Primeiros dias do 16º mês da pandemia tem o menor nível de ocupação hospitalar, mas terceira onda não pode ser descartada
Aos poucos, a rede de hospitais de Canoas começa a respirar após 16 meses de um intenso e desgastante ritmo pandêmico. Em julho, provavelmente viramos a curva e estamos mais perto do fim da pandemia do que da temida terceira onda – embora a sombra de uma íngrime subida dos casos ainda não possa ser totalmente descartada.
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Minha avaliação se baseia em números. Os índices de ocupação hospitalar e nas UTIs da cidade literalmente despencaram em julho. De acordo com o boletim epidemiológico distribuído no dia 11, os leitos para tratamento intensivo de doentes positivados tiveram, naquele dia, uma ocupação de 39,32% – e sobram 34 dos 117 leitos criados para este fim. É a primeira vez desde maio do ano passado que a taxa de ocupação das UTIs fica abaixo de 40% e tem oscilado entre 40% e 45% todos os dias, com uma queda acentuada nas últimas duas semanas.
Há um mês, por exemplo, em 12 de junho, a UTIs/Covid registravam uma taxa de ocupação de 88,3%. Naquele dia, haviam apenas 6 leitos disponíveis para novos casos – temos 34, agora. Maio fechou com números parecidos: a ocupação da UTI, no dia 31, era de 83,32%.
Na virada de junho para julho, a melhora começa a ser percebida. No dia 2 de julho, por exemplo, a taxa de ocupação das UTIs/Covid era de 53,85%. Neste dia, foram registrados, ainda, 82 novos casos de covid-19 em Canoas com quatro óbitos, enquanto em 12 de junho fora 120 novos casos e oito óbitos.
Em parte, essa queda na ocupação hospitalar se explica pelo avanço da vacinação e pela imunidade que os recuperados da doença preservam, por um tempo. Canoas se aproxima nestes primeiros 13 dias de julho de 213 mil doses de vacina contra a Covid-19 já aplicadas, sendo 154.346 em primeira dose. Juntando com as 8.224 pessoas que tomaram o imunizante da Janssen, de dose única, temos praticamente 44% da população à caminho da imunidade.
O que preocupa a respeito de uma terceira onda é o avanço das variantes de alto contágio e uma incerteza sobre a proteção da vacina contra todas as mutações. Até que os estudos se aprofudem e respostas mais alentadoras sejam oferecidas a todos, nada de baixar a guarda nos cuidados. Mesmo quem teve o novo coronavírus recentemente ou já tomou a vacina deve manter o uso de máscara, higienizar as mãos e respeitar o distanciamento entre pessoas, especialmente em locais de grande concentração como as estações do trem e os paradões de ônibus.
Se os números indicam que estamos superando a pandemia, não é agora que vamos relaxar.