Ela não para nunca. Cuida das três lojas, participa de reuniões do Rotary Parque dos Anjos, do Sindilojas, da Defesa Civil, do Conselho Municipal de Turismo, e encontra tempo para dedicar à família. O telefone – e o aplicativo de mensagens pelo qual costuma enviar principalmente áudios, por serem mais práticos e economizarem tempo – é seu aliado.
E, mesmo com toda essa agitação do seu dia a dia, Elizete Blehm Bithencourt não abre mão: tem que dormir no mínimo oito horas por noite para acordar bem e ter as condições físicas, psicológicas e mentais necessárias para fazer frente ao seu corre-corre. Ah, ela também é funcionária pública municipal, lotada na secretaria da Família, Cidadania e Assistência Social, onde ocupa o cargo de diretora.
E o amigo ou amiga que está lendo acha que é fácil cumprir esta maratona todos os dias?
Pois é. Tem mais! Ela ainda encontra tempo para se dedicar à política partidária. E se envolve de corpo e alma. Tanto que já concorreu à Assembleia Legislativa nas eleições de 2014 e tentou uma vaga na Câmara de Vereadores de Gravataí. Para deputada, concorreu a pedido da cúpula do Democratas para atender à exigência de 30% das candidaturas serem de mulheres.
Já para a Câmara de Gravataí, dois anos depois, foi candidata com a séria intenção de chegar ao parlamento municipal para representar pelo menos uma parcela da comunidade. Não chegou lá, mas foi quase. Ficou com a quarta suplência concorrendo por uma quase desconhecida sigla, o PSD, conquistando o apoio de 838 eleitores. No geral, foi a 41ª candidatura mais votada
Quem é
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Zete Blehm, como se popularizou e é chamada, conhecida e reconhecida, nem é de Gravataí, mas adotou a aldeia para viver, constituir família e empreender.
2
Mudou para Gravataí com os pais João e Belarminda, já falecidos, e mais seis irmãos, e foram morar na avenida Elisa, no Parque Olinda. Corria o ano de 1972.
3
Desde 1990 é casada com Rogério Bithencourt (do ramo de transportes) com quem tem a filha Fernanda, empresária de 27 anos, e o filho Bruno, de 23, advogado e funcionário público estadual.
4
Nascida em 10 de maio, jura que completou 50 anos neste 2019, e garante que tem orgulho de dizer que veio da localidade de Três Forquilhas, interior de Torres, praia do Litoral Norte gaúcho.
— O envolvimento comunitário e político estão no meu DNA. Meu pai, desde que veio para Gravataí, trabalhou e lutou por causas comunitárias, principalmente na região em que ele morava e que é onde moro até hoje, na avenida Elisa.
Elizete Blehm Bithencourt (Zete Blehm)
Empresária
No comércio
Empreender no ramo do comércio, segundo Zete, é resultado “do sangue que corre nas veias”. Os pais eram comerciantes e conseguiram transmitir o gosto pelo balcão de loja para quase todos os filhos. Ela mesma, conta, começou vendendo camisetas na porta de uma empresa na qual, até poucos dias antes, era uma funcionária diferenciada: única mulher em um universo de homens.
— No primeiro dia peguei 10 camisetas, vendi tudo. No outro dia peguei mais 20, no outro dia 50… No final daquela semana eu já tinha vendido 150 camisetas que carregava no meu carro, na época um Chevette — revela.
O primeiro empreendimento que exigiu um pouco mais de esforço veio em 1999. Na garagem da casa em que mora até hoje, Zete e o marido entraram em comum acordo e acabou surgindo a – que hoje é matriz – loja Di Eliz, de confecções. A primeira filial surgiu cinco anos depois, na rua Lajeado (bairro Vera Cruz) e, mais cinco anos, em 2009, abriu a segunda filial, na avenida dos Estados (Vila Branca).
Zete cuida pessoalmente dos negócios. Depois do expediente na Prefeitura, passa nas duas filiais e vai para casa, onde fica a matriz e sua primeira loja. Hoje, deixou um pouco de lado a moda infantil, e dedica-se principalmente ao comércio de confecções masculinas e femininas, adulto, e calçados. Prioriza produtos de marcas conceituadas no mercado, e tem um cuidado especial com a fidelização do cliente.
— Se uma peça de roupa ou um calçado tem algum problema e o cliente vem aqui pedindo para trocar, eu troco. Nem que eu tenha prejuízo porque o fabricante não dá garantia ou se o prazo já venceu. O importante é manter o cliente — ensina.
IMPORTANTE
: Como forma de diversificar e para manter a clientela na loja física, em tempo de evolução tecnológica e de um e-commerce crescente, Zete Blehm está agregando novos serviços na filial que tem na avenida dos Estados.
: Quando a reportagem do Seguinte: esteve n o estabelecimento para conversar com a empresária, ela estava em reunião visando a implantação na loja de um espaço de estética e beleza.
— Com um comércio eletrônico cada vez mais agressivo é importante que a gente saiba onde atacar e tenha estratégias para manter o cliente. É isso que vamos fazer aqui, atraindo novos clientes e oferecendo um novo serviço para quem já frequenta nossa loja — explicou.
: O Di Eliz Gold, nome que a filial vai passar a ostentar com os serviços de beleza, também é uma forma de Zete dar por encerrado qualquer plano de expansão na forma de novas filiais. Ela garante – mas não jura! – que não tem a intenção de abrir novas lojas.
Vacas magras
Sobre a atual situação econômica e financeira do Brasil e como isso impacta no ramo de atividade que escolheu para empreender, Zete garante que o comércio já viveu dias melhores. Bem melhores. Hoje não chega a ser exatamente um tempo de “vacas magras” e, segundo Zete, trata-se de uma crise generalizada ou que atinge, pelo menos, cerca de 90% do mercado lojista.
— E isso não é só em Gravataí, é nacional. E atinge vários outros setores também — garante.
Para ela, já passou da hora,– vários anos!, enfatiza – de ser realizada no país uma reforma fiscal e tributária. Ampla. Zete lembra que esta é uma das lutas do Sindicato dos Lojistas (Sindilojas) de Gravataí, assim como da grande maioria das entidades representativas dos setores do comércio, indústria e serviços espalhados pelo nosso continental Brasil.
Ela defende a redução da carga tributária, especialmente do pequeno e microempresário, e reclama de um tributo que, segundo afirma, está massacrando a categoria dos comerciantes. É o diferencial de alíquota, popularmente chamada de Difa, cobrado sobre o valor dos produtos trazidos de outros estados, onde o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) é menor.
No Rio Grande do Sul o ICMS médio é de 18%, enquanto em Santa Catarina fica em 12%. Desde o governo passado, de José Ivo Sartori, o diferencial cobra dos comerciantes é de 6%.
— Quem tem que pagar somos nós, pequenos e microempresários. Se o produto chega na nossa loja e fica na prateleira ou se é vendido no mês seguinte, não importa. No final do mês a gente tem que pagar este diferencial.
ZETE COMUNITÁRIA
No Rotary Clube Parque dos Anjos:
– Já foi presidente.
– Hoje é Protocolo do clube.
No Sindilojas de Gravataí:
– Já foi diretora.
– Hoje é a primeira vice-presidente.
Na Defesa Civil:
– Indicada na semana passada para ser vice-presidente.
– Aceitou ocupar a função de secretária.
No Conselho Municipal de Turismo:
– Já ocupou outros cargos.
– Atualmente é a presidente do Comtur.
Na Igreja Luterana São João:
– Frequenta e congrega desde criança.
– Hoje ocupa o cargo de vice-presidente.