do tempo do epa

COM VÍDEO | Tá cheio de quinquilharias na lojinha do Léo

Léo Renato Kaiser é um ex-caminhoneiro que agora se dedica ao comércio de antiguidades em uma lojinha que tem na Estrada Itacolomi

O espaço é pequeno. Exagerando, deve ter uns dois metros e meio de largura por uns três, ou três metros e meio, de frente a fundos.

Era o abrigo do carro da família que dono do imóvel fechou nas laterais, nos fundos, e colocou uma porta grande, na frente.

Dentro, um colírio para os olhos de quem gosta de quinquilharias antigas e utiliza estes objetos do século passado, quase todos, na decoração de casas, apartamentos, escritórios, empresas em geral.

Quem atende normalmente é o dono, Léo Renato Kaiser Pereira, que não tem nada a ver com a marca de cerveja que era produzida em Gravataí.

Aos 61 anos, Renato, como prefere ser chamado, é um artesão dono de antiquário que largou a profissão de motorista e tem loja há cerca de dois anos na Estrada Itacolomi, 4.049, bairro Santa Cruz, após o campus da Universidade Luterana do Brasil, a Ulbra.

A reportagem do Seguinte: chegou como quem não quer nada, só para bisbilhotar. Mesmo ouvindo a afirmação de que a gente só queria olhar, Renato Kaiser foi bastante atencioso e explicou origens, informou valores, mostrou o funcionamento de algumas peças…

Se mostrou um comerciante, como um bom comerciante deve ser.

 

O gramofone

 

Casado, pai de três filhos e com quatro netos, Renato garante que a renda do seu pequeno comércio de antiguidades, mais a renda do trabalho da esposa, é satisfatória para manter a família com uma qualidade de vida que considera razoável.

Enquanto uma das filhas, Débora Araújo Pereira, espia do canto da porta depois de nos identificarmos como repórteres, Renato conta que os objetos que vende são procedentes, principalmente, do interior do estado para onde viaja com relativa frequência com a finalidade de garimpar peças para vender na lojinha.

Mas tem de outros estados, como São Paulo, Santa Catarina.

E tem de tudo!

De moedor de carne à manivela, ferro (com brasas de carvão) de passar roupas, máquinas de escrever (que muitos jovens nem sabem para o que serve se encontrarem com uma!), máquinas fotográficas do tempo do “ariri-pistola”, telefones à disco e – pelo menos um – que se poderia dizer que é pré-histórico!

Tem disco de arado, adaga, uma curiosa corrente com pouco mais de dois metros e elos gigantes que a fazem pesar bons 70 quilos, filmadora da “era do epa!” e, pasmem: até um gramofone (a grafia de então era gramophone) acionado a manivela.

Tem que dar corda no aparelho para, depois, colocar o disco a rodar. Funciona. A meia boca, mas funciona.

Nada que uma “recauchutagem” não deixe o equipamento em condições de tocar um disco de 78 rotações por minuto (RPM), da RCA Victor, com a música Carinhoso interpretada pela potente voz de Orlando Silva.

 

: Tem telefones antigos na "Antiguidades do Léo". O da foto, diante da modernidade, pode parecer pré-histórico

 

Os clientes da “Antiguidades do Léo”, nome da loja, são de todas as classes sociais e os objetos que levam, segundo ele conta, têm justamente a finalidade de decorar salas, banheiros, serem colocados num quarto para dar um “ar mais retrô”. Como as bases de ferro das antigas máquinas de costura que são transformadas em aparadores para o hall do apartamento, ou sala, ou ainda servirem como lavatório, com pia e tudo.

— Vem gente de todo tipo, não dá para dizer se são pessoas com melhor poder econômico ou não. Tem muita gente que busca esses materiais mais rústicos, por exemplo, que eram usados na lavoura, para enfeitar as casas que têm em sítios de lazer — conta Renato Kaiser.

Antes de se estabelecer na Estrada Itacolomi e depois de abandonar a boleia dos caminhões, chegou a ter um depósito de ferro velho. Mas acabava guardando as peças que achava mais interessantes.

Por razões de doença, abandonou o negócio. Recuperado, partiu para a construção civil e, em seguida, passou a vender antiguidades em uma mini-feira do gênero da RS-020. Mas era só aos finais de semana e, como o negócio deu certo, resolveu montar sua própria lojinha.

 

Antiguidades do Léo, contada pelo próprio.

 

Os extremos

 

O objeto mais antigo que tem à venda é mesmo um vintage gramofone que, segundo Renato, foi fabricado em meados dos anos 30. É uma peça que veio de São Paulo e que está a venda por R$ 400,00.

Já a mais cara é uma escultura, ou estátua, estilo carranca, que teria sido trazida ao Brasil por um empresário. A peça é originária da Jamaica e chegou ao país pelo porto de Itajaí, em Santa Catarina.

— Está aqui em consignação. Ele adquiriu esta peça por R$ 1.800,00 mas como mudou e não tem lugar, resolveu vender por um terço do valor real. Quem quiser levar é só pagar os R$ 600,00 que ele está pedindo — diz Léo Renato Kaiser, como quem não vai ter participação no valor final da carranca.

E tem peças de decoração mais modernas.

Ou tinha.

Como a namoradeira que acabei comprando (foto abaixo) e hoje está na sala do meu apartamento.

 

O QUE: Antiguidades do Léo
ONDE: Estrada Itacolomi, 4.049
TELEFONE: (51) 98513 4612

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