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COM VÍDEO | Fabiano Izabel, o executivo da Sogil

Fabiano Rocha Izabel, desde 1991 na Sogil, e atual diretor-geral da empresa, vai ser homenageado nesta quinta com o troféu Destaque da Aldeia na Câmara de vereadores de Gravataí

Não é incomum uma pessoa ingressar em uma empresa como auxiliar, ajudante, estagiário, office-boy ou encarregado da limpeza, e ascender a cargo importante dentro da organização. Chegar às funções de chefia, gerência, ou similares, é algo bastante normal.

Mas chegar ao cargo de diretor-geral em uma organização que presta serviço de transportes, carregando em torno de 65 mil pessoas por dia dentro do próprio município, na Região Metropolitana de Porto Alegre, prestando serviços de fretamento para empresas e realizando viagens de turismo para diferentes lugares, não é todo dia.

Este é o caso de Fabiano Rocha Izabel.

Aos 44 anos, perto de completar 45 no próximo dia 7 de novembro, o contador e advogado ingressou na Sociedade de ônibus Gigante Ltda, a Sogil, dia 1º de outubro de 1991. Há 28 anos, portanto, recém completados. Foi contratado para ser office boy na empresa em que hoje comanda um quadro de aproximadamente 900 funcionários, na função de diretor-geral que assumiu em fevereiro de 2010.

Fabiano, marido de Maria Letícia Pereira, pai de três meninos e uma menina, é um dos homenageados desta quinta-feira (24/10) às 19h30min na Câmara de Vereadores de Gravataí com o troféu Destaque da Aldeia. Avesso ao uso de certas tecnologias – celular, por exemplo, só em casos de muita necessidade – chegou à empresa quando a sede da Sogil ainda era no Parque dos Anjos.

O filho do motorista Nator Ribeiro Izabel, funcionário público municipal, e da dona de casa Sirlei Rocha Izabel, tem mais dois irmãos, mais novos. O irmão optou pela advocacia e a irmã se decidiu por uma carreira mais próxima dos números, é contadora.

— Acho que os dois quiseram seguir o irmão mais velho e cada um acabou ficando com uma das minhas profissões — brincou Fabiano, no começo desta semana, ao receber a reportagem do Seguinte: em uma sala quase franciscana que ocupa no primeiro andar da sede administrativa da Sogil, na parada 96 da RS-030.

Além da sua mesa de trabalho, o local tem mais uma de reunião, e não mais que oito cadeiras. Um aparelho de televisão onde são projetadas imagens relacionadas a trabalho é o que há de mais tecnológico no ambiente que ainda conta com uma prateleira onde estão alguns dos troféus e medalhas conquistados pela Sogil ao longo dos últimos anos.

Homem full time

Fabiano garante ser uma pessoa de hábitos simples. Não tem o costume de consumir bebidas alcoólicas com regularidade. Mas não dispensa um bom vinho – o que não signifique que tenha que ser um vinho caro! – quando surge a oportunidade. Aprecia churrasco, “como bom gaúcho que sou” – faz questão de dizer, mas “se derrete” de verdade quando o cardápio inclui peixe, admite.

A função de diretor-geral exige de Fabiano dedicação em tempo integral. As decisões são dele sobre o que vai ser feito na empresa envolvendo ações, colaboradores e os quase 900 carros da frota, e todas as medidas que toma são reportadas apenas aos dois nomes de peso que fazem parte do Conselho Administrativo da Sogil, os sócios Sérgio Pereira e José de Jesus Teiga Júnior.

Mesmo com essa dedicação full time, ou justamente por causa deste seu envolvimento que lhe toma quase todo tempo, Fabiano garante que encontra tempo para a família. Aliás, “dosar” o tempo parece ser um dos mantras do administrador que critica a forma como as pessoas se relacionam na atualidade, com uso que considera abusivo da rede mundial de computadores.

— O que deveria servir para aproximar as pessoas acaba afastando. É comum a gente estar em um lugar, um restaurante por exemplo, e uma mesa onde estão quatro pessoas, todas estão mexendo no celular — exemplifica.

E ele acha tempo para tudo…

— Neste final de semana nos reunimos todos lá em casa, inclusive os filhos que não moram comigo. Ficamos um tempão conversando sobre tudo — diz Fabiano.

Avesso à exposição que a tecnologia pode produzir, diz que tem medo até de manter certas conversas quando tem um celular nas imediações. Mesmo que o aparelho esteja desligado.

— O celular capta tudo que a gente fala. É impressionante. Se tu falar que está interessado em comprar determinado produto, não demora muito para começar a receber mensagens com ofertas deste produto — conta.

Missão espinhosa

Depois de passar por várias funções dentro da Sogil, nos últimos cinco anos – seis no máximo, Fabiano Izabel teve que se jogar literalmente “de corpo e alma” e justificar sua posição na empresa fazendo frente à crise econômico-financeira-política que o Brasil enfrentou diante de sucessivos escândalos que frearam o desenvolvimento do país, sob todos os aspectos.

O “empobrecimento” verde-amarelo provocou acentuado aumento no número de desempregados, o que causou uma redução significativa no número de passageiros do sistema de transporte coletivo. E isso afetou a Sogil, claro. Não bastassem as questões decorrentes das inúmeras ações da Operação Lava-Jato, chegou ao Brasil o sistema de transporte individual, por aplicativos.

Chamar um carro do ano, com motorista, para ir da porta de casa ao trabalho virou uma comodidade que, partilhada com mais uma ou duas pessoas, ficou extremamente barata. As vezes, mais em conta que uma passagem de ônibus, sem contar que é preciso ir ao ponto de embarque tomar o coletivo, enfrentar uma lotação nos horários de pico, e ter que descer a algumas quadras do local de trabalho.

— Nesse período tivemos uma queda de aproximadamente 25% no número de passageiros. Isso representa que o negócio ficou um quarto menor, exigindo medidas drásticas e às vezes amargas para manutenção da estrutura — afirma.

Estas “medidas amargas” estão refletidas na redução de cerca de 1.200 para aproximadamente 900 funcionários só no caso da Sogil, de 2013 até agora. A empresa passou praticamente cinco anos sem fazer investimentos vultosos, até anunciar no mês passado a aquisição de 19 novos ônibus como parte da retomada do processo de renovação da frota, hoje com cerca de 300 carros.

E o fato de ter adquirido novos ônibus, com expectativa de ampliar esta renovação no próximo ano, não significa que o setor do transporte de passageiros voltou a trafegar em estradas com pavimento de primeira, sem solavancos. Segundo Fabiano Izabel, a situação melhorou, mas isso não permite que o motorista, metaforicamente falando, se descuide e seja surpreendido na próxima curva. Ou esquina.

— Tudo é muito recente ainda e há muita coisa que precisa acontecer para melhorar a situação econômica de um modo geral. E isso não vai acontecer assim, de uma hora para outra. Por isso a gente não pode perder o foco, é preciso estar permanentemente por dentro do que está se passando e dos desdobramentos que isso implica — ensina.

As mudanças

O diretor-geral da Sogil também é o atual presidente do Sindicato dos Transportadores do Estado do Rio Grande do Sul. Desta posição acompanhou a transformação vivida pelo setor, especialmente a partir dos movimentos sociais que iniciaram em 2013 e ganharam corpo no ano seguinte. Isso implicou na necessidade de a sociedade e as empresas descobrirem outras alternativas.

— O aumento da crise em que o país mergulhou e o crescimento do desemprego que levou muita gente à informalidade foram determinantes para que o momento que vivemos hoje ainda seja bastante delicado. As empresas precisam descobrir meios, dentro do seu escopo de negócio, para entender que o mercado do passado já não existe mais — afirmou.

A reorganização desse mercado, da estrutura interna e do quadro funcional são necessidades que se tornaram fundamentais para quem tinha a pretensão de continuar trabalhando, sem fechar as portas. O tamanho do mercado se reduziu, de acordo com Fabiano, e as empresas – e empresários – necessitam se reinventarem todos os dias para que possam caber dentro deste novo mercado.

PARA SABER

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A crise econômico-financeira enfrentada no país nos últimos anos exigiu que as empresas enxugassem seus quadros funcionais em cerca de 20%. É quase o mês índice da queda no número de passageiros, cerca de 25%, anotado pelo setor a partir de 2010, segundo Fabiano Izabel.

— A mão de obra pesa muito nessa estrutura de custo. Praticamente 50% do custo do transporte coletivo, hoje, corresponde à mão de obra — assegura o dirigente da Sogil.

Pessoa simples

O ser humano Fabiano Rocha Izabel professa a religião Evangélica, é frequentador de cultos às quintas-feiras e domingos, diz que é uma pessoa simples que gosta de conversar muito e do diálogo franco, que se entrega muito às questões emocionais sem perder o foco da racionalidade quando é necessário ser racional, ter a razão sob domínio na hora de tomar decisões.

Ele disse

— Eu acredito que tudo que é feito com amor, entrega, com dedicação e prazer, a gente faz bem! Não tem como envolver todos estes sentimentos e, ao final, entregar algo que não seja positivo.

— Não existe limites para aquilo que tu busca fazer. Se a gente trabalha isso no nosso interior e entende que isso é possível, vai atrás porque é possível realizar. Trabalhar isso de forma incessante na busca dos nossos objetivos, é fundamental.

— Toda manhã quando acordo agradeço a Deus por ter me dado mais um dia de vida, por ter me dado mais uma oportunidade para desenvolver aquilo que eu amo fazer e estar junto das pessoas que me rodeiam e as quais eu amo de paixão.

— Tempo é igual para todo mundo. O mesmo tempo que eu tenho é o tempo que as outras pessoas têm. É preciso entender que o dia tem 24 horas, nem mais e nem menos. Entendendo isso é possível encontrar tempo para fazer tudo que a gente quer.

— Não tenho o costume de ficar pendurado no celular como muitas pessoa sfazem. Acho que isso é um grande problema que estamos passando e enfrentando nos tempos atuais. A tecnologia é importante, mas precisa ser bem dosada e bem utilizada.

— Férias como a maioria das pessoas faz, para quem está em um posto como esse meu é quase uma utopia. Não tiro férias, mas saio por alguns períodos durante o ano porque é preciso oxigenar. É sair para voltar renovado, com energias recarregadas.

— A felicidade não está exatamente atrelada às coisas que as pessoas têm, mas está ligada basicamente ao estado de espírito de cada pessoa. Se a pessoa está de bem consigo mesma, tem fé, tem Deus no coração, tudo se torna melhor, fica bom.

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