Começou pela fachada do prédio principal que recebeu nova logomarca ao lado do nome da instituição, seguiu pela convocação dos cerca de 900 funcionários para as fotos dos novos crachás e chegou aos documentos e memorandos internos, agora com a logotipia na forma de uma cruz estilizada, e na cor azul.
Estas são as mudanças mais perceptíveis, para quem é de fora, nos primeiros 15 dias em que a Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre está no comando do Hospital Dom João Becker, de Gravataí. De resto, apenas a mudança no cargo de Fabiana Cristina Dressler, antes diretora e, agora, gerente hospitalar.
E reuniões.
Principalmente em Porto Alegre onde a cúpula do Dom João Becker (leia-se Fabiana Dressler e o médico diretor-técnico Marcelo Pasa) já esteve por duas vezes para conhecer a direção da Santa Casa e os novos colegas da área administrativa.
— Fomos muito bem recebidos, lá, pelos colegas de gestão de pessoal, financeiro, de todos os setores. E isso inclui a direção da Santa Casa — disse Fabiana para o Seguinte:, acrescentando que neste período de pouco mais de duas semanas a transição tem sido “muito tranquila”.
— Um processo inicial, de transição, muito mais tranquilo do que estávamos imaginando, Sem grandes mudanças — disse a gerente do Dom João Becker, cargo equivalente aos administradores dos outros sete hospitais do complexo da Santa Casa de Misericórdia.
Ecobags
Logo nos primeiros dias os funcionários do Dom João Becker foram chamados para posarem para as fotos dos novos crachás. Do total, 745 já passaram pelo procedimento, ocasião em que receberam um kit de boas vindas da nova direção formada por uma ecobag (sacola ecológica mesmo, na tradução livre), um copo com o logotipo da Santa Casa, o código de conduta da fundação e a Santa Revista, publicação da instituição.
Na parte que não se vê – ou pelo menos quem está do lado de fora das salas da administração não enxerga – está o trabalho de adequação legal, como a alteração do Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ), alvarás e licença de funcionamento e as alterações de contratos com prestadores de serviços e fornecedores.
— A ideia inicial, que estamos conseguindo fazer, é manter o hospital funcionando sem qualquer intercorrência. Nem médicos ou funcionários perceberam qualquer situação anômala, diferente do que vinha sendo praticado, desde que a Santa Casa assumiu — contou.
AO QUE INTERESSA
Mudança no quadro funcional:
— Para este primeiro momento não tem nada previsto. E não há nada planejado sobre demitir ou contratar a curto prazo. O que não quer dizer que não vá acontecer, mas ainda não está nada decidido e isso vai depender muito dos estudos que estão sendo feitos na área de prestação de serviços. O número de colaboradores que pode ser demitido ou que eventualmente vai ser contratado depende destas avaliações que visam estabelecer o compartilhamento de serviços.
Exames e laboratórios:
— Está sendo feita uma análise minuciosa dos serviços prestados pelo Dom João Becker e que podem ser compartilhados com a Santa Casa. Ou seja, áreas de atendimentos que não estão disponíveis aqui em Gravataí e que podem ser supridas pela estrutura de Porto Alegre, ou ao contrário, podem ser compartilhadas como forma de otimizar e agilizar os serviços. Tanto clínicos e laboratoriais quanto administrativos.
Bairros e vilas
— A pedido do prefeito de Gravataí, Marco Alba (PMDB) – feito quando foi dada a largada nas negociações – está sendo estudada a forma como a Fundação Santa Casa de Misericórdia vai contribuir para melhoria nos serviços prestados pelo município nas Unidades de Pronto Atendimento, as UPAs – da parada 74 inaugurada no começo do ano passado e das Moradas, na RS-020, prevista para abrir as portas em 2019 – e nas Unidades Básica de Saúde (UBSs) espalhadas pela cidade. A ideia é que nestes locais seja prestado o atendimento inicial, de forma que sejam preservados os serviços de urgência e emergência do Dom João Becker para os casos que realmente representam riscos à vida.
Doação de sangue
— Até agora e uma vez por mês um ônibus saía de Gravataí com voluntários para realizarem a doação de sangue no Hemocentro, em Porto Alegre, com o qual o Dom João Becker mantinha convênio. Está decidido: o ônibus continuará levando os voluntários à capital, para doações, porém o destino será o Banco de Sangue da Santa Casa de Misericórdia.
De 200 para 1.200 leitos
— Sim, a estrutura do Dom João Becker passa dos atuais 200 leitos para cerca de 1.200, contando com os da Santa Casa de Misericórdia. Porém, com um detalhe importante: Sem necessidade de passar pelo serviço de regulação do estado para os casos de internações particulares ou convênios. No caso dos pacientes atendidos pelo Serviço Único de Saúde (SUS) a transferência do Dom João Becker para a Santa Casa vai depender, sim, da regulação do estado. É que são serviços prestados ao SUS em municípios diferentes e o SUS determina que, neste caso, o paciente que necessitar de internação em um estabelecimento hospitalar que não esteja no seu município de origem, passe pelo serviço de regulação que é quem vai determinar para onde ele será destinado, o que depende da disponibilidade de leitos. Pode até ser para a Santa Casa, mas quem vai determinar isso é a regulação.
Duas décadas
— Pelo acordo de doação onerosa feita à Santa Casa de Misericórdia, todas as religiosas da Congregação das Irmãs do Imaculado Coração de Maria passaram a contar com assistência médico-0hospitalar pelos próximos 20 anos. São cerca de 600 irmãs espalhadas em diferentes cidades gaúchas e atuando nas áreas de educação e assistência social. Somente em Gravataí, então como diretoras do Hospital Dom João Becker, eram cinco religiosas que estão sendo transferidas para outros municípios.
Confira a entrevista de Fabiana Dressler para o Seguinte: sobre os primeiros dias do Dom João Becker sob a administração da Santa Casa de Misericórdia.
QUEM É ELA
1
A gerente hospitalar do Dom Doão Becker, Fabiana Cristina Dressler, é formada em Administração Hospitalar desde 2003 pela Universidade do Vale dos Sinos, a Unisinos.
2
Casada, residente em Viamão, ela é mãe de um filho de 10 anos e, sobre ele, brinca: “Lógico que ainda não está namorando, mas já andou falando nisso. Dá para acreditar?”.
3
Antes de vir para Gravataí, Fabiana Dressler trabalhava desde 2008 no Hospital de Viamão, à época pertencente à Congregação das Irmãs do Imaculado Coração de Maria.
4
Fabiana foi transferida para Gravataí como gerente administrativa-financeira. Passou a ocupar o cargo de direção há cerca de três anos.
5
O cargo que ocupa agora, de gerente de hospital, não é um rebaixamento de posto em relação ao de diretora, que ocupava até 31 de julho. É que todos os hospitais da Santa Casa possuem como nível máximo os gerentes hospitalares, nas áreas administrativa e técnica.