Quase nada mudou, ou muito pouco mudou – para melhor – durante esta terça-feira (29/5), nono dia da paralisação nacional dos caminhoneiros e que afeta o abastecimento, transporte de cargas e de passageiros em todo o Brasil. O muito pouco que mudou para melhor é que chegou mais gasolina nos postos de combustíveis de Gravataí e Cachoeirinha.
Com isso, as filas que, ontem, se concentravam em apenas três estabelçecimentos de Gravataí e dois de Cachoeirinha se espalharam em pelo menos 14 estabelecimentos na aldeia dos anjos – informação não oficial do Sindicato Intermunicipal do Comércio Varejista de Combustíveis e Lubrificantes no Estado do Rio Grande do Sul – e 10 na cidade vizinha, segundo informação do 26º Batalhão de Polícia Militar da Brigada Militar.
Em alguns postos, como o Ipiranga da esquina das avenidas Teotônio Vilela com Dorival de Oliveira, parada 62, desde a madrugada se formaram filas por causa da informação de que o estabelecimento receberia gasolina nas primeiras horas da manhã. No meio da tarde as grades ainda cercavam o posto.
O gerente, Sérgio Lysakowski, disse que até viu um caminhão da companhia cruzar pela frente do posto mas, infelizmente, a gasolina não era para o estabelecimento que dirige. Agorinha no final da tarde a fila de automóveis que por volta do meio dia tinha mais de um quilômetro, se restringia a pouco mais de 100 carros.
Grande parte dos motoristas optou por esperar em outros postos onde o abastecimento estava sendo realizado, mesmo que fracionado e limitado, em alguns casos, a não mais que R% 50,00, ou pouco mais de 10 litros de gasolina. A maioria dos estabelecimentos limitou o abastecimento ao valor de R$ 100,00 com a intenção de beneficiar o maior número possível de compradores.
Vai ser o dia
A grande expectativa é de que a manhã a situação melhore ainda mais com o recrudescimento das barricadas que impedem parcialmente a entrada e saída de caminhões-tanque na Refinaria Alberto Pasqualini, a Refap, em Canoas. Como no Ipiranga da parada 73 da Dorival, que recebeu 5 mil litros de gasolina por volta das 10h30m,in e às 14h30min já estava avisando que o combustível estava no fim.
— Amanhã vai ser o dia! — disse um dos frentistas enquanto abastecia um automóvel e que pediu para não ser identificado por não estar autorizado a conceder entrevista.
Ele acha que na medida em que os caminhões tiverem maior facilidade de acesso à Refap e, depois, circulação nas estradas e avenidas, sem serem barrados pelos caminhoneiros em greve, o abastecimento vai se normalizar e a gasolina vai chegar a um maior número de estabelecimentos, ainda.
ONDE TEM
1
A reportagem do Seguinte: não conseguiu apurar todos os postos que dispunham de gasolina nesta terça-feira. Não há uma informação oficial do município e nem mesmo da Sulpetro, entidade que representa a categoria no Rio Grande do Sul.
2
Em Cachoeirinha, a Brigada Militar divulgou uma lista de postos com combustíveis enfatizando que são estabelecimentos que “já retornaram ao seu funcionamento normal”.
A NOTA
— A Brigada Militar vem trabalhando sem medir esforços para manter a tranqüilidade da comunidade da cidade de Cachoeirinha, para que todos possam seguir suas rotinas diárias sem nenhum tipo de transtorno. Informamos que os seguintes postos de combustíveis abaixo relacionados já retornaram ao seu funcionamento normal até o momento.
: POSTO IRMÃOS THIESEN
Av Flores da Cunha, 4451, Bom Princípio
: POSTO 58
Av Flores da Cunha, 3793, Bom Princípio
: POSTO CENTER
Av Flores da Cunha, 824, Vila Regina
: POSTO SÃO CARLOS
Av Manoel Inácio Nunes, 601, Fátima
: POSTO BRAMBILA
Av José Brambila, 831, Vista Alegre
: POSTO AUTO POSTO ERS-118
ERS-118, 105, Costa do Ipiranga
: POSTO VENICE
Av Flores da Cunha, 1617, Imbuhy
: POSTO APOLLO II
Av Flores da Cunha, 2100, Ponta Porã
: POSTO APOLLO III
Av Flores da Cunha, 2097, Vila Cachoeirinha
: POSTO CACHOEIRINHA
Av Frederico Augusto Ritter, 2000, Distrito Industrial
: POSTO SIM
Av Frederico Augusto Ritter, 2151, Distrito Industrial
Gás veicular
Um dos postos que comercializa Gás Natural Veicular, o popular GNV, observou um crescimento pouco significativo na procura pelo produto em substituição à gasolina. Só quem já tinha o carro adaptado para o gás é que passou a usar mais esta alternativa em razão da falta do combustível líquido.
O gerente do posto Jaisson Cândido contou que o aumento que pode observar é de antes mesmo da decretação da paralisação nacional dos caminhoneiros. Diante dos reajustes sucessivos e quase diários no preço do litro da gasolina, cresceu o número de proprietários que fizeram a conversão do motor para rodar, também, com o GNV.
VEJA FOTOS
: Cerca de 800 caminhões, segundo os manifestantes, estão parados na RS-118
: Trânsito lento na RS-118, por causa da manifestação na frente do Posto Radar
: Apenas meia pista liberada para o trânsito dos veículos leves na rodovia
: Famílias e pessoas da comunidade montaram acampamento com caminhoneiros
: Fila para abastecer em posto da parada 73 da avenida Dorival de Oliveira
: Gasolina no galão foi limitada pelo posto da 70 ao valor máximo de R$ 20,00
Para cozinhar
Dos 6.044 revendedores de gás de cozinha no Rio Grande do Sul, apenas 10% estão sendo abastecidos, mesmo assim em pequenas quantidades segundo o presidente do Sindicato das Empresas Distribuidoras, Comercializadoras e Revendedoras de Gases em geral no Rio Grande do Sul (Singasul), José Ronaldo Villanova Tonet.
A maioria fica em Porto Alegre ou em cidades da Região Metropolitana, onde os motoristas conseguem trafegar por rotas alternativas e driblar os bloqueios feitos por manifestantes que apoiam a greve dos caminhoneiros. Nas demais regiões, o desabastecimento é generalizado, de acordo com Ronaldo.
O Seguinte: localizou um desses pequenos distribuidores que ainda está conseguindo botijões de 13 quilos para atender à clientela. Fica na avenida Presidente Kennedy, via que liga do Distrito Industrial de Gravataí à avenida Dorival de Oliveira por entre as vilas Cohab B e Cohab C.
O empresário João Oliveira disse que recebeu 20 botijões hoje pela manhã e, no meio da tarde, os 10 que restavam deveriam ser vendidos em cerca de 30 minutos.
— Não é que o consumo aumentou, a clientela continua a mesma. É que as pessoas que compravam um botijão estão comprando dois, por medo de faltar. É prevenção — disse o comerciante.
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Confira, abaixo, o que a reportagem do Seguinte: encontrou hoje à tarde como resultado da mobilização dos caminhoneiros.