Já parou para pensar como a crise política, que deve abater também a economia brasileira, pode contagiar negativamente Gravataí?
Listamos 10 perguntas que são como papelões que podem aparecer na nossa carne com os desdobramentos do envolvimento do presidente Michel Temer na delação do frigorífico JBS.
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1.
De volta para 2014
Custou caro para Gravataí a crise política e econômica que a partir de 2014 dragou a presidente Dilma Rousseff (PT) até o impeachment. A perda de receita chegou aos R$ 300 milhões.
Se hoje o mercado automotivo e as exportações da GM dão sinais de aceleração, a inflação está abaixo da meta, a taxa de juro caiu e o dólar se mantém estável, com o governo Temer indo para o abatedouro, num brete parecido ao que Dilma foi colocada em 2014, o país não levará um novo 7 a 1?
Investidores não vão tirar dinheiro do país com medo da bancarrota? O Banco Central não vai torrar reservas para segurar o estouro da boiada do dólar? O Sr. Mercado não restará ferido com a Reforma da Previdência indo para o gancho e reduzindo o ajuste nas contas públicas?
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2.
O pote de ouro no fim do arco-íris
A crise não pode ser tenebrosa para a transformação em obras do financiamento contraído junto aos latino-americanos da Comissão Andina de Fomento (CAF), cuja equipe técnica se reuniu pelos últimos três dias com técnicos da Prefeitura?
Os R$ 100 milhões, onde está incluída a simbólica duplicação das pontes do Parque dos Anjos, representa o maior investimento da história de Gravataí e pode atrasar. Como a cada movimento de contratação do financiamento é necessária interlocução da Prefeitura com o Ministério da Fazenda e a Secretaria do Tesouro Nacional, a instabilidade na Presidência da República e nos altos escalões do governo não podem fazer com que o eldorado de Gravataí seja arrastado pela burocracia a cada troca de cargos e equipes econômicas?
Em meio a um processo de impeachment, a Comissão de Assuntos Exteriores do Senado, que autoriza contratações de financiamentos, pautaria a liberação do pote de ouro no fim do arco-íris da aldeia dos anjos?
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3.
1 + 1, 1 – 1
Não devemos ter uma preocupação redobrada ao somar os dois itens anteriores, já que além da burocracia, a perda de receita pode dificultar o caixa da Prefeitura, que precisa dar uma contrapartida de 1 por 1 para o dinheiro dos estrangeiros?
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4.
Xangai, chamando
O prefeito recém começou as negociações com o Banco do Brics, que projetava investimentos de 3 bilhões de dólares no país a partir de 2017. A avaliação de desempenho feita pela instituição financeira que reúne China, Rússia, Índia, África do Sul e Brasil tinha colocado Gravataí entre os 26 melhores municípios para se investir no país.
Como a crise vai repercutir no alto comando do banco, em Xangai, de onde sai o ok para o investimento?
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5.
Pelo cano
Poderia a crise pode afugentar empresas com capacidade para disputar a concorrência pela gestão da água e esgoto em Gravataí, uma das promessas de campanha do prefeito que seria colocada em prática já neste ano?
Pela licitação preparada pela Prefeitura, a vencedora teria que garantir acesso a água tratada para todas as pessoas em cinco anos, esgoto cloacal em 10 anos e a recuperação do Rio Gravataí em 15 anos, para garantir a capacidade do abastecimento com captação no manancial local.
No cenário lamacento de hoje, alguma empresa concorreria a um serviço orçado em meio bilhão de reais até 2032?
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6.
A velocidade do pedágio
Andará nos 100 km/h da velocidade da freeway a troca do pedágio do km 77 para o km 59? A mudança da praça, que livra os moradores de Gravataí da cobrança da tarifa no trajeto a Porto Alegre, está inclusa no leilão da BR-290 (Freeway) e outras três rodovias federais (101, 386 e 448), que teria licitação aberta neste ano.
A previsão inicial da troca era novembro de 2019. Trocando governo, a licitação pode frear?
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7.
A saúde das UPAs
A manutenção da UPA da 74, que custa mais de R$ 1 milhão por mês, é dividida entre os governos federal, estadual e municipal.
Haverá atrasos nos repasses federais?
Seguirão no cronograma os repasses da União para conclusão da UPA das Moradas, 50% pronta e programada para começar a atender em março de 2018 a um custo de R$ 3 milhões?
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8.
Desemprego e insegurança
Aumentarão os 15 milhões de desempregados do país? Que impacto isso terá na segurança, que conforme Marco Alba “apavora” oito em cada 10 moradores de Gravataí?
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9.
Perda de tamanho político
Com portas aberta em Brasília, pela relação histórica do prefeito com Eliseu Padilha, número 1 do governo Temer, Gravataí perde interlocução política?
A cidade também pode perder o único representante no Congresso. O deputado federal da cidade é Jones Martins (PMDB), suplente que perde o mandato caso caia o presidente e seu ministério, onde está o titular Osmar Terra.
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10.
A falha de San Andreas
Mas, ao fim, talvez o mais lamentado pelos governos em Brasília e no palacinho amarelo da av. José Loureiro da Silva seja a Reforma da Previdência ter ido para a geladeira do frigorífico.
Por ter regime próprio, Gravataí ficou de fora da barganha oferecida por Temer aos prefeitos para garantir apoio no Congresso, com isenção de multas e juro, além de desconto de 25% na correção monetária de dívidas com o INSS.
Também não teria benefício com o alongamento das dívidas previdenciárias dos regimes próprios para 200 meses, porque Gravataí já banca um parcelamento igual da conta de R$ 90 milhões que começou a ser paga por Marco Alba no primeiro governo.
Mas o aumento na idade de contribuição para homens e mulheres derrubaria para metade o déficit atuarial de R$ 800 milhões do Ipag, o instituto de previdência municipal que é descrito pelo secretário da Fazenda Davi Severgnini como a Falha de San Andreas’ da terra do Itacolomi, em referência à falha geológica mais temida no mundo e que poderia desencadear um tsunami de proporções bíblicas em São Francisco, engolindo parte dos Estados Unidos.
Técnicos do governo já estudavam a aplicação imediata, após a aprovação, das regras da reforma no funcionalismo de Gravataí.
Atualmente, por mês, entre parcelas da dívida e contribuições da Prefeitura, R$ 3,3 milhões vão para a previdência e assistência em saúde dos cerca de 5 mil servidores municipais, dois mil deles já aposentados.
E as projeções são de que em 2020 os 10% referentes aos repasses para o Ipag cheguem a 22% da folha. Em dinheiro, um cataclismo de R$ 50 milhões por ano.
Em 2035, 72%.
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Opinião
No Almoçando com a Acigra, há duas semanas, Marco Alba lembrou da época de guri, quando ajudava a dona Sueli a manter a casa como jardineiro, inclusive capinando na casa de empresários que estavam ali, e depois construiu uma vida de pública de um quarto de século, de vereador a deputado estadual eleito com mais de 80 mil votos, de secretário de Estado a prefeito reeleito.
Quem conhece sua trajetória sabe que suas vitórias nunca encontraram com as facilidades.
Ao invés de ganhar uma GM de presente, talvez tenha que encarar a gestão sob outro impeachment no Palácio do Planalto.
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