A cada quatro anos, a mesma ladainha entre os "especialistas" em futebol e os amantes de vídeogame: "Ah, a fantástica geração belga…". A Copa do Mundo acaba, e a Bélgica termina a competição sem deixar grandes lembranças. Mas, afinal, é o futebol a principal marca da Bélgica? Não. O país é o centro mundial das cervejas. Com um território nove vezes menor que o Rio Grande do Sul, os belgas concentram incríveis três mil cervejarias, que produzem 1.500 diferentes cervejas. Cá entre nós, todas de excelente qualidade.
Mas, não esqueçam, é Copa do Mundo, e nós não podemos ficar para trás. O Seguinte: foi conhecer um pouco da nossa geração belga. Ou melhor, das nossas cervejas. O Estado tem 20% das fábricas de cerveja do Brasil, com 144 microcervejarias. Só em Gravataí, estão cinco delas.
— São duas que produzem chopp e três microcervejarias com cervejas artesanais e diferenciadas — explica o sommelier Rafael dos Santos, proprietário da Crowd Beer, que reúne a nossa geração belga no centro da cidade.
Claro, como bom cervejeiro, ele deixa claro que não há como equiparar à "fantástica geração belga" — a da cerveja. Mas tem muita coisa boa por aqui. O Rafael até arrisca, quando compara com uma Copa do Mundo.
— A cerveja gaúcha é como se fosse a Seleção Brasileira mesmo. Porque temos os mais variados estilos, com características bem variadas. E temos até o Neymar. A melhor cerveja do Brasil é daqui.
Em Gravataí, há também as suas peculiaridades. A Sesmaria, por exemplo, produz a Blond Ale, que é um estilo belga de cerveja. A Gazapina, também da cidade, teve a sua Red Ale premiada no Festival Nacional da Cerveja, em Blumenau. Já a Fil mantém, próximo da Freeway, uma plantação de lúpulo própria, algo inédito no Estado e que já foi testado e aprovado em festivais de cerveja no país.
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Deu sono a estreia do Brasil e do Miguel
Certo. Nós aceitamos que os belgas são especialistas. O segredo, dizem, está na arte de combinar frutos, flores e especiarias para criar as cervejas em fórmulas mantidas sob segredos. Alguns deles, milenares. Mas, em 2018, justamente quando a geração belga dos gramados dá mostras de que, finalmente virou realidade, nas cervejas, o Brasil levou a melhor.
A mineira Wäls Brut, vendida em garrafa de espumante e fechada com rolha, foi premiada na World Beer Cup, concorrendo com outras 8.234 cervejas do mundo. Bem, o estilo dela é justamente o Belgian Ale, e o preparo é praticamente belga.
— O que a Wäls fez é exemplar para a qualidade da nossa cerveja brasileira. Eles foram à Bélgica para buscar o conhecimento e até ingredientes, e o resultado foi um produto de alta qualidade. Essa busca de conhecimento é que vai fazer as cervejas daqui sempre se qualificarem — comenta Rafael.
: Nas duas primeiras rodadas da Copa, a geração belga mostrou talento | GETTY IMAGES
Na tarde desta quinta, às 15h pelo horário de Brasília, a Bélgica volta a campo contra a Iglaterra. As das seleções já estão classificadas para a segunda fase, mas este promete ser o primeiro teste de fogo para a "geração belga" na Rússia, depois de dois adversários mais frágeis.
O Rafael dos Santos atesta: na cerveja, a geração belga é imbatível.