Foi o primeiro dia da professora Regina Maria Mensch como diretora da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Castro Alves, no interior do interior de Gravataí, a uns oito quilômetros da sede distrital de Morungava e da RS-020, a faixa de Taquara.
Foi a primeira vez que Marco Alba (PMDB), prefeito de Gravataí, esteve na escola, segundo ele mesmo afirmou justificando sua forma de governar em que a prioridade são as pessoas, na forma de serviços básicos.
E foi a primeira vez que um ministro do governo federal – não impossível mais muito improvável que aconteça de novo – esteve naquela escola do meio rural com a finalidade de anunciar uma benfeitoria, como é o caso do abastecimento de água potável.
Isso aconteceu na manhã desta terça-feira (2/1), primeiro dia útil de 2018, em uma agenda comunicada no final da sexta passada (29/12) e que pegou professores e autoridades municipais em meio a um feriadão.
A presença foi do ministro do Desenvolvimento Social do governo do presidente Michel Temer, o gaúcho ex-prefeito de Santa Rosa e atual deputado federal licenciado Osmar Terra (PMDB).
Depois de desembarcar do carro particular do prefeito e dirigido pelo próprio Marco Alba, o ministro Terra, ladeado pelo secretário Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional do Ministério do Desenvolvimento Social, Caio Rocha, anunciou água potável para a Castro Alves.
Da vertente
A estrutura da nova fonte d’água para a escola deve constar de um poço artesiano com reservatório e equipamentos para tratamento. Um investimento de aproximadamente R$ 6 milhões para as 225 escolas que têm problemas no abastecimento, no estado.
Em Gravataí, só a Castro Alves tem essa dificuldade.
Aliás, nem chega a ser um problema porque os cerca de 50 alunos e três professoras, segundo a nova diretora Regina, recebem a água de uma vertente que fica na propriedade da família da ex-diretora por 38 anos, Eloi Kauer da Cunha. Mas sem tratamento visando a total potabilidade.
A família de Eloi, há muitos anos, além de ceder a fonte construiu a estrutura de canos para levar a água até a escola. E ainda cuidava da manutenção da tubulação, algumas vezes rompida pelo maquinário durante patrolamento da via, ou pelo desgaste do tempo.
O tom das falas
Nos discursos, muita política e pouca água.
O prefeito Alba foi pródigo em elogiar por 16 minutos da sua fala os correligionários e autoridades presentes, como a adjunta da Secretaria Estadual de Educação, Iara Wortmann, e o seu amigo pessoal e visitante Caio Rocha, mas rasgou loas, mesmo, para o ministro Osmar Terra e sua forma de administrar os recursos do Desenvolvimento Social.
Confira no vídeo abaixo uma pequena parte do que o prefeito Marco Alba disse sobre o ministro Osmar Terra.
Fogo pesado no PT
Já o médico-ministro-ex-prefeito e atual deputado federal Osmar Terra fez um amplo relatório sobre os feitos da sua pasta ministerial ao longo de quase 15 minutos, contando principalmente que de 2014 para o ano passado o governo federal passou um orçamento que havia sido reduzido a menos de R$ 200 milhões, para cerca de R$ 300 milhões.
E centrou fogo de artilharia pesada nos governos passados dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff (ambos do PT), que teriam reduzido a riqueza do país e feito o que chamou de marketing político, com a implementação de programas sociais, especialmente o Bolsa Família.
— Eu virei ministro em maio de 2016 com a metade do orçamento de 2014. No ano de 2015 nós tivemos R$ 1,9 bilhão colocados no Ministério do Desenvolvimento Social, para a área do Sistema Único de Assistência Social. Com toda a crise e os cortes determinados, conseguimos elevar esse orçamento para R$ 2,6 bilhões. E este ano que passou fechamos com o recorde de R$ 3 bilhões, o maior volume de recursos colocado na área da assistência social de toda a história — disse Terra.
Confira o que o ministro Osmar Terra falou acerca das verbas do MDS e as críticas que fez ao programa Bolsa Família.
E a água?
O novo sistema de abastecimento de água para a Escola Castro Alves – único estabelecimento de ensino de Gravataí que necessita e vai ser beneficiado – ainda não tem data para ser implantado, segundo a secretária municipal de Educação, Sônia Oliveira.
— Como é um convênio, entre os governos federal e estadual, essa é uma obra que vai ser feita pelo estado. A gente ainda não tem esses detalhes — disse a secretária Sônia.
O investimento faz parte do programa Água Para Todos, do governo federal, com verbas específicas no item da “universalização de acesso à água nas escolas rurais”.
AS FALAS
O que disseram as autoridades na solenidade que iniciou com 50 minutos de atraso – o início estava previsto para as 11h – e durou exatamente uma hora e 15 minutos.
— A água é fonte de saúde, por isso esse momento é muito importante para os nossos alunos e a comunidade.
Secretária municipal de Educação, Sônia Oliveira.
— Como é bom começar o ano assim, com boas notícias. E esta é uma ação muito importante porque beneficia as crianças de uma escola do meio rural.
Vereador Paulinho da Farmácia, representando a Câmara Municipal.
— A nossa escola é muito pequenininha, mas a instalação de um sistema para abastecer com água potável é de uma importância muito grande, principalmente para os nossos alunos.
Regina Maria Mensch, professora em seu primeiro dia como diretora da Castro Alves.
— É um gesto que parece simples, mas que vai mudar a vida das crianças e professores desta escola e desta comunidade.
Jones Martins, deputado federal (PMDB).
— Estamos felizes porque estamos trazendo vida para esta comunidade. Vida, sim, porque água é vida!
Iara Wortmann, secretária estadual adjunta de Educação.
Confira a reportagem do Seguinte: na solenidade de hoje na Escola Castro Alves, na Fazenda Vargas, interior de Morungava.