SAUL TEIXEIRA

Com vilão improvável, Inter amplia senda de fracassos; futebol não permite desaforos

Num duelo tão equilibrado, é inadmissível desperdiçar duas chances claríssimas na marca do pênalti. Maior reforço da temporada, Enner Valência tinha tudo para colocar os “vermelhos” na final da Maior das Américas, mas sucumbiu duplamente na hora grande.

O futebol não permite desaforos…

O primeiro tempo do Inter foi digno de um semifinalista de Libertadores. Intensidade, volume, marcação adiantada, perde-pressiona. Senhor absoluto das ações. Controle total. Maldito seja o intervalo para os colorados…

Como não poderia deixar de ser, Fernando Diniz lançou o time ao ataque. A presença de John Kennedy tirou Cano do isolamento e virou tormento para a defesa gaúcha.

O ideal seria que Eduardo Coudet promovesse trocas em resposta às iniciativas do rival o quanto antes. Mas não condeno por completo. É inegável que as opções do banco estão muito aquém dos titulares, notadamente para as funções de armação e ataque. No Maracanã ficou escancarado semana passada.

Embora grandes reforços tenham desembarcado recentemente, talvez tenha faltado grupo para que o sonho do Tri ganhasse a realidade eterna em 2023. O time foi formado no segundo semestre. A comissão técnica está no Beira-Rio há menos de 3 meses. Mesmo sendo Copa, mesmo sendo mata-mata, o futebol requer tempo, rotina, repetição e insistência.

Voltando às 4 linhas…

Mesmo não havendo alternativas para manter a mecânica preferida, Coudet poderia ter “fechado um pouco mais a casinha”. Rômulo ou Gabriel à frente da zaga, com Johnny numa linha mais à frente na vaga de Maurício seria opção. Ou então Nico Hernandez como terceiro zagueiro para garantir sobra contra Kennedy e Cano. Talvez tenha faltado leitura de jogo a Coudet! Faltou “escola gaúcha” na negação de espaços.

O futebol não permite desaforos…

O Fluminense seguia empilhando meias e atacantes. Modo “Futebol de Praia” ativado… Como “contraveneno” no Inter, entraram De Pena (torto à direita) e Bruno Henrique, na protocolar substituição a Charles Aránguiz.

O futebol não permite desaforos…

Voltamos no tempo para lembrar que os colorados jogaram 45 minutos com um homem a mais na primeira partida no Maracanã. Em 180 minutos, o Internacional cometeu erros imperdoáveis para quem almejava o sucesso.

As falhas de Renê, a superioridade numérica não aproveitada, a liberdade de Nino para o gol de empate no Maraca; na volta, o “fator local” jogado no lixo e os incríveis gols perdidos por Valência — de candidato a herói, virou o vilão improvável.

Os deuses da bola não dormem e o futebol não permite desaforos…

O Inter portou-se bem nas duas partidas, em pelo menos 3 de 4 tempos. Dentro da lógica do Futebol Além do Resultado, os gaúchos foram, inclusive, mais equilibrados.

No #ErreJota, Diniz esvaziou a meia-cancha. Na Capital dos Gaúchos, adotou postura “kamikaze” na etapa final, deixando generosos espaços para o contragolpe. Incrivelmente, o Inter foi incapaz de liquidar o confronto.

É claro que a classificação também passou pelo treinador que divide as atenções a serviço da Seleção Brasileira. Mas não exageremos nos confetes. Por favor! Diniz corre muitos riscos para o meu singelo gosto.

Tomara que a Seleção Brasileira jamais se porte assim, mesmo que precise reverter o resultado. Do contrário, só venceremos a Seleção do Equador!

Aos colorados, sem tempo para maiores lamúrias! Sai o doce sonho da Libertadores e entra a amarga realidade do Brasileirão:

Mesmo com ressaca, agora tudo é Gre-Nal…

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