Na casa e na empresa dos Porto, tudo se decide em família. Eles garantem que conseguem separar o que é discussão de trabalho do que é assunto de casa.
— É assim. Às vezes quebramos o pau por alguma coisa aqui dentro e à noite tem pizza em casa — brinca o pai, Paulo Porto, 55 anos.
Foi ele, lá nos anos 1980, que deu início à paixão em família por, literalmente, botar a mão nos carros. Em 1986, criou, usando um espaço dentro de uma revenda de veículos na Morada do Vale, a Hangar. Era uma oficina simples na aparência, mas inovadora na proposta. Paulo foi o primeiro instalador de som automotivo da região.
— Eu mexia muito com a elétrica dos carros, sempre gostei de som, gostava de festas. Mas sentia que as auto-elétricas não se interessavam por isso. E quem precisava, ficava como? — lembra.
Deu muito certo a percepção dele. Logo, a esposa, Brígida Maria Rosa Porto, 51 anos, também estava administrando os negócios. E Henrique, hoje com 33 anos, aos dez, lembra o pai, já vivia com as mãos engraxadas. Sabia praticamente desmontar um carro. Natural que seguisse o ofício do pai.
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Foi o único dos quatro filhos que seguiu na empresa, hoje baseada no Parque dos Anjos, e, exatamente como Paulo havia vislumbrado, há muito tempo uma referência em som automotivo e agora também como auto-center.
— No começo, o pessoal procurava para instalar rádio mesmo. Queriam ouvir a Gaúcha, a Caiçara dentro do carro. Mas, com o tempo, esse mercado evoluiu e virou uma febre entre os anos 90 e o começo dos anos 2000. Como já tínhamos experiência, logo viramos a referência — conta o proprietário.
A Hangar foi reconhecida com prêmios em concursos de som automotivo na região e no restante do Brasil. Isso até a legislação tornar-se mais restritiva neste tema.
— Nunca defendemos o equipamento de som como uma forma de atrapalhar a liberdade do outro. Se a pessoa quer equipar o seu porta-malas com um grande equipamento de som, nós fazemos, mas tudo tem que ser feito respeitando o que a lei diz, e principalmente respeitando o próximo — argumenta Henrique Porto.
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E já que, aos poucos, a onda dos sons potentes em carros baixou, a Hangar Center Car também se atualizou. Entrou com força no mercado de peças, elétrica e eletrônica, além de baterias. Virou uma espécie de shopping Center completo para o seu carro.
— Nos adaptamos e não tivemos perdas. De certa forma, o espaço que perdemos com o som, foi ocupado com o auto-center. E a nossa perspectiva é de ainda mais evolução — avalia Brígida Porto, 51 anos, esposa de Paulo e sócia na Hangar.
Uma mostra da força da marca foi reconhecida no ano passado, quando a empresa foi a vencedora do Marcas e Líderes de Gravataí, tendo sido finalista nos anos anteriores.
Para dar conta do crescimento, em julho deste ano foi inaugurada a filial da Hangar, com sede própria, na Avenida Centenário. Desta forma, o atendimento agora será setorizado. Na Avenida Ely Corrêa, onde está a matriz, o atendimento será mais direcionado ao mercado de peças e baterias. Já na Centenário, são executados, de fato, os trabalhos de instalação e ajustes nos veículos.
— Hoje em dia, para mexer na eletrônica embarcada nos carros é preciso ser especializado, ter os equipamentos corretos e lidar com toda a tecnologia possível. Diversas vezes um cliente leva uma bateria para instalar em casa e, daqui a pouco, desajusta todo o veículo. É vidro que não abre, que trava. Ou vai trocar uma lâmpada do carro e nada mais liga depois. Nosso serviço oferece essa especialização e excelência — garante Paulo Porto.
Quem comanda a nova loja é o Henrique e, como tudo se decide em família entre os Porto, mesmo que o filho já não esteja trabalhando diretamente na matriz, a esposa dele, Vanessa Porto, 30 anos, é a responsável pelo setor administrativo da loja.
A bandeira das pontes
Com a Hangar bem às portas do bairro Parque dos Anjos, o clima na família é de expectativa quanto aos próximos anos e a perspectiva de duplicação das pontes de acesso ao bairro. Desde que chegou ao Parque, em 2002, Paulo detectou o grave problema de isolamento da região e foi à luta.
— O comerciante deste lado das pontes fica isolado, porque o consumidor não vem até aqui pelo transtorno que é, e nós, ficamos limitados. Essa causa eu abracei desde que nos mudamos para o bairro — conta o empresário.
: Paulo Porto liderou os primeiros movimentos pela duplicação das pontes | REPRODUÇÃO
Ele espalhou placas e cartazes com o pedido de duplicação e, em parceria com a associação de moradores, organizou protestos na região.
Sobre o futuro, Paulo é um otimista.
— Recebemos a duplicação da Centenário e ficou muito boa. Agora, é claro que teremos transtornos durante as obras de duplicação das pontes, mas elas precisam acontecer, e para logo. Eu acredito que todo o comércio da região vai se desenvolver e os imóveis vão valorizar. Será muito bom para dar ainda mais visibilidade ao nosso negócio — avalia Paulo Porto.