coluna do silvestre

COM VÍDEO | Venda da sede vai acabar com a Sogra

Sede da outrora pujante Sociedade Orquidófila fica no centro de Gravataí, na rua Ary Tubbs. Reunião hoje pode decidir pela venda do imóvel

A veterana e outrora pujante Sociedade Orquidófila de Gravataí, a Sogra, como popular e carinhosamente ainda é lembrada, está com seus dias contados e ruma para a extinção. Um passo decisivo neste sentido vai ser dado neste sábado quando pode ser homologada a venda da sede da entidade fundada em 30 de março de 1955, há 63 anos, portanto.

Para se ter ideia de quanto a Sogra caiu no esquecimento com o passar do tempo, dos mais de 200 sócios – efetivamente orquidófilos – hoje restam apenas 70 e, de acordo com o médico e presidente, Floriano Castilho Cunha Torres, nenhum deles segue praticando a orquidofilia. Nem mesmo ele que tem, em seu consultório, a cerca de 500 metros da sede da Sogra, uma pujante orquídea que ganho como presente.

O presidente Floriano Torres diz que o cargo de mandatário da Sogra caiu em suas mãos quase que por acaso, e conta que das cerca de sete dezenas de associados atuais, o mais novo tem 75 anos e o mais velho chegou aos 90. Entre eles não há nenhum dos fundadores da Sociedade Orquidófila, entre eles Flávio Caroli, Tenente Apolo, Ari Bandeira do Amaral, Carmen Raup, Sinval da Rosa e Elson Maia.

 

A venda

 

A sede da Sogra foi avaliada por corretores imobiliários de Gravataí em R$ 1,4 milhão, mas deve ser vendida em assembleia marcada para o meio-dia deste sábado (28/4) por R$ 1,2 milhão, a melhor oferta recebida pela entidade. De acordo com o presidente, a provável compradora é a arquiteta Cláudia Oliveira, mas até a hora da reunião deste sábado estará aberto o prazo para novas propostas.

— O que vai ser feito no lugar eu não sei. Não nos compete e é uma decisão que cabe a quem adquirir o imóvel — disse o cirurgião, obstetra e clínico que manda na Sogra.

Floriano Torres, hoje aos 82 anos e morador de Gravataí desde 1963, lembra que quando presidiu o Lions Clube promovia reuniões do clube de serviço na sede da Sociedade Orquidófila. E conta que eram frequentes as reuniões dançantes e bailes que animavam boa parte da elite de Gravataí nas noites dos finais de semana.

 

: Médico Floriano Torres é o atual presidente da Sogra

 

Para entidades

 

Ainda de acordo com o presidente, a Sogra tem cerca de R$ 300 mil em caixa, dinheiro que vai se somar ao que for amealhado com a venda do prédio-sede que fica na rua Ary Tubbs, 579, em pleno coração de Gravataí. A extinção da Sociedade Orquidófila, porém, só vai se dar quando findar o dinheiro que a entidade vai destinar, aos poucos, para entidades filantrópicas e assistenciais de Gravataí.

A primeira que receberá um cheque de R$ 50 mil é o Asilo Nossa Senhora Medianeira. Depois, o Grupo de Escoteiros Murialdo receberá um cheque com igual valor e, por fim, a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) que mantém a Escola Cebolinha, receberá R$ 50 mil. O presidente Floriano não descarta a possibilidade de outras entidades serem ajudadas com o dinheiro da Sogra.

Para continuar recebendo valores da entidade em extinção, as entidades beneficiadas terão que apresentar um plano de aplicação do dinheiro recebido.

— Depois disso um grupo da diretoria da Sociedade Orquidófila vai verificar no local se o plano de aplicação foi realmente cumprido. Se isso aconteceu de fato, daí sim a entidade se habilita para continuar recebendo dinheiro — disse Floriano, sem fazer uma previsão sobre quando o dinheiro acabará e a Sogra será considerada oficialmente extinta.

 

PARA SABER

 

1

A reunião deste sábado para deliberar sobre a venda da sede da Sociedade Orquidófila de Gravataí está marcada para as 12h e vai acontecer no Restaurante Perdigão.

 

2

Até agora há apenas uma proposta de compra formalizada junto à diretoria da Sogra, da arquiteta Cláudia Oliveira, no valor de R$ 1,2 milhão. A avaliação do imóvel, segundo corretores da cidade, é de R$ 1,4 milhão.

 

3

Até a hora marcada para iniciar a reunião da diretoria da Sogra serão aceitas novas propostas de compra para o imóvel. Só depois os membros da diretoria vão avaliar a proposta, ou as propostas, e decidir se batem o martelo ou não.

 

NA MEMÓRIA

 

O texto a seguir é do colega jornalista Cláudio Wurlitzer cujo pai, Urbano Ernesto Wurlitzer, era um orquidófilo atuante que chegou a ser associado da Sociedade Orquidófila de Gravataí.

 

— Antes mesmo da Sogra, quando o Núcleo de Orquidófilos era ligado à Federação Gaúcha de Orquidófilos, Urbano Ernesto Wurlitzer fazia parte do grupo que apreciava, cultivava e participava de exposições.

— Ele fez parte do grupo que fundou a Sogra e construiu a sede na rua Ary Tubbs, 579, ao lado do Banrisul. Nas décadas de 1960 e 1970 as atividades eram intensas, com exposições de âmbito estadual, aqui em Gravataí.

— Também era um "compromisso" do pessoal daqui visitar outras cidades e expor seus exemplares de orquídeas. Porto Alegre, São Leopoldo, Novo Hamburgo e cidades do Vale do Paranhana estavam sempre nas agendas.

— Espécies raras, de alto valor comercial, despertaram a atenção e o interesse. Eram as mais premiadas. Outras, nem tanto, mas não deixavam de atrair os olhares dos visitantes e apreciadores do cultivo de orquídeas.

— Meu pai conquistou muitas medalhas, embora não tendo as espécies mais raras de orquídeas. Até os anos de 1970 ele mantinha um orquidário em casa e nós, seus três filhos, Paulo, eu e o Júlio, ajudávamos a cuidar e regar as plantas, conforme éramos orientados por ele.

— O seu Wurlitzer participou de uma das últimas exposições em Gravataí, em outubro de 1984. E faleceu no mês seguinte, em novembro desse ano, aos 62 anos.

— Eram comuns as conversas de fim de tarde, com ou sem chimarrão, com amigos também admiradores da arte. Sinval Dias da Rosa, Ottomar Burger, Walter Janssen, Tenente Apolo, entre outros, embora concorrentes, trocavam ideias para verem as plantas florirem cada vez mais bonitas.

— Lembro do quando lamentavam quando uma planta candidata a prêmio floria antes do tempo, ou por ela não florir no período de uma exposição. Mas fazia parte da atividade que tinha a primavera como aliada mas que, nem sempre, até por uma variação climática, propiciava os melhores exemplares para a saudável disputa entre os amigos.

 

: Diploma de 1957, do Núcleo, ligado ao Círculo Gaúcho de Orquidófilos

 

: Certificado obtido já como associado da Sogra, em 1967

 

Para ser orquidófilo

 

Orquídeas, as principais espécies e os segredos para cuidar das flores e montar um orquidário:

 

1. Orquídea Cattleya Labiata

É a orquídea nativa brasileira mais popular e desejada. Seu apelido é "rainha do nordeste".  As flores nascem no verão e são grandes, perfumadas e coloridas nos tons de lilás, roxo, albas, semialbas ou azuladas, explica o professor René Rocha, autor do livro ABC do Orquídofilo.

 

2. Orquídea Cattleya walkeriana

É a queridinha dos colecionadores pela sua forma arredondada e plana e um delicioso perfume que lembra canela. Esse tipo vive bem em temperatura intermediária, de 10º a 18º graus. Plante-as em substrato de rápida drenagem.

 

3. Orquídea Cattleya Intermédia

Outra brasileira que apresenta uma gama enorme de cores e efeitos, com flores médias e perfumadas em tons de lilás, roxo, rosa, albas, semialbas ou azuladas. Importante: elas requerem mais atenção, pois desidratam facilmente.

 

4. Orquídea Cattleya Haw Yuan Angel

De fácil cultivo em vaso pequeno, essa orquídea dá até quatro flores por haste, com tamanho de quatro centímetros. Além disso, elas duram uma média de 25 dias, ou seja, é um ótimo investimento para decorar a casa.

 

5. Orquídea Cattleya Julio Conceição

É a primeira híbrida branca feita no Brasil e seu nome é uma homenagem ao criador do Jardim Botânico de Santos, Julio Conceição. Essa orquídea dá muitas flores e tem fácil cultivo em substrato bem arejado. Um charme!

 

6. Orquídea Catlleya Mossiae

Esse tipo de orquídea gosta de clima ameno e floresce na primavera e no início do verão. Possui flores com variedades rosadas, albas e azuladas. As flores maiores têm aroma que lembra o alho. Dica: deixar em ambiente com ventilação.

 

7. Orquídea Brassocattleya Pastoral Innocence

Este é um tipo híbrido de orquídea, criado em 1961, e muito apreciado até hoje. É muito procurada para buquês de noivas por ter flores brancas e grandes, segundo Solange Menezes, presidente da Sociedade Orquidófila Cantareira (Socan), de São Paulo.

 

8. Orquídea Ryncholaeliocattleya Alma Kee

Sucesso de vendas desde sua criação, as flores dessa espécie são grandes e nascem duas vezes ao ano quando bem cultivada. A Tipmalee é a mais conhecida desse gênero.

 

9. Orquídea Laelia Purpurata

Esse tipo de orquídea, conhecida popularmente como "princesa do sul", exige frio para boa floração. Ela gosta de vasos bem rasos e substrato de drenagem rápida. Evite transplantes e cortes de mudas.

 

10. Orquídea Bifrenaria Harrissoniae

Esta espécie brasileira foge aos padrões tradicionais, por conta de suas pétalas diferenciadas, mas encanta os apreciadores e torna-se logo objeto de desejo. É uma orquídea de coleção, portanto, é encontrada em orquidários e exposições. Impossível não se apaixonar.

(Da Revista Cláudia – www.claudia.abril.com.br – Nov/2016)

 

Confira no vídeo abaixo a entrevista com o médico Floriano Tores, presidente da Sociedade Orquidófila de Gravataí, para o Seguinte:.

 

 

 

 

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