Em um minuto de silêncio pela morte do policial civil Rodrigo Wilsen da Silveira, o grito de Gravataí por mais segurança começou a ecoar na sala do prefeito, na reunião do Gabinete de Gestão Integrada Municipal, que mobilizou a cúpula das polícias na aldeia e região na noite desta quarta.
O objetivo de Marco Alba (PMDB) foi encomendar um levantamento detalhado da falta de efetivo na Brigada Militar, Polícia Civil, Polícia Rodoviária Estadual e Corpo de Bombeiros, para levar ao governador José Ivo Sartori (PMDB) antes da próxima reunião do GGI-M, marcada para daqui a 45 dias.
– Vocês, eu, todos aqui têm trabalhado discretamente nos bastidores. Mas chegou a hora de sermos mais incisivos – resumiu o prefeito, ao lado do secretário de segurança coronel Flávio Lopes e de outros integrantes do primeiro escalão, delegados, brigadianos, bombeiros, além de vereadores e do presidente do Conselho Pró-Segurança Pública (Consepro) Rudimar Zanette, após ouvir dados impressionantes que mostram que a falta de policiais chegou ao fundo do poço sem fundo.
Tanto o comandante do 17º Batalhão de Polícia Militar, coronel Vanderlei Padilha, quanto o delegado regional da Polícia Civil Volnei Fagundes prepararam dossiês, que após a reunião o Seguinte: teve acesso, mostrando um déficit de 352 policiais.
O que diz o prefeito
1 PMs para cada 10 mil habitantes
Só para se ter uma idéia do caos, há hoje policiando as ruas de Gravataí, a cada turno, apenas 25 PMs. A média é de um policial para cada 10 mil habitantes. Ou um para cada 18 Km² dos 463,758 km² de território urbano e rural.
O 17º BPM, que já teve 281 PMs no pré-GM, hoje tem 187. O ideal seriam 464. Tirando da conta os brigadianos que estão nas patrulhas, outros 86 se dividem em serviços administrativos de função exclusiva para militares, como a central de rádio, a distribuição de armas e a guarda do quartel, por exemplo. 16 PMs também precisam cobrir Glorinha, sob a jurisdição de Gravataí.
Como o Seguinte: tinha revelado com exclusividade, o 17º BPM perdeu 100 policiais entre 2014 e 2017, entre pedidos de demissão, transferências e aposentadorias. Se não houver a reposição, a coisa vai piorar ano a ano: a previsão é de cinco aposentadorias este ano, e mais 21 entre 2018 e 2019.
– É o mesmo problema de toda região metropolitana, mas nossa dificuldade é maior por termos a terceira maior população depois de Porto Alegre e Canoas, um território só menor que Viamão e, com duas RSs e uma BR, fácil acessibilidade e rotas de fuga para criminosos que vem também de outros municípios – alertou o comandante da BM.
O que diz o comandante da BM
1.800 ocorrências por policial
Na enlutada Polícia Civil o drama é o mesmo. Conforme o levantamento a que o Seguinte: teve acesso, há um policial para atender a cada 1,8 mil ocorrências. Para fazer frente, cada PC teria que resolver cinco queixas por dia, sete dias por semana, durante um ano.
Descontando delegados, plantonistas e o serviço administrativo, não mais de 40 PCs atuam nas ruas.
– Uma média aceitável é de um policial para 250 ocorrências – observou o delegado regional, que comanda apenas 76 policiais civis, de um mínimo necessário de 114 e um ideal de 151.
Na comparação com a média dos municípios gaúchos levando em conta os 5 mil PCs na ativa, Gravataí deveria ter 124.
– E aqui temos os maiores índices de homicídio e roubo de veículos da região metropolitana – adverte, apontando que Gravataí tem mais da metade do número de assassinatos e de roubos que Porto Alegre, e se retroalimenta de um círculo vicioso do crime.
– Em 33 anos nunca se prendeu tanto. Diariamente a DPPA (delegacia de ponto atendimento) está cheia de presos aguardando vagas em presídios. E essas vagas só surgem porque alguém é solto para possivelmente ser preso de novo – alertou.
O que diz o delegado regional
Faltam 23 bombeiros
Na PRE, que ainda vai apresentar ao GGI-M o número de patrulheiros, há apenas 16 policiais, o que permite no máximo duas guarnições por turno nas ruas. No Corpo de Bombeiros, há 19 para uma necessidade de 42.
Mais guardas que PMs
Como o Seguinte: já tinha antecipado, há hoje em Gravataí mais guardas municipais do que PMs. O efetivo é de 199 e mais 41 estão sendo recrutados e começam o treinamento este ano.
– O prefeito já encomendou estudo caso seja necessário contratar mais – já revelou o secretário Flávio Lopes, ex-comandante da BM.
Nesta semana o governador anunciou concurso para 6,1 mil vagas na segurança pública. Para minimizar o déficit em Gravataí, pelo menos 6% dos PMs, agentes e bombeiros teriam que ter CEP 940.
Delegado sobre o herói Rodrigo