RAFAEL MARTINELLI

Ciclone foi uma das maiores catástrofes da história de Gravataí: prefeito Zaffa faz o que pode, comunidade faz ainda mais; O rio que corre contra o oportunismo político

Ao menos na memória dos vivos, Gravataí vive a maior catástrofe da sua história, no rastro do ciclone extratropical que, além de uma vida perdida, fez com que mais de 8 mil pessoas tivessem prejuízos pessoais, 2 em cada 10 moradias sigam sem luz e/ou água e seja necessário mais de R$ 5 milhões em investimentos públicos para reconstruir o que foi destruído por ventos de mais de 100 km/h e uma chuva de 219 milímetro – o dobro da média histórica do mês.

Reputo, na Gravataí onde o ‘rio correu para cima’, ao ter a terceira maior enxurrada do Rio Grande do Sul entre quinta e sexta-feira, é oportunismo – e esquecimento da realidade da vila – politizar a tragédia, como fez um dos líderes da oposição, o vereador Cláudio Ávila, ao chamar o prefeito de ‘Rubinho Barrichello’.

Luiz Zaffalon – com seu governo – fez o que pode, a comunidade está fazendo ainda mais e o momento é de união e solidariedade; e aqui, como ativista da causa animal, registro uma menção especial de agradecimento à vereadora Márcia Becker e sua equipe pelos bichinhos que tem resgatado desde a quinta-feira, de cães e gatos até cavalos.

Neste artigo trato da política, porque é minha especialidade aqui no Seguinte:. A cobertura jornalística do – palavra de qualquer morador mais velho do Itatiaia, epicentro de toda enchente em Gravataí desde sempre – maior fenômeno natural dos últimos 50 anos, recomendo a que é feita pelo Giro de Gravataí, que a faz minuto a minuto, inclusive orientando para os pontos de doação para os flagelados, assim como as redes sociais oficiais da Prefeitura.

Pelo menos neste texto não vou reproduzir vídeos ou imagens, já de domínio público. Fica para a próxima. Quero deixar este registro-reflexão em palavras.

Entendo ser ‘profeta do acontecido’ cobrar – como fez não só o vereador, mas a colunista Juliana Bublitz, de GZH – que governantes se antecipem ao retirar moradores de ‘áreas de risco’ a cada previsão de temporais; até porque a maioria dos institutos, como o nacional Inmet, divulgaram o ‘alerta vermelho’ para tempo severo devido à chegada do El Niño, mas não anteviram um redemoinho de vento, quase um furacão, como o que aconteceu e flagelou 1 milhão de gaúchos.

Pelo contrário: se pressentiram chuvas torrenciais, com o ciclone já em deslocamento na direção do mar.

Fato é que constitucionalmente não é possível tirar de casa quem não quer sair – e a maioria das pessoas reluta abandonar seus pertences até o limite do risco de vida.

Na Vila Rica, enquanto alguns saiam de barco, outros com dois metros de água não queriam abandonar suas casas.

Sabiam que, após evacuação, houve saques e furtos em moradias e comércios de bairro alagados em diferentes pontos de Gravataí?

É a realidade que não muda com uma postagem no site da Prefeitura, com alertas nas redes sociais ou mesmo com um alarme sonoro como aqueles de tsunamis.

Não é verdade que o socorro demorou.

Na madrugada do desastre, cuja magnitude chegou a interditar por mais de 12h as pontes do Parque dos Anjos, o prefeito já tinha mobilizado a Defesa Civil e os órgãos públicos municipais e os estaduais, como o Corpo de Bombeiros e a Brigada Militar – incansáveis e exemplares nesta últimas 48h.

Além da Prefeitura e escolas municipais, a comunidade se mobilizou em arrecadação de doações e abertura de igrejas; hoje a concentração é na Cristo Rei, no Parque dos Anjos, com 150 desabrigados.

Entendo o momento é de união, não de guerra política. Que se ajude quem precisa e se limpe antes a lama, antes de apurar responsabilidades, se omissões ou dolos existirem.

O cálculo prévio é que, na reconstrução de cinco pontes e galerias, como a que isolou o distrito de Morungava, e reparos em estradas municipais, o custo ultrapasse os R$ 5 milhões. Será necessária também uma avaliação sobre a estrutura do dique, aparentemente comprometida.

– Os gastos públicos são o de menos. Reconstruiremos tudo. A prioridade agora são as pessoas – resumiu há pouco, ao Seguinte:, o prefeito Luiz Zaffalon, que assinou decreto de Situação de Emergência quando as chuvas ainda caíam sobre Gravataí.

– É o que precisamos dos governos estadual e federal: celeridade na aprovação do decreto – apela, sobre a legislação que permite, além de compras emergenciais sem a burocracia das licitações, o saque de resíduos do FGTS por moradores atingidos pelo fenômeno.

Ao fim, a tristeza maior é a confirmação da morte de um morador da Amapá, de 29 anos, levado pelas águas após o desabamento de um telhado onde aguardava socorro.

Certamente seria pior se não tivéssemos o Breno Garcia, loteamento para onde a partir de 2019 foram levadas 2 mil pessoas que viviam em áreas de risco de alagamentos – as primeiras delas da região onde morreu o gravataiense.

Se o rio Gravataí, que até alguns dias testemunhávamos secar, correu para cima com a força do ciclone, que andemos juntos para o mesmo lado, da união e solidariedade, pelo menos neste momento em que tantos perderam tudo ou, na sua maioria, o pouco que tinham.

Toca, Zaffa! Muita gente precisa agora de governo neste longo inverno.

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