeitos em suas próprias contas. O governo municipal instalou uma Junta Governativa na empresa que atende o município e exige a separação completa entre Sogal e Vicasa, o que teria aumentado rapidamente os custos operacionais da segunda empresa.

Diante do quadro e prestes a perder definitivamente a concessão, a Vicasa teria tomado a dianteira e informado a Metroplan sobre a intenção de abandonar o serviço. Quem conhece o transporte coletivo na região sabe que Vicasa, Sogal e Transcal são empresas que pertencem ao mesmo grupo familiar, geridas de forma 'semi-autônoma': cada uma tem a sua diretoria, mas todas respondem a um conselho informal na qual tem acento os membros mais antigos das famílias Biazus e Casagrande.

Se a Vicasa de fato fechar as portas e a Transcal herdar suas linhas, a pergunta que ainda não tem resposta vai se impor no horizonte: quem pagará essa conta? 

Trabalhadores do transporte e passageiros desassistidos, infelizmente, viraram uma triste rotina.

Confira, a seguir, a nota do Sindicato dos Rodoviários Metropolitano sobre a audiência desta tarde na Jusitiça do Trabalho sobre o caso Vicasa:

 

NOTA PARA IMPRENSA

O SINDICATO DOS TRABALHADORES EM EMPRESAS DE TRANSPORTES RODOVIÁRIOS INTERMUNICIPAIS, DE TURISMO E DE FRETAMENTO DA REGIÃO METROPOLITANA – SINDIMETROPOLITANO, com sede em Gravataí, na Dr. Dorival Cândido Luz de Oliveira, 5245, conjunto 201, Bairro São Vicente, CEP 94.060-001, vêm através desta nota informar e comunicar a imprensa o que segue:

O sindicato representa os trabalhadores rodoviários da região metropolitana, entre eles os da empresa VICASA – VIAÇÃO CANOENSE S.A. de Canoas.

Até julho de 2020 a empresa mantinha em seus quadros em torno de 400 empregados.

A crise no setor de transporte, já vêm de tempos, porém a pandemia arrasou economicamente o sistema.

A partir de julho de 2020, houveram mais de 200 demissões, com intermédio da Justiça do Trabalho e Ministério Público do Trabalho, todas de forma parcelada na empresa VICASA.

Ocorre que hoje ainda restam 100 trabalhadores em seu quando funcional e estes estão há mais de 60 dias com atraso no salário e benefícios, como cesto básico e vale alimentação.

Há 30 dias, o sindicato, tem participado de mediações perante o Tribunal do Trabalho da 4ª Região, com a participação do Estado do Rio Grande do Sul, na tentativa de buscar uma solução.

Na data de hoje, 07.07.2021, que encerrou as 18:45hs, houve mais uma mediação no Tribunal, que restou frustrada, pelo fato da empresa ter comunicado que não tem recursos para o pagamento dos salários em atraso o que irá ocasionar paralização do serviço, pelos trabalhadores, a  partir do dia 08.07.2021, de forma legal, pois, a categoria mantém estado de greve há quase 1 mês, desde o início das mediações.

Os trabalhadores terão que buscar à justiça do trabalho para cobrarem, salários atrasados, direitos rescisórios, como rescisão de contrato e FGTS.

Outro fato a ser informado para imprensa é que houveram em torno de 1.500 demissões na categoria de julho de 2020 até esta data, e por conta disto o sindicato está preocupado com o rumo que a crise está impondo, em demissões e a quebra das empresas.

Gravataí, 07 de julho de 2021.

Alessandro Machado Araújo | Secretário Geral do SINDIMETROPOLITANO

Wilson Gonçalves de Oliveira Neto | Advogado OAB/RS 58.398

 

 

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