Com recordes de contaminação pela covid-19, Gravataí e Cachoeirinha não terão Carnaval em 2022.
Reputo inútil as prefeituras confirmarem o cancelamento da festa popular, quando a cada noite a folia continua nas festas – de ricos, pobres e remediados; e com o passaporte vacinal barrado pelas influências negacionistas nas bases dos governos Luiz Zaffalon (MDB) e Maurício Medeiros (MDB).
Vamos às informações.
Gravataí vai manter a política de não ter festa de rua, mas quer apoiar a Acadêmicos de Gravataí.
– No município não há Carnaval há muitos anos, também devido a escola de samba desfilar no Grupo Especial da Capital – lembra o secretário de Cultura, Esportes e Lazer.
– O momento é delicado, sim, em função da covid-19, mas vamos buscar alternativas para os próximos anos. Não descartamos a realização de muambas, nos próximos anos, desde que estas atividades se enquadrem na realidade do nosso orçamento – disse Leandro Ferreira.
Se o desfile vai acontecer em Porto Alegre, ainda não há confirmação da Prefeitura. A realização do Carnaval 2022 foi anunciada no calendário de eventos dos 250 anos de Porto Alegre. No cronograma, os desfiles das escolas estão previstos para os dias 18, 19 e 20 de março.
A assessoria de comunicação da Prefeitura de Cachoeirinha informa que não vai promover nenhuma festa de Carnaval em 2022.
A ‘ideologia dos números’ assusta.
Nos últimos 14 dias a média diária de casos em Gravataí cresceu de 80 para 184. São quase 8 casos por hora. Dia 24 eram 27.311 infectados. Às 16h30 desta segunda, 7, são 29.888. Em Cachoeirinha a média diária é de 72 casos a cada 24h.
Se o crescimento entre a média dos meses de setembro a dezembro cresceu 800% em relação a janeiro, como reportei em Upas, UTI e leitos lotados: covid cresce 800 por cento; Gravataí e Cachoeirinha vão ’fechar’ de novo? Prefeituras respondem, hoje já chega a 1840%, recorde em relação aos piores meses da pandemia, entre março e abril de 2021.
Se Cachoeirinha – oficialmente – não registrou mortes em 2022, Gravataí tem 12 vidas perdidas. A média já é maior que o período entre setembro e dezembro, que registrava um óbito a cada dois dias.
Para efeitos de comparação, no pior momento da pandemia, entre março e abril, a média chegou a 6 vidas perdidas por dia.
Mesmo ‘menos virulenta’, a pressão da nova variante ômicron já reflete no sistema de saúde. Em Gravataí, os 8 leitos de UTI estão lotados; 18 dos 18 leitos de enfermaria também – mesmo com acréscimo de 6 novos leitos em fevereiro.
Dia 1º as 21 região gaúchas receberam pela segunda semana consecutiva o Alerta, no Sistema 3As de Monitoramento, responsável pelo gerenciamento da pandemia no Rio Grande do Sul.
Na ocupação de leitos clínicos, em 30 dias, o número de internados no Estado passou de 269, entre confirmados e suspeitos, para 1.748. Esse ciclo de elevação só não supera a variação e a velocidade de crescimento do ciclo de março de 2021.
No entanto, o aumento já é superior aos demais três ciclos de aumento (junho e julho de 2020, novembro e dezembro de 2020 e de maio de 2021). Em janeiro, houve média de 47,7 internados a mais em leitos clínicos por dia.
Também foi registrada elevação no número de internados em UTIs em todo o Estado, passando de 243 para 639 pacientes, entre suspeitos e confirmados. Com isso, a ocupação das UTIs passou de 48,5% para 61% ao longo do mês, retornando aos níveis de agosto de 2021.
Nesta terça, o ‘Alerta’ deve se repetir, o que indica o risco de contágio generalizado em todo o RS.
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Ao fim, não que o governador ou nossos prefeitos sejam negacionistas; pelo contrário. Zaffa tuitou que a cada 3 internados 2 não se vacinaram ou não tinham o esquema completo. Maurício também é um entusiasta da vacina.
Gravataí e Cachoeirinha estão entre as melhores no ranking da vacinação de adultos e crianças.
Mas, apesar do ‘Alerta’ render novas manchetes amanhã, na prática nada de excepcional tem sido feito pelo governo estadual e as prefeituras para restringir o Carnaval de todos os dias.
As propostas de ‘passaporte vacinal’ não avançaram nas câmaras de vereadores (contaminadas pelo negacionismo das bases de governo de Zaffa e Maurício), para além do passaporte fake criado pelo governo Eduardo Leite, que tratei em artigos como Zaffa, imite prefeito de NY e obrigue a vacina em Gravataí; A ditadura da vida e Onde Bolsonaro não pode entrar em Gravataí; O ’passaporte vacinal’.
Fatos, aqueles chatos que atrapalham argumentos: vivemos o ‘novo normal’ como se não houvesse amanhã. O festerê está liberado, do culto ao puteiro, e quem anda pelas cidades sabe.
Seja o que as variantes quiserem.
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