SAUL TEIXEIRA

Com roteiro de filme, Suárez troca o Grêmio pela Eternidade

No final do ano passado, começavam a surgir os primeiros boatos. Como assim, o Grêmio interessado em Luis Suárez? Era impensável, principalmente pelo momento nada propício na história tricolor.

Ao ganhar as manchetes, naturalmente os “milionários” Palmeiras e Flamengo poderiam “atravessar” a negociação. Será outro Cavani, ficará no sonho, no devaneio, na especulação. É ex-jogador, se vier será apenas “pra ganhar dinheiro”.

As previsões da mesa de bar morreram entre um gole e outro. O camisa 9 não apenas desembarcou em Porto Alegre, como roubou a cena em todos os sentidos. Durante a semana, compras calçando chinelos de borracha, aos finais de semana, gols e assistências em profusão.

Grêmio em evidência no Futebol Mundial! Também pudera, não é sempre que um dos maiores goleadores em atividade no Planeta Bola desfila talento abaixo do nosso nariz, na altura dos nossos olhos.

Time dos meias. Bons momentos, título da Recopa, golaço em Gre-Nal, caneco do Gauchão 2023. O roteiro, até então, estava impecável.

Arena lotada dia sim, outro também. Aumento vertiginoso no Quadro Social, “milhões” de camisetas com o 9 às costas comercializadas. O uruguaio justificava “cada grão de arroz” investido na sua genialidade.

Veio o Brasileirão. Régua naturalmente mais alta. Time oscilando. Natural, foram dezenas de reforços para a temporada de reconstrução. Três zagueiros. Suárez isolado. Dores no joelho. O filme de romance, então, ganhou ares de suspense, mistério, indefinição.

O contrato inicial era de 2 anos. As Dores na “rodilla” colocam em dúvida, inclusive, a continuidade da carreira. Ao menos conforme lemos e ouvimos. Filme de terror??? Contrato remodelado para apenas uma temporada. Dores controladas/superadas e volta aos gramados. Ufa!

Aqui vai a única crítica à Suárez. Mudar as “regras do jogo” com a partida em andamento não é nada moral. Uma das condições do craque para assinar com o tricolor foi justamente o contrato por 2 anos. Messi, Miami e o Barcelona Master atraíram o camisa 9 e, sobretudo, a sua família. Informação!

Não existe ninguém maior que o Grêmio. Às vezes, até a obviedade precisa ser dita. Por mais que Suárez mereça admiração, evitemos exageros. Nem tudo dá para engolir com a leveza de um sagu com creme após banquete ao meio-dia. Alô, torcedor! A paixão no futebol é sempre perigosa. O que define se é remédio ou veneno é justamente a dose. Não percamos a capacidade crítica.

Voltemos ao lado salutar da moeda…

Bitello, até então o que mais se aproximava em rapidez de raciocínio, foi atuar no gélido futebol russo. Luisito, mais do que nunca, virou a “última bolachinha do pacote”. Responsável por quase metade dos gols do time na temporada, seja com bolas na rede ou assistências açucaradas. Foram incríveis 29 gols e 17 assistências no “mágico” 2023. Aos 36 anos, outro feito e tanto. Superou o número de jogos em uma única temporada na carreira, ao entrar em campo em 54 jogos.

No Brasileirão, o desempenho foi de notáveis 17 gols e 11 assistências. Literalmente elevou o patamar do Grêmio. A ponto de muitos bradarem: “Sem Suárez, brigaríamos contra o rebaixamento”.

O extraclasse foi determinante para o impensável vice-campeonato nacional e a consequente conquista da vaga à Libertadores 2024. Um feito e tanto para o clube que, no planejamento do ano, se contentava em estar entre os 8 primeiros colocados. Gestão pés no chão do Presidente Alberto Guerra. Aliás, méritos ao corpo diretivo e à comissão técnica por superar todas as expectativas.

Na noite de quarta-feira (06/12), o mundialista encerrou sua passagem pelo futebol brasileiro. De maneira discreta? Bem capaz, né? El Pistolero colocou o jogo no bolso no “Maior do Mundo”. Até então, não havia assinalado nenhum gol no Maracanã. Para os gênios, porém, é tudo é uma questão de tempo.

Arrancada do meio-campo, drible seco no goleiro Fábio e conclusão alta, de pé esquerdo. Aula como centroavante do início ao fim da jogada. Aliás, jornada de “coach da bola” do início ao fim da passagem pela Pátria de Chuteiras.

Final perfeito??? Calma…

Os deuses da bola ainda nos reservavam mais um capítulo para deleite. Pênalti! Assim como o gol mil de Pelé no mesmo Maracanã e de Romário no mesmo #ErreJota.

Cavadinha. Golaço. Nova conclusão de manual. Desta feita, também atenuando a única mácula de sua carreira referencial dentro de campo: o fato de não ter na marca da cal uma posição confortável.

Tic, tac… tic, tac… tic, tac…

Desde o anúncio que não ficaria para 2024, o tempo virou o principal adversário da nação gremista e todos que apreciam o esporte como obra também estética. Os 90 minutos contra o Campeão da América, Fluminense, então, voaram mais que areia ao vento.

Foram apenas títulos regionais, mas a performance absurda de numa mísera temporada confere a Luis Alberto Suárez condição de “eternidade” na história do Grêmio. Ídolo. Faixa. Ícone. Referência. Deve virar canção nas arquibancadas em 3, 2, 1…

Suárez é a expressão máxima do Futebol Arte. É literatura em dribles curtos, assistências e gritos de gol. É o inacreditável sendo materializado. É a história sendo escrita em curto espaço de tempo.

Falando em poesia, citemos Fernando Pessoa:

“Tudo que é bom dura o tempo necessário para ser inesquecível”…

THE END!

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