Por estes dias, no final da tarde, eu estava retornando para Gravataí, vindo de Porto Alegre pela Freeway, quando me chamou a atenção o número de pessoas que ficam à beira da estrada pedindo carona neste período em que muitas pessoas estão em férias.
Além do tradicional gesto com o polegar, alguns exercitam a criatividade, mostrando cartazes indicando o destino onde querem chegar.
Depois fiquei pensando o quanto é arriscado, nos tempos atuais, dar e conseguir uma carona. É perigoso tanto para quem oferece carona, pois não sabe quem é o desconhecido que está entrando no seu carro, correndo o risco de ser assaltado ou coisa pior, quanto para quem pega carona, pois também pode ficar a mercê de um motorista imprudente, que venha a provocar algum acidente.
Ambos podem ficar sujeitos a alguns dissabores durante a viagem.
Pensando bem, é muita coragem, pois o pacto de confiança é definido em poucos segundos, quando o carro para e o motorista e o caroneiro têm tempo apenas para trocar um rápido olhar e umas poucas palavras.
Ao embarcar, ambos se lançam a uma aventura na qual nenhum dos dois sabe ao certo qual será o final.
E, você, caro leitor, daria carona a um desconhecido nos dias de hoje?
Falando um pouco sobre política, é bem provável que as eleições para a presidência do Senado e da Câmara Federal que ocorreram na semana que passou em nada irão afetar as nossas vidas.
Pelo menos, de imediato.
Este assunto teve alguma repercussão na mídia por alguns dias pela importância dos cargos na estrutura da República, e foi isso.
Sim, porque, fora algumas mordomias bem interessantes (desculpem… mas acho que mordomias desinteressantes não existem), algumas ações de plenário com relação à pauta de votações e encaminhamento de projetos, o cargo é tão cobiçado por ser o segundo na linha de sucessão da Presidência da República.
É ainda mais no momento atual em que a figura do vice-presidente passou a não existir em função dos desdobramentos que todos acompanhamos no ano que passou.
Isto até pode trazer alguma visibilidade temporária, mas todo mundo sabe que é apenas decorativo, pois, nunca se viu algum interino alterar, modificar, substituir ou mesmo promulgar alguma coisa de grande significado, impacto ou importância.
E, dificilmente, este quadro irá se alterar nos próximos 100 anos, pelo menos.
O que mais chama a atenção neste episódio todo é a forma como as coisas continuam sendo conduzidas. Cada vez mais, os conchavos, os interesses pessoais, as barganhas, as vantagens são utilizadas em troca por voto.
Mais do mesmo! Um péssimo exemplo como sempre.
O que nos deixa profundamente preocupados é a falta de perspectiva de que isto poderá mudar. Os candidatos, sem convencer a eles próprios, ressaltam nas entrevistas, discursos e pronunciamentos que o Congresso, a partir desta eleição, irá viver uma nova fase, respirar novos ares, e blá, blá, blá…
Com esquema de sempre acontecendo nos bastidores, pode-se sentir, isto sim, o mesmo cheiro de coisa podre no ar impregnando a tudo e a todos. A coisa está entranhada mesmo. Cultura definitivamente consolidada!
Só nos resta lamentar.
Para refletir…
"Somos o que fazemos, mas somos, principalmente, o que fazemos para mudar o que somos".