coluna do silvestre

COM VÍDEO | Mobilidade: em cinco anos a cidade toda vai parar

Arquiteto e urbanista Rui Mineiro (direita), um dos painelistas do seminário realizado pela Acigra e que termina amanhã, disse que mobilidade é um dos graves problemas de Gravataí

A cidade de Gravataí se desenvolveu ao longo e às margens da RS-030, desde Cachoeirinha que sequer havia sido emancipada ainda. Quando se fala RS-030 de antigamente, leia-se avenidas Flores da Cunha, Dorival Cândido Luz de Oliveira, parte da RS-118 e avenida Centenário. Dali, até Osório, passando por Glorinha e Santo Antônio da Patrulha.

E foi um crescimento “meio que desordenado”, na opinião do arquiteto e urbanista Rui Mineiro, um dos painelistas de ontem à noite do Seminário Gravataí do Futuro – Desenvolvimento Integrado, realizado pela Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Gravataí (Acigra). Mineiro abordou o tema “Evolução Urbana da Cidade”, e enfatizou que a questão da mobilidade é a mais grave a ser enfrentada.

O perímetro urbano de Gravataí, de acordo com Rui Mineiro, tem 20 quilômetros, entre Cachoeirinha e a parada 107 da RS-030. E cerca de 13 destes 20 quilômetros estão totalmente ocupados, seja por moradias ou estabelecimentos comerciais, industriais e de serviços. Segundo Rui Minieiro, há falta de conexões ao longo destes dois terços urbanizados do perímetro urbano relacionado.

— A falta de planejamento, principalmente nas décadas de 70 e 80, fez com que não existam conexões entre os bairros, impede que os bairros “conversem” entre si, através de ligações viárias. Há quarteirões, por exemplo, que têm mais de um quilômetro, e esse é apenas um dos problemas – disse Mineiro.

 

Prazo de validade

 

Assim como em outras cidades, de médio e grande porte, Gravataí sofre com a questão da mobilidade e, na opinião do especialista, este é um dos principais problemas do município. Rui Mineiro chega a projetar que, se nada for feito a curto prazo para resolver os problemas de mobilidade, em cerca de cinco anos a cidade “vai estar com tudo parado, vai ser o caos”.

Ele fez a afirmação levando em conta estatísticas dos órgãos oficiais de trânsito do estado que apontam um crescimento, na frota de Gravataí, de 20 veículos em média por dia.

— Esssa é uma das importâncias deste seminário, que propõe que a gente discuta exatamente questões como essas. Por exemplo, nós precisamos fazer a cidade para as pessoas, e não para os automóveis — afirmou.

Para exemplificar o caos que projeta, Rui Minieiro lembrou que atualmente são cerca de 750 vagas no estacionamento rotativo no centro de Gravataí. Ao mesmo tempo, o tipo de empreendimento que mais cresce na cidade é, exatamente, o de estacionamentos particulares que surgem às custas, às vezes, da derrubada de prédios antigos e que são importantes para a história de Gravataí.

— É carro, carro, carro, carro… Não dá mais! Tem prazo de validade, tem vida curta este modelo! Mudar o que já está consolidado em termos de urbanismo não dá, mas podemos fazer melhor o que pode ser mudado — sentenciou.

 

Modelo misto

 

A solução? De acordo com Mineiro o que está feito, está feito. Já temos uma cidade consolidada. O que pode resolver, pelo menos em parte e de olho no futuro, é que a partir de agora toda a ação que for pensada deve ter a intenção de mudar a configuração do que aí está. Se não mudar, que sejam criados novos mecanismos para facilitar a questão da mobilidade, que é o mais grave embora não seja o único que mereça atenção.

— No Plano Diretor do ano 2000 se criaram modelos estanques, em que as áreas residenciais são apenas residenciais e industriais são apenas industriais. Isso não é bom. O ideal é que se tenha um modelo misto, em que as pessoas possam morar perto do local em que trabalham e, ao mesmo tempo, tenham acesso ao comércio e serviços públicos — afirmou.

 

HOJE E AMANHÃ NO SEMINÁRIO

 

 

Transporte público

 

Mesmo admitindo que Gravataí tem um dos melhores serviços de transporte coletivo urbano, Rui Mineiro alertou que é importante mudar o modelo para que se tenha a curto prazo uma qualidade ainda melhor.

— Das cidades da Região Metropolitana, hoje, o nosso transporte é dos melhores, mas ainda está aquém das nossas necessidades — faliu o arquiteto e urbanista de Gravataí.

A melhoria, garante, pode se dar a partir da integração do transporte público com outros modais. Uma das alternativas seria o incentivo ao uso de bicicleta para o deslocamento das pessoas.

— Se a gente parar para analisar, vamos ver que é grande o número de pessoas que utiliza bicicletas para ir trabalhar. Poderiam usar muito mais e para outras finalidades se houvesse um aparelhamento, por exemplo, em que pudessem deixar suas bicicletas para tomar um ônibus para percorrer um outro trajeto.

A existência de ciclovias e uma discussão visando a implantação de transporte coletivo em pequenos trechos alternativos da cidade também são recomendações feitas pelo especialista em mobilidade. Estes pequenos trechos, integrados com o transporte principal com a finalidade de facilitar e agilizar o deslocamento dos usuários do sistema, sem que isso signifique tarifas absurdamente caras.

 

Confira no vídeo abaixo a entrevista, para o Seguinte:, em que Rui Mineiro classificou a questão da mobilidade urbana como extremamente preocupante.

 

 

 

 

 

 

Participe de nossos canais e assine nossa NewsLetter

Facebook
WhatsApp
Twitter
LinkedIn
Pinterest

Conteúdo relacionado

Receba nossa News

Publicidade