funcionalismo

COLUNA DO MARTINELLI | O silêncio do sindicato dos professores

Vitalina Gonçalves, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública de Gravataí

Antes que alguém xingue a imprensa de vermelha ou azul, não é por escolha do Seguinte: que só o prefeito Marco Alba (PMDB) e seu Henrique Meirelles, o secretário da Fazenda Davi Severgnini, tem falado sobre o dissídio do funcionalismo.

Há uma opção do sindicato dos professores pelo silêncio. A presidente Vitalina Gonçalves diz que, por uma decisão de diretoria, só se manifesta depois da próxima reunião com a comissão de negociação da Prefeitura, dia 23.

A relação – pelo menos entre a cúpula do sindicato e o núcleo duro do governo – pior não pode ser.

Se na véspera da eleição de março o sindicato encomendou pesquisa e fez um panfleto onde mancheteava Marco como o candidato com maior rejeição, na sexta-feira passada a presidente e a delegação do sindicato foram informadas do cancelamento da reunião com o governo quando chegaram à Secretaria de Administração.

E, conforme nota publicada no site do SPMG, não foi o estagiário a esquecer de avisar.

Inegável é que, ao colocar o Ipag na sala, e antecipar na primeira reunião de negociação do dissídio que sem resolver o cataclismo da previdência os salários necessitariam ser congelados por 15 anos, o governo claramente chama o sindicato à responsabilidade pela crise no instituto.

 

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Quando coloca na mesa um cálculo atuarial que explode de R$ 250 milhões para R$ 1 bilhão nos últimos cinco anos, o governo obriga o sindicato ou a contestar com números o rombo, ou a culpar os governos anteriores, mais afinados ideologicamente, ou então a admitir um constrangedor e inimaginável ‘não sabia’.

O cálculo atuarial é a projeção do dinheiro necessário para garantir as aposentarias passadas, presentes e futuras. Como pode a estimativa divergir tanto entre o atuário de 2012 e o de 2016? A diferença é de ‘apenas’ um orçamento anual de Gravataí.

Pelo novo atuário, a Prefeitura pode chegar a 2032 com uma alíquota complementar de 72%, já que o STF já definiu nos atuais 14,5% o teto de contribuição dos servidores, enquanto em relação ao aporte de dinheiro público o céu é o limite.

O gasto com a folha de pagamento em 15 anos chegaria a 70% e o prefeito da vez arriscaria sair preso, já que o limite máximo da Lei de Responsabilidade Fiscal é de 54%.

Não precisa saber fazer muita conta do ponto de vista político para entender que o governo quer dizer que o sindicato fazia vista grossa a uma minimização do déficit porque tinha interesse em garantir boas negociais salariais para a categoria.

Ao sentar o Ipag no sofá, o governo também claramente tenta instigar o sindicato a ajudar a explicar como os governos Daniel Bordignon e Sérgio Stasinski não recolheram as contribuições patronais (a parte da Prefeitura), deixando uma dívida de R$ 90 milhões, que a impichada Rita Sanco (PT) começou a pagar e Acimar da Silva (PMDB) e Marco Alba (PMDB) deram sequência.

 

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Espera-se que o sindicato, que sempre sentou à mesa de negociações com dados sobre o comportamento da receita e apontando as fontes de recursos para as reposições salariais e o cumprimento da pauta de reivindicações (hoje em 55 pontos), traga a público uma análise bem embasada e bom plano para o futuro – para além de um cômodo ‘isso é com o governo, não é com a gente’.

Sem conhecer a estratégia do sindicato, hoje apenas o som do silêncio, certamente será uma tática camicase se opção for de falar só para os seus. Arrisca perder a batalha da comunicação junto à sociedade.

Em entrevista exclusiva ao Seguinte: sobre os primeiros 60 dias, Marco Alba apresentou um argumento forte: o de que sem resolver o Ipag a Prefeitura funcionará apenas para pagar salários e aposentadorias do funcionalismo.

– Os 300 mil habitantes pagarão por 5 mil – resumiu.

Se enganarão os sindicalistas se acharem que o alerta do prefeito não convence. Boa parte das pessoas, quando ouve falar em funcionário público, não pensa no professor dando aula para seus filhos. Pega muito mais no imaginário o estereótipo do funcionário de alto salário e com a estabilidade para repousar o casaco na cadeira.

 

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