Achei deselegante politicamente com Bombeiro Batista, vereador de seu partido, o secretário estadual de Habitação e Regularização Fundiária (Sehab) e presidente estadual do Republicanos, Carlos Gomes, ter trazido a Gravataí a deputada estadual Eliana Bayer, para acompanhar o governador Eduardo Leite (PSDB) na entrega de 31 títulos de posse a moradores do Xará.
Acontece que o vereador, mais votado pela segunda eleição consecutiva, quer concorrer à Assembleia Legislativa em 2026. E é, pelo mais sagrado da política, o voto, a estrela do partido em Gravataí. Deveria ter sido mais valorizado por seu presidente estadual, principalmente por ser uma agenda que, junto ao governador, arrasta ampla cobertura da mídia.
A política tem seus ritos.
Os mais leigos na política nem imaginam o estresse que causa o protocolo em cerimônias públicas.
Para os políticos, o lugar de sentar, o direito à fala e a prioridade ou citação pelo chefe da vez, por vezes importam mais do que a entrega feita à sociedade no ato.
Justiça seja feita. Acompanhei a cerimônia desta quarta-feira no auditório da Prefeitura e não ouvi nenhuma reclamação de Bombeiro ou de seus assessores.
Pelo contrário, o vereador que recentemente recebeu Carlos Gomes, em sua casa, para confraternização com filiados, prestigiou a cerimônia, se posicionou para as fotos e postou em suas redes e páginas associadas.
A crítica que faço a Carlos Gomes é por, além de não ter dado o que seria um politicamente justo protagonismo a Bombeiro, seu anfitrião partidário em Gravataí, ter trazido uma concorrente ‘estrangeira’ ao município.
– Estou aqui porque meu chefe mandou, governador – disse a própria deputada, no discurso em público, explicando o motivo de ali estar, e apontando para Carlos Gomes.
Não tenho informações suficientes para dizer se é o caso de Eliana Bayer, mas costumo brincar que há deputados que fazem votos em Gravataí e só conhecem a cidade ao passar pela Freeway para ir para a praia.
Bombeiro talvez perceba que o Republicanos tem uma característica própria: é um partido desde sempre com comando evangélico. Carlos Gomes e Eliana Bayer são evangélicos. Ele, Bombeiro, não. Ainda, ao menos.
Ao fim, entendo que Bombeiro merecia mais, mesmo tendo sido convidado a acompanhar Carlos Gomes todo tempo, inclusive nas reuniões de bastidores, com Leite e o prefeito Luiz Zaffalon (PSDB).
Reputo faltou a ‘bênção’ pública.
Lembro mais uma vez: Bombeiro é, pela segunda eleição consecutiva, o vereador mais votado na quarta economia do Rio Grande do Sul.
Seu desejo de subir na escada Magirus da política e ser candidato a deputado deveria ser respeitado. Pelo poderoso chefão de seu partido, ao menos.
Talvez, e aí só estou supondo, falte Bombeiro dar uma entrevista, que vale como um compromisso público, dizendo: sou candidato!
Aí, talvez mude o protocolo.
Assista ao vídeo produzido pela SEGUINTE TV no ato na Prefeitura