É meu parça, o cheiro é a inscrição do ato
A marca d’água do assassinato
A habitação do deus homem
Que não salvou ninguém
É meu parça, o cheiro que vem do bueiro
É meu, é teu
De quem amamos
De quem odiamos por ser zoeiro
É meu parça, o cheiro do pão
O cheiro da massa
Nesse impulso violento de fome
Que eclipsa a comunhão
É meu parça, o cheiro de alto primor
Do teu primeiro amor
Que lhe deu a chama que fecunda vida
E na noite revida
Com a saudade e o horror
É meu parça, o cheiro do cigarro
Que o faz fumar mesmo
Que não o fume
Mas
De que céu veio a cor do escarro
E quem nos matou de perfume?