Literalmente na estrada desde 13 de fevereiro de 1962, há 57 anos recém completados, portanto. Ele é do tempo em que microfone era chamado pelos profissionais da área de “latinha”. Ou de quando se dizia que a profissão de radialista era “uma cachaça”, dada a dedicação e o empenho com que era exercida pelo pessoal do meio.
Este é o “veterano” Jorge Antônio Barbosa Estrada. Que completa seus 71 anos nesta terça-feira (19/2), um quase ilustre desconhecido na aldeia dos anjos mas que teve atuação de destaque em grandes emissoras de rádio do Rio Grande do Sul. E agora, com dois anos de bermudas ou pijamas com pantufas, curtindo a aposentadoria, lançou um livro.
A obra intitulada “Estrada, Meu Humor”, pela editora Garcia, tem 100 páginas com muitas das histórias que o profissional reuniu na sua carreira, além de imagens dos tempos passados quando dividia microfones com gente de peso do rádio gaúcho. O trabalho, conta, se deu em grande parte por influência da família, especialmente os filhos.
— Eu sempre contei muitas histórias sobre coisas que vivi no rádio. Eles sempre falavam que era para eu escrever um livro. Daí, como eu já plantei algumas árvores e criei três filhos, falta o livro. Aí está! — diz Estrada, sempre bem-humorado.
E que presente!
Casado com Marisa Mônego Estrada desde 18 de outubro de 1972 – “é a única mulher que conheço que ganho um marido de presente no dia do aniversário”, brinca – é pai de Ricardo, Alexandre e Fernanda. Nenhum deles é radialista. Tem um neto e conta com alegria estampada nos olhos que vem aí mais uma neta.
— Só o nome é que não está definido ainda.
Sobre as emissoras pelas quais passou – diz que tem cinco Carteiras de Trabalho e Previdência Social (CTPS) preenchidas – Jorge Estrada lembra da antiga Difusora, hoje Bandeirantes, Rádio Gaúcha, Pampa e, mais recentemente, na Serra Gaúcha, monde ficou por 18 anos, as rádios Caxias, Cidade e 1.010 AM. Foi na Caxias que trabalhou por último, até se aposentar.
Estrada fala com entusiasmo dos muitos colegas de renome com os quais trabalhou ao longo destes 57 anos de história. Nando Groos (hoje Rádio Guaíba), Armindo SAntônio Ranzolin, Laudro Quadros, Antônio Carlos Macedo (Gaúcha), Xicão Toffani (na Pampa), Marco Antônio Pereira (Rádio GreNal)… E por aí se vai a lista de gente responsável por muitas das histórias que estão no “Estrada, Meu Humor”.
— Teve gente que mudei o nome, ou omiti a identificação, para não entregar. Só identifiquei quem me autorizou, principalmente naquelas histórias mais “cabeludas” — revela o veterano radialista.
Na internet
Desde que entrou em regime de férias e passou a ser mandado pela esposa Marisa – segundo as próprias palavras! – Jorge Estrada tentou continuar no meio da comunicação e instalou, na própria casa, um equipamento para transmitir, via internet, uma radioweb.
O projeto foi abortado depois de 82 dias, conforme ele, há pouco tempo, por falta de apoio publicitário. É que mesmo operando em casa e tendo o apoio de um computador que faz quase todo trabalho sem receber salários, há custos com provedor de acesso à rede mundial de computadores, energia, custeio e manutenção de equipamentos.
— Faltou o indispensável e necessário apoio publicitário. Na verdade eu sou muito pouco conhecido aqui em Gravataí. Muita gente me conhece, mas como o estrada da Gaúcha, então fica difícil chegar no empresariado — explica, corroborando o que foi escrito no primeiro parágrafo desta reportagem.
Estrada em números
– 71 anos, que vai comemorar nesta terça, dia 19
– 57 anos de rádio, completados no dia 13 passado
– 47 anos de casamento, a serem festejados em 18 de outubro
– 36 anos com residência em Gravataí, em abril que vem
– 02 anos de aposentadoria, completados dia 4 deste mês
– 03 filhos, um neto e uma neta (a caminho)
FRAGMENTO DE HISTÓRIA
…Fui produtor do programa Sala de Redação (Rádio Gaúcha), inclusive quando este comemorou 25 anos de existência e a festa foi no extinto Le Club com um maravilhoso show da cantora Alcione, repórter e outras atividades. Saudades do antigo Sala… Esse tempo que não volta mais como diria o querido Duda Garbi, quando participavam o Ruy Carlos Ostermann, Lauro Quadros, Kenny Braga, Paulo Sant’Anna, Wianey Carlet, Cláudio Cabral, depois veio o brilhante Pedro Ernesto Denardin. É claro que antes, bem antes, teve o Cândido Norberto, Cláudio Britto, Cid Pinheiro Cabral e outras feras, entre elas o saudoso Foguinho, o grande Oswaldo Rolla, entre dezenas de profissionais que passaram pelo programa. Foguinho que um dia aguardava o início do Sala de Redação quando se antecipou ao brilhante noticiarista da Rádio Gaúcha, José Aldair, que lia o Correspondente Renner destacando o futebol e alongando a chamada ESSSSSPORTIVASSSS. Quando o Zé Aldair falou ESSSS, o Foguinho complementou: PORTIVASSSS, com aquele sotaque que lhe era peculiar. Um espanto para os ouvintes e todos que estavam na Rádio Gaúcha naquela tarde. Uma risada só!
Jorge Estrada
Livro “Estrada, Meu Humor”
Confira o vídeo com o bate-papo de Jorge Estrada com a reportagem do Seguinte:.