O Ministério Público vai apurar suposta improbidade administrativa do presidente Rafael Schonardie Schmidt (MDB), o 'Alemão Schmidt', a partir de denúncias de uso da Câmara de Glorinha para captar investidores em negócios com moedas virtuais relacionados à Unick, empresa investigada pela Polícia Federal na Operação Lamanai por suspeitas de fraude financeira conhecida por 'pirâmide'.
A promotora Carolina Barth Loureiro Ingracio confirmou ao Seguinte: nesta segunda-feira a instauração do procedimento eletrônico nº 00783.000.119/2019.
A mesma denúncia também foi feita dia 10 de outubro à Polícia Civil. A Delegacia Regional Metropolitana (DRM) enviou o caso para a Divisão Anti-Corrupção do Departamento de Investigações Criminais (Deic), que, conforme o delegado Marcos Viafore disse também nesta segunda à reportagem, já encaminhou a documentação para a PF.
Nas denúncias, o vereador, cujo nome é grafado errado, é acusado de inclusive elaborar contratos financeiros e utilizar assessores para fins pessoais, “comprovação que", recomendam os denunciantes, "pode ser feita no sistema de monitoramento dos computadores da Câmara”.
Entre os documentos entregues ao MP e à PC, agora com a PF, há print do Instagram onde ‘Alemão Schmidt’ é parabenizado por receber uma viagem para Porto de Galinhas por atingir a ‘categoria ouro’ da Unick.
Procurado pelo Seguinte:, o político primeiro comentou ao celular, referindo-se ao caso que tratei nos artigos Prefeito revoga ’gratificação da cassação’; deixa vereadora mal, Dr. Golpeachment defende vereadora da cassação; ’golpezinho fajuto’ e Câmara abre processo que pode cassar vereadora:
– Imaginei que fariam algo após abrirmos comissão para cassar uma vereadora e que poderia levar a um impeachment.
E logo pediu que perguntas fossem enviadas pelo WhatsApp.
Na resposta foi econômico: optou por não responder diretamente as denúncias de uso da Câmara, nem se convidou pessoas a participar, ou mesmo foi lesado pelo suposto esquema da Unick.
– Não estou sabendo de denúncia alguma, por enquanto.
Analiso.
Sobre a improbidade, que poderia levar a uma cassação do vereador, nem Ministério Público, nem Polícia Civil revelam nomes de denunciantes, por isso não foi possível entrevistá-los. Podem ser anônimos, inclusive. Mas será fácil, em uma perícia, comprovar se equipamentos da Câmara foram usado irregularmente.
Sobre envolvidos no suposto golpe financeiro da Unick, empresa que, conforme os investigadores chegava a captar R$ 40 milhões por dia, é preciso esperar a Polícia Federal investigar, o Ministério Público denunciar e a Justiça condenar, como manda o devido processo legal, que muito só gostam quando são os próprios enrolados.
Há quem tenha perdido mais de R$ 300 mil, seduzido por lucros exorbitantes, em torno de 15% ao mês, além de um lucro extra de 5% a cada nova pessoa trazida para a ‘pirâmide’ na aplicação de dinheiro ‘criptomoedas', algo que sequer possui regulamentação na legislação brasileira.
Como sempre lembro, não sou jornalista caça-cliques, daqueles que exploram o mau humor do eleitor e permitem aos políticos apenas a presunção de culpa. E muito menos adepto a diatribes de discurso, como faz algumas vezes o próprio Alemão, uma espécie de ‘Bolsonaro da Glorinha’, que se associa aos que gostam de postar ‘CPF cancelado’ e ‘bandido bom é bandido morto’.
Até ter culpa provada, para mim o político, ou quem quer que seja, é inocente. Ainda mais a partir de denúncia anônima. Não serei eu a pendurá-lo na figueira.