Mais do que um nome em uma estatística trágica, Maria Eduarda Duarte Costa, de 21 anos, assassinada no sábado (24) em sua casa no bairro Imperial, em Gravataí, ganhou voz e rosto por meio de uma carta aberta escrita por sua tia, Elenara Duarte. Publicada nas redes sociais na terça-feira (27), no mesmo dia em que ex-companheiro da vítima foi preso em Goiânia (GO) como principal suspeito do feminicídio, a mensagem virou um símbolo de luta contra a violência de gênero.
“Oi… aqui é a Duda. Talvez você me conheça como Maria Eduarda Duarte Costa. Mas se você já dividiu um sorriso (…) você sabe: eu era feita de amor”, começa o texto, que descreve a jovem como alguém que “amava com tudo” e tinha “pressa de viver”. A carta — assinada simbolicamente pela própria vítima — detalha pequenas conquistas, como tirar a habilitação de moto (“MÃE, EU CONSEGUI!”), seu amor por animais e seu desejo de “estudar, trabalhar, crescer”.
O crime e a investigação
Maria Eduarda foi encontrada morta pela proprietária do imóvel que alugava na Parada 103. Segundo o delegado Mário Souza, diretor do Departamento de Homicídios, a perícia confirmou morte por asfixia: ela estava com um tecido comprimido na boca e um travesseiro sobre o rosto.
Conforme reportagem de Humberto Trezzi em GZH, as investigações apontam que o crime foi motivado por ciúmes. Testemunhas relataram que Maria Eduarda havia rompido o relacionamento e expressado vontade de não reatá-lo. Na noite de sexta-feira (23), ela combinou de sair com amigos, mas não apareceu — o que gerou alerta.
O suspeito (cujo nome não foi divulgado) tornou-se alvo ao desaparecer e desativar redes sociais após o crime. Testemunhas o viram saindo da casa da vítima na manhã de sábado. Como feminicídio, o caso deve ser encaminhado à Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam). Se confirmado, será o primeiro feminicídio de 2025 em Gravataí.
O grito que ecoa
A carta aberta transforma dor em apelo: “Fui assassinada. Não tive chance de me defender. Fui vítima de um ato brutal, covarde, cometido por quem dizia me amar”. E conclui com um chamado à ação: “Não se cale por mim. (…) Minha família está de luto, mas também de pé. Justiça por Maria Eduarda Duarte Costa”.
Enquanto a polícia aguarda conclusões periciais e reforça pedidos por informações, a hashtag #JustiçaPorMariaEduardaDuarteCosta está nas redes, carregando o legado de quem, nas palavras da carta, “onde passava, deixava um rastro de gentileza”.
Como denunciar
: A Polícia Civil pede que testemunhas ou quem tiver informações ligue para 181 (Disque Denúncia).
: Casos de violência contra a mulher podem ser denunciados no 180 (Central de Atendimento à Mulher).






