Quando a Tailana completou um aninho, o Leandro estava lá para registrar. Aos 15 anos, novamente, ele e sua equipe registraram a alegria da Tailana, e outra vez na formatura do ensino médio e da faculdade. Finalmente, no dia 12 de janeiro, o Leandro estará lá para registrar o casamento da Tailana.
— E este não é o único caso em que nós conseguimos registrar todos os momentos marcantes na vida de uma menina. Tem meninas que eu vi até mesmo antes dos pais, registrando os partos do Dom João Becker. São momentos que marcam para ela e também para mim, fica marcado. Porque a minha missão é fazer as pessoas felizes — diz o fotógrafo e cinegrafista Leandro Miguel de Souza, 47 anos.
Há 27 anos, ele e a esposa, hoje com sete funcionários, comandam a LM Produções, em Gravataí. Boa parte das histórias pessoais da região, estão registradas pelas lentes da LM em álbuns coloridos ou vídeos marcantes.
— O segredo é fazer sempre como se fosse para si mesmo o material, com o cuidado e o capricho que se teria para si. Porque não é o dinheiro que me move, não é um peso, é um prazer — diz.
Desde 1990, quando o pai foi contemplado no primeiro mês de consórcio por uma filmadora Sharp, a relação do Leandro, que é contador por formação, com as imagens foi de amor a primeira vista. Em pouco tempo, já havia definido que filmar — e mais tarde também fotografar — seria a sua profissão. Os “boletos”, como ele diz, da empresa, ficam sob responsabilidade da esposa.
Até velório…
E aí, a trajetória da LM Produções segue o roteiro daquele dito popular. Podem chamá-los para aniversário, 15 anos, batizado, formatura, casamento… Só não chamem, opa, também já fizeram velório e até registros de exumação de um corpo para que as imagens constassem em um processo.
— É claro que é um pouco diferente o registro que preparamos para um velório. São depoimentos de condolências, quase como um documentário, o epitáfio daquela pessoa. Tem que ter um cuidado todo especial e respeito pelo momento delicado — explica.
A única restrição que o Leandro impôs desde o começo da LM Produções, e que coincidiu com o boom do mercado de produções locais, foi no momento em que convidaram a LM para filmar pornô. Na opinião do empresário, se aceitasse aquele convite, certamente fecharia as portas para aquilo em que é especialista: as produções de 15 anos, infantis e casamentos.
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Mas eles não se limitam aos eventos. No currículo da LM Produções há trabalhos com futebol — era o Leandro quem editava os vídeos de expulsões do volante Dinho quando o Grêmio precisava defendê-lo no tribunal —, política, shows e até a cobertura ao vivo, no começo dos anos 1990, de um rodeio em Capão Grande.
Com a ajuda de um amigo, Leandro filmava as provas do rodeio e, por uma antena, transmitia para os televisores portáteis nos acampamentos ao longo do parque de rodeios.
— Aquela, eu diria, que foi a minha primeira transmissão ao vivo. Depois, no período em que o Parcão sediava grandes shows como o Titãs, Paralamas, eu filmava para os telões, com uma estrutura mais complexa, mas seguindo o mesmo princípio — conta.
No ritmo da atualidade
A inspiração para a equipe da LM Produções vem das novelas. Principalmente no momento de trabalhar a iluminação e preparação de uma cena.
— O padrão da Globo é altíssimo. Não sou muito de assistir novelas, mas eu gosto de analisar as cenas e o trabalho todo que é feito na preparação. Isso me inspira muito mais do que, por exemplo, trabalhos de fotógrafos renomados — comenta.
É que, mesmo em tempos de smartphones com câmeras super modernas, filmadoras cada vez mais portáteis e práticas, a LM Produções mantém o prestígio na região. Na opinião de Leandro, é porque eles conseguem compreender o que realmente mudou.
Segundo ele, aqueles vídeos em parques ou outros lugares a céu aberto para serem rodados nos 15 anos continuam na moda. A diferença está no formato.
: Cenários diferentes, com os quais as meninas se identifiquem, são a tendência | DIVULGAÇÃO
— O ritmo mudou. Hoje, um vídeo precisa ser dinâmico, ter o movimento e a velocidade que as meninas exigem. Antes de fazer qualquer trabalho, nós conversamos fazendo uma espécie de entrevista com cada menina ou, no caso de casamentos, com cada casal, para conhecer bem o perfil deles e conseguirmos imprimir no trabalho essa marca. A personalidade precisa aparecer no vídeo e nas fotos, e aí elas aprovam. Não se aceitam mais aqueles vídeos lentos, com cenas repetidas e um tom meio conservador. Elas querem cenários em que realmente se sintam à vontade e, principalmente, que se identifiquem — conta.
Enquanto isso, em uma das telas do estúdio passava o vídeo de 15 anos de uma menina gravado no Estádio Beira-Rio. Nada de vestido de princesa e outros retoques clássicos. Ela corria sorridente com a camisa do time do coração.
