O PSB está fora do governo em Gravataí.
O Diário Oficial desta quinta-feira deve trazer a exoneração dos cerca de 30 cargos, assinada pelo prefeito Luiz Zaffalon (MDB). A decisão deve fazer com que o partido de Paulo Silveira caia para a oposição ao ‘Fantástico Mundo de Zaffa’.
Explico neste artigo, onde ouvi mais de 10 fontes, inclusive o prefeito.
Em reunião no gabinete, nesta quarta-feira, o conselho político, formado pelo prefeito, vice, vereadores da base de governo e presidentes de partido, decidiu com apenas 3 votos contrários a saída do governo dos socialistas, que tem como vereadores Paulo Silveira e Carlos Fonseca.
– Zerou tudo. As portas estão abertas. Quando o PSB resolver seus problemas internos, conversamos – disse ao Seguinte:, às 8h de hoje, o prefeito, sobre a reunião que não teve a participação de seu ‘Grande Eleitor’ e conselheiro político, o ex-prefeito Marco Alba.
Com o sincericídio que lhe é característico, Zaffa explicou que o PSB não cumpriu as regras de um acordo político que vem desde o governo do prefeito interino Acimar da Silva, em 2011, após o golpeachment contra a prefeita Rita Sanco (PT).
É que o PSB já não entregava dois votos na Câmara, como revelei em Demissão de secretário faz vereador entregar cargos no governo Zaffa, quando o vereador Carlos Fonseca entregou os CCs no governo após a exoneração de Paulo Moreira, sua indicação na da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Sustentabilidade e Bem Estar Animal (SEMA).
– Já tinha avisado que, se não se acertassem, ficaria inviável a permanência no governo – resumiu Zaffa, que confirmou a apuração do Seguinte: de que a relação com a base do governo implodiu com movimento de Paulo Silveira ao ceder dois cargos de sua cota pessoal ao vereador Bino Lunardi (PDT), em troca de apoio na campanha a deputado estadual.
– Fica parecendo tráfico de cargos na base do governo. Aí não dá.
O prefeito, porém, reforçou a importância do PSB na aprovação de ‘pautas-bomba’, como a reforma da previdência e os subsídios para reduzir as tarifas do transporte público.
– O PSB ajudou muito em reformas urgentes para Gravataí. Esperamos que tudo se resolva. Mas, para manter uma base com diferentes partidos, é necessário respeito a regras pré-definidas. Ninguém pode ter mais que ninguém – disse o líder do governo na Câmara, Alan Vieira (MDB), que também coordena as campanhas de Marco Alba à Câmara Federal e Patrícia Alba à Assembleia Legislativa.
O vice-prefeito Dr. Levi (Republicanos) foi um dos votos contra a saída imediata do PSB, ao lado dos vereadores Demétrio Tafras (PSDB) e Dilamar Soares (PDT).
– Concordei com todas as decisões tomadas pela base na reunião. Apenas sugeri um prazo de 3 a 5 dias para que o PSB apresentasse uma outra decisão partidária para sua permanência – explicou ao Seguinte:, ao meio-dia de hoje.
– Não é uma crise nossa. Não há o que falar – disse o líder da oposição, Cláudio Ávila (PSD), que quando Carlos Fonseca saiu do governo e a fofoca era de que queria assinar a ‘CPI da Sogil’ retirou o pedido de investigação, sob alegação de “não ser usado”, como reportei em Acerta vereador ao retirar pedido de ’CPI da Sogil’ em Gravataí; Câmara não é cativeiro.
Nem Paulo, nem Carlos, nem o presidente Luis Stumpf ou o vice Cristiano Kingeski quiseram falar. A informação é de que uma nota oficial será divulgada pelo PSB após a publicação das demissões no Diário Oficial. Combinemos: é óbvio que os políticos aguardam as declarações, narrativas e repercussões deste artigo para se manifestar.
Fato é que a reunião do conselho político foi pesada. Muitos cacos para consertar, reportaram integrantes da base, sob a condição de anonimato, principalmente pela expulsão do PSB ter sido cometida sem meias palavras em uma reunião com mais de 20 políticos presentes; quase todos colegas de Câmara no dia a dia.
Além de críticas de vereadores como Alex Peixe (PTB), Evandro Coruja (PP), Alison Silva (MDB) e Alan Vieira (MDB), o relacionamento de Paulo Silveira com a base também foi condenado pelo próprio Zaffa.
Após a reunião, o presidente do PSB, Luis Stumpf, também comentou, a mais de uma fonte, ter ficado constrangido por, ao justificar que a escolha das indicações para CCs era uma decisão partidária, ter ouvido do prefeito “aqui não é partido, aqui é governo”.
Conforme vereadores presentes, mesmo sem estar na reunião, Cristiano Kingeski, hoje vice-presidente do PSB e CC da Prefeitura, e que foi vice-prefeito cassado junto à prefeita Rita Sanco, também teria recebido críticas de Zaffa pela articulação de atrair o apoio de Bino à campanha de Paulo com indicação de cargos na base do governo.
Até a saída, era Paulo o único candidato da base do governo a deputado estadual para além da 'candidatura oficial', de Patrícia Alba (MDB), como analisei em Paulo Silveira a deputado, entre Zaffa e Lula; Não é tiozão do churrasco.
Ao fim, pelo rompimento traumático, Paulo Silveira, que, na oposição, em suas próprias palavras, criticava o “Fantástico Mundo de Marco Alba”, agora, no ‘pós-governo’, tende a observar o “Fantástico Mundo de Zaffa”.
É da política.
Copo cheio ou vazio, potencialmente o governo fica com 13, a oposição com 8 entre 21 vereadores. Tranquilo para maioria de 11, mas um voto a menos que o quórum qualificado de 14. A oposição, por exemplo, já teria um voto a mais do que o necessário para abertura de CPIs.
Encerro respondendo a tantos que me questionaram: ao menos na apuração que fiz, desde a madrugada de hoje, entre os tantos motivos não identifiquei algo ideológico no ‘tchau, PSB’. Inegável é, contudo, que a ‘turma do Lula’ não está mais no governo Zaffa, prefeito que se define como "direita", e reportei em 6 meses de governo: O sincericídio de Zaffa em vídeo; Os feitos, os planos e polêmicas como IPTU, Sogil, Corsan e mais.
Pero, às 23h de ontem, após o rompimento, Cristiano Kingeski tem uma única tuitada: “Lula lá, brilha uma estrela”.
