a duplicação

COM VÍDEOS | RS-118, a estrada nunca duplicada

Principais obras em andamento na duplicação da RS-118, entre Gravataí e Sapucaia, atualmente, são as construções das elevadas e viadutos

A RS-118, trecho compreendido entre a Freeway, em Gravataí, e sua ligação com a BR-448, em Sapucaia do Sul, é um verdadeiro canteiro.

Literalmente.

Canteiro de placas de sinalização alertando para incontáveis desvios.

Canteiro de mato, em boa parte do percurso, tanto nas laterais quanto a vegetação que cresce entre as pistas em uso.

Canteiro de lixo, especialmente em Sapucaia do Sul nos seus primeiros cinco quilômetros.

Canteiro de casas que surgem feito inço nas áreas de domínio, como em Gravataí (altura do Morro do Coco) e em Sapucaia (imediações do viaduto sobre a linha do Trensurb).

Canteiro de perigo, de trânsito pesado, de gente que cruza a estrada evitando as sucateadas passarelas (de novo em Sapucaia!), de buracos, de motoristas afobados, com pressa, irresponsáveis.

E, vamos lá, com muito boa vontade, até canteiro de obras! Em pontos específicos e notadamente onde estão sendo construídos viadutos e elevadas e alças de acesso…
 

Tudo de novo

 

Assim como fez na primeira quinzena de novembro passado e no começo de janeiro deste ano, a reportagem do Seguinte: percorreu nesta sexta-feira – por cerca de três horas, os 22,5 quilômetros da rodovia Mário Quintana ou, popularmente, a RS-118, cujas obras de duplicação foram iniciadas há cerca de 10 anos e, mesmo assim, ainda devem demorar para serem totalmente concluídas.

Por etapas!

Partindo de Gravataí, de sob o viaduto da Freeway e em direção a Sapucaia, o primeiro sinal de obra em andamento está a cerca de 200 metros do trevo com a RS-030, também denominada como avenida Centenário. O que deve ser a segunda pista está com a “cancha” pronta para receber o asfalto.

Mas a pista velha continua um “salve-se quem puder” para os amortecedores, pneus e paciência dos condutores!

Muitos desníveis e buracos judiam bastante dos automóveis, e os muitos-e-muitos caminhões deixam o trânsito lento e irritante. Mais próximo do Morro do Coco cerca de 15 homens com máquinas e caminhões da Encopav Engenharia (de São Leopoldo) finalizam o que deve ser o trevo de acesso ao Atacadão.

O passofundense Hilário Rigo, coordenador dos trabalhos e encarregado da execução da terraplanagem, diz que sua equipe está no trecho há cerca de 15 dias e que, por ser um relativamente pequeno, tem prazo até a sexta-feira que vem para entregar o serviço.

Não vai mudar muito a situação dos motoristas que trafegam pelo local pois deverão continuar utilizando a velha e sucateada pista asfaltada e de mão dupla. É que logo adiante uma série de construções, inclusive comerciais, estão na faixa de demomínio por onde deve passar a nova via – a duplicação.

Além do mais o local é topograficamente irregular (o lado direito fica quase dentro de um buraco!), o que vai exigir tempo e material para deixar a pista em condições de receber o asfalto ou a cobertura de cimento.

 

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Nas imediações da obra encontramos o casal Rudinei Alves Silveira, 56 anos, e Ana Lúcia Ferreira da Silva, 49, vendendo pastéis e lanches em geral, além de café e refrigerantes. Os dois vêm todos os dias do Passo da Caveira (parada 103 da RS-030), onde residem.

Rudinei conta que está desempregado e que trabalhava para a Triunfo-Concepa, como motorista de caminhão. Quando a companhia abandonou a obra de duplicação da rodovia e o dispensou, a opção foi vender lanches para tentar sobreviver.

— Vim para ficar um dia, e acabei ficando. O que a gente ganha aqui dá para sobreviver — conta, dizendo que faz ponto no local há quase um ano, sempre das 6h às 14h.

 

 

Na avenida Brasil

 

E a pista velha de mão dupla e asfalto repleto de fissuras, ondulações e buracos continua serpenteando o trecho urbano de Gravataí. Sem sinal de duplicação. Nem mesmo sob o viaduto que dá vida à avenida Dorival de Oliveira, onde o mato cresce e o lixo se acumula.

É no cruzamento com a avenida Brasil que o cenário começa a mudar e são maiores as evidências de que as coisas não estão paradas,. Pelo menos não tão paradas. No semáforo o motorista já passa a tragefar pela nova pista concretada até o cruzamento com a Estrada Itacolomi.

Neste ponto é que está em execução a maior obra de todos os 22,5 quilômetros, que é a segunda elevada para o fluxo de veículos – sentido Sapucaia-Gravataí. A primeira já está pronta.

Esta segunda está com mais de 50% das obras concluídas e, de acordo com o mestre de obras Reinaldo Rodrigues, da Construtora PréMold, de Sapucaia do Sul, até novembro que vem todo trabalho deve estar pronto.

— E até março de 2018 temos que entregar os muros laterais da via, de contenção, e das cabeceiras das elevadas — conta Reinaldo, assegurando que a construção “está em um ritmo bom”.

Aliás, nos dias 26 e 27 deste mês o trânsito será interrompido na Estrada Itacolomi para que possam ser erguidas e colocadas no lugar 10 vigas de concreto, com 30 metros e 42 toneladas cada uma, para sustentação da pista de rolamento nos dois vãos ainda a descoberto.

 

Bergamotas

 

Quem passa pela região na RS-118, seja nos trechos de asfalto velho, pista nova de cimento, ou nas novas pistas laterais também de asfalto, passa por todo tipo de ambulante, desde vendedores de rapaduras, de água e refrigerantes, até de frutas como bergamotas.

Depois das vistosas elevadas em obras sobre a Estrada Itacolomi, é desvio direto até o Parque dos Eucaliptos. As estruturas dos viadutos sobre um riacho e a RS-020 estão construídas há cerca de três anos mas continuam ligando o nada a lugar algum. Mato e lixo e pedras estão no lugar das cabeceiras.

No trecho de pista nova que vem a seguir – sempre no sentido de Sapucaia – registramos apenas uma mostra dos muitos buracos que já se abriraram e das fissuras existentes nos trechos novos, de concreto, que estão sendo utilizados como desvio pelos motoristas.

 

 

As melancias

 

No desvio seguimos até o acesso à avenida Marechal Rondon, onde duas elevadas devem permitir que a RS-118 cruze sobre a via que vai ligar com a Estrada Henrique Closs, de acesso à Eletrosul e ao Aterro Sanitário Santa Tecla. A elevada no sentido de Gravataí está com as obras paradas.

Ao lado dos tapumes, duas placas. Uma, do governo do Estado, informando que a obra iniciou em 3 de outubro de 2011 e tem término programado para 6 de janeiro do ano que vem. A outra aponta que a execução é responsabilidade da empresa Engenharia de Pesquisas Tecnológicas (EPT), de Porto Alegre.

E jogado próximo aos tapumes, uma terceira placa onde se lê “melancias – três por R$ 10,00”. Veja no vídeo acima. Um resquício do forte comércio da fruta anotado pelo jornalismo do Seguinte: na reportagem publicada em 14 de novembro passado.

 

Alças de acesso

 

Ainda em território gravataiense – mesmo que do outro lado o município já seja o de Cachoeirinha, outro ponto de obras em evolução é na elevada e trevo de acesso da Estrada Ritter – que vem do distrito industrial de Cachoeirinha – à RS-118. As elevadas estão prontas e segundo funcionários da Sultepa, entre 30% e 40% das alças de acesso está executado.

Mais adiante, na divisa de Cachoeirinha com Sapucaia do Sul, uma galeria de canos está sendo aterrada para dar vazão ao Arroio Sapucaia e para que a duplicação possa ser feita naquele ponto. Segundo Rodrigo Rodrigues Veigas, cerca de 50 funcionários da construtora estão trabalhando há cerca de 10 meses num trecho de seis quilômetros que deve ficar pronto até o final do ano que vem.

É o último sinal de esperança no restante do trecho, até o ponto no qual a RS-118 se funde com a Rodovia do Parque, como é chamada a BR-448. Desde esta obra e pelo restante do caminho não há mais homens trabalhando, e a única evidência de que a estrada deve ser duplicada está na retirada de construções em pelo menos dois trechos, já na zona urbana.

Uma construção de grande porte que deve ser executada é de um viaduto sobre as linhas do Trensurb (avenidas Sapucaia de um lado e Leônidas de Souza de outro, quase sobre a Estação Luiz Pasteur), na direção da BR-448.

Aliás, quem sai da RS-118 e ingressa na Rodovia do Parque ainda que seja apenas para fazer o retorno, fica com inveja das execelentes condições daquela estrada inaugurada pela ex-presidente Dilma Rousseff em dezembro de 2014, com toda pompa e circunstância.

 

Acidentes

 

Há muitos casebres e prolifera nas laterais da 118, em Sapucaia, o comércio de ferro-velho, materiais de construção e pequenos botecos. Até boates de luzinhas vermelhas. As duas passarelas que deveriam ser utilizadas pelos pedestres para evitar o intenso fluxo de carros, caminhões e ônibus, estão em péssimas condições.

É de dar medo!

O auxiliar de extrusor Valdir Barbosa Lima, que trabalha há quatro anos à beira da RS-118 em um estabelecimento de compra e venda de pallets e plástico reciclado ou reciclável, usa a estrada todos os dias para ir e voltar do serviço.
De carro, e mesmo assim diz que dá medo.

— Esse trecho (em Sapucaia) é muito perigoso,m principalmente à tardinha quando tem mais tranqueira e o pessoal tá com pressa. Parece que tá todo mundo louco — diz Valdir, do alto de sua humildade mas com a sapiência de quem conhece o risco da rodovia.

 

 

Ineditismo

 

A duplicação da RS-118 é a primeira obra rodoviária do país a contar com um avançado método de restauração de rodovias pavimentadas. O equipamento, trazido dos Estados Unidos, utiliza tecnologia ressonante para fragmentar blocos de concreto e reaproveitá-los na reconstrução do trecho.

A importação da máquina – que entrou em operação no começo de abril passado – foi o resultado de pesquisas realizadas pelo Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) em conjunto com a empresa STE – Serviços Técnicos de Engenharia e começou a ser implantada este mês pela construtora Sultepa na restauração da pista antiga no lote entre os quilômetros 5 e 11 – de Sapucaia do Sul a Cachoeirinha.

A fragmentadora opera em alta frequência: é capaz de golpear o pavimento de concreto 44 vezes por segundo, fazendo com que a laje fique em pedaços sem afetar as camadas inferiores.

 

: Rodovia é um canteiro de quase tudo, até de placas de sinalização para os incontáveis desvios

 

De maio passado

 

A Secretaria Estadual dos Transportes não garante mais que a duplicação de 22 quilômetros da RS-118 será concluída no ano que vem. No ano passado, o diretor-geral da secretaria, Vicente de Britto Pereira, estimou que o ano de 2017 seria usado para lançar todas as licitações pendentes da duplicação.

Ele disse também que as obras ganhariam ritmo e seriam finalizadas em 2018. Porém, o novo posionamento é que a secretaria não dá prazos.

— A finalização depende de um conjunto de fatos, como o fator climático por exemplo — disse Vicente, em maio passado.

 

PARA SABER

 

: Dos 22,5 quilômetros da RS-118, 11 já têm pista nova construída.

: Da parte nova da duplicação, já finalizada, 8,3 quilômetros estão em uso pelos veículos.

: Os trechos foram liberados entre setembro de 2013 e outubro de 2014.

: Os novos trechos estão distribuídos em 13 pontos. 

 

Polícia Rodoviária

 

No dia 11 de abirl começou a demolição do posto do Comando Rodoviário da Brigada Militar (CRBM) que estava localizado próximo ao quilômetro 12. A estrutura foi construída em 2005 e ficava dentro do traçado por onde deve passar a duplicação da estrada.

 

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