O Sindicato dos Centros de Habilitação de Condutores Auto e Moto Escola do Estado do Rio Grande do Sul (SindiCFC) manifestou preocupação diante da proposta do ministro dos Transportes, Renan Filho, que avalia acabar com a exigência de autoescola para a obtenção da primeira Carteira Nacional de Habilitação (CNH).
Segundo o sindicato, a medida representaria um retrocesso na segurança viária, em um país que já registra anualmente mais de 30 mil mortes no trânsito e cerca de 150 mil pessoas com sequelas graves.
O presidente do SindiCFC e do Instituto Zero Acidente, Vilnei Sessim, lembrou que, décadas atrás, era possível aprender a dirigir com familiares ou amigos, mas o contexto era outro.
“O trânsito era completamente diferente do atual. A frota era menor, os veículos tinham menor potência e havia mais tradição de respeito no trânsito urbano. Hoje, lidamos com ruas e estradas intensamente movimentadas e veículos de alta tecnologia”, destacou.
Para Sessim, a formação nas autoescolas é essencial para preparar novos condutores dentro de um processo pedagógico estruturado.
“O aluno recebe orientações corretas, aprende limites, noções teóricas e práticas ministradas por profissionais capacitados. Se mesmo com essa formação ainda enfrentamos problemas, sem ela a tendência é de piora”, afirmou.
Debate sobre custos
O ministro justificou a proposta alegando que o custo da primeira CNH é elevado. O SindiCFC, porém, rebate esse argumento.
“O que um CFC cobra é o preço justo e correto. Se o governo quiser reduzir esse encargo ao cidadão, podemos discutir alternativas, como rever as taxas públicas que são repassadas diretamente pelos Centros de Formação”, disse Sessim.
Outro ponto levantado é o risco de desemprego para cerca de 9 mil trabalhadores que atuam nos CFCs do Rio Grande do Sul.
“Em um momento de dificuldades econômicas, retirar mais pessoas do mercado de trabalho seria uma consequência social grave e injustificável”, alertou o presidente.
Sessim também enfatizou que a medida não resolveria a questão financeira de quem precisa da CNH para trabalhar.
“Pelo contrário, aumentaria o número de habilitados sem preparo adequado, elevando o risco de acidentes. Já temos o programa CNH Social, que ampliou o acesso a pessoas de baixa renda. Podemos discutir novas soluções para reduzir custos, mas jamais abrir mão da formação teórica e prática para uma atividade de alto risco.”
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