Era uma vez uma cerimônia de casamento e o pastor identificou os noivos por seus nomes e suas profissões. Ela, Fulana de Tal, psicóloga; ele, Beltrano de Tal, agricultor. Numa linda festa, ouvi o emocionado sim do jovem casal. Até então, não sabia que meu primo se apresentava como colono. Percebi o quanto ele tem orgulho de cultivar alimentos. Contou-me, todo faceiro, que a colheita foi boa e conseguiu pagar o arrendamento das terras e quitar o financiamento do trator.
Via nele, alguns anos antes, um lindo garoto que insistia em seguir uma profissão na área da saúde. A vida, com muitas de suas curvas, mostrou outro caminho. Descobriu-se feliz com a profissão que exerce. Assim como suas plantas, ele também floresceu para a vida.
Ele está fazendo o que muitos de nós, em qualquer idade, gostaríamos: Trabalhar com algo que traga satisfação, que nos recompense não só financeiramente, mas provoque sensações, descobertas e desafios.
Aceitamos com facilidade que os jovens façam esses experimentos de vida, porque é próprio dessa fase buscar um “lugar ao sol”. Alguns encontram. Outros se acomodam. Mudar de rumo não é fácil. Não sei se precisa de audácia, coragem, otimismo e outros sinônimos, mais alguma dose de inconsequência. Não tenho dúvidas que precisamos mudar a cultura do trabalho. Cada cidadão, ao decidir no que vai trabalhar, deve ter sua opção respeitada e valorizada.
No caso brasileiro, atualmente, novas atividades profissionais são o resultado, não de opção, mas de necessidade. É possível que muitos e muitas se descubram ao desenvolver outras habilidades. Outros e outras permanecerão contemplando o vazio do que faziam e já não podem ou do que queriam ser e não conseguem.
Dizem que toda crise é oportunidade. Sim, crises nos estimulam a conhecer outras formas de viver a vida de modo diferente. Quem sabe, até mesmo gostar da mudança. Quem sabe, até mesmo reconhecer: “Que coisa! Quanto tempo eu perdi até encontrar o que realmente gosto de fazer!”
