Uma usina de asfalto novinha.
Equipamento com peso total de 14 toneladas, adquirida da Bonafer Máquinas e Equipamentos que tem sede em Sapucaia do Sul pelo valor de R$ 1,4 milhão financiado pelo Banco do Brasil e com capacidade de produção de 80 toneladas por hora, em ritmo normal, ou 100 toneladas de asfalto por hora tocando a todo vapor.
Essa foi a inauguração do dia comandada pelo prefeito Marco Alba (MDB) na manhã desta quarta-feira (9/10), na Costa do Ipiranga. Trata-se de um maquinário de geração avançada, bem mais moderna que a usina de asfalto herdada da falida Companhia de Desenvolvimento de Gravataí, a CDG, que foi colocada em funcionamento em 1996, portanto, há 33 anos.
Do equipamento velho, quem lembrou hoje foi Luiz Zaffalon, ex-secretário de Governo, da Fazenda, de Desenvolvimento, hoje diretor-presidente da Fundação Municipal do Meio Ambiente (FMMA). Ele conta que quem comandava a prefeitura era Nadir Rocha, presidente da Câmara que chegou ao Executivo um dia depois de a Câmara aprovar o impeachment da então prefeita Rita Sanco (PT).
— A CDG era uma empresa de economia mista que assumiu os bens da Prefeitura. Desde pás, picaretas até máquinas e caminhões. Entre estes bens estava a usina de asfalto. Quando assumimos encontramos mil e uma dificuldades para colocar em funcionamento essa usina porque ela estava penhorada. Até os funcionários da CDG tínhamos que pagar em dinheiro vivo porque tudo que entrava na conta, em valores, era sequestrado para pagar dívidas com os credores — conta Zaffalon.
O ex-gerentão dos governos do MDB na Prefeitura chegou a recomendar que alguém escreva um livro sobre a criação, a vida e o desaparecimento da Companhia de Desenvolvimento de Gravataí. E sugeriu um título: “Como não fazer”. Ou, “Como construir um desastre”. Zaffalon por mais de uma vez se referiu à CDG como “essa coisa criada por outros governos”.
— A CDG, que era dona da usina de asfalto que hoje estamos desativando para colocar em funcionamento uma nova, moderna, mais econômica e capaz de produzir muito mais asfalto para beneficiar a comunidade, era um verdadeiro ‘Triângulo das Bermudas’. Tudo que era botado ali, sumia! — comparou, para falar das dívidas herdadas da CDG, da ordem de R$ 20 milhões, metade do valor referente ao passivo trabalhista.
E concluiu, sobre o novo complexo de produção de asfalto que tem a predominância da cor azul, a mesma do seu time do coração:
— Felizmente estamos realizando um governo sério, voltado para as pessoas, que pagou contas, recuperou a credibilidade junto às instituições financeiras e, hoje, transforma uma porcaria como era isso aqui (o complexo antigo da usina) em uma benesse para a sociedade!.
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Três décadas
Completamente afônico o prefeito Marco Alba foi outro que fez um discurso emocionado. Seria de palanque eleitoral se fosse candidato à reeleição, tamanha empolgação com que “desceu a madeira” nos prefeitos que o antecederam – o que tem sido comum nos seus últimos discursos – e rechaçou as críticas que diz estarem acontecendo e sendo feitas por gente que desconhece o que acontece dentro do governo.
— Isso aqui (a nova usina de asfalto) é a prova de que o nosso governo é para a cidade, é para as pessoas, para todas as pessoas e não só para um grupinho de amigos, o nosso governo é para a população, e não para a próxima eleição — rugiu.
E continuou:
— Eu sou governo por mais 15 meses, não sou candidato a nada e por isso eu posso falar. E isso aqui (de novo a usina) é para os próximos 30 anos, pelo menos. Então não estou fazendo nada que não esteja voltado às pessoas, para a po-pu-la-ção! — disse, separando as sílabas da última palavra para torná-la mais forte e sentenciar de quem é a vitória com a inauguração da usina.
E de novo Marco Alba jogou contra o governo do estado. Desta vez, atirou brita grossa, brita fina e pó de brita para criticar a estrutura comandada do Palácio Piratini, dizendo que o estado está falido. Chegou a comparar a máquina pública estadual a uma pessoa à beira da morte.
— O (governo do) estado tem uma estrutura moribunda, que não serve para nada. Uma estrutura que só suga a população — pisoteou, fazendo referência aos impostos recolhidos pelos cofres estaduais que não são revertidos em benfeitorias para a comunidade gaúcha.
: Diretor da Bonafer, José Carlos de Bona
O ranking de Alba
— Em 2012 quando chegamos na prefeitura, e isso foi manchete nos jornais da cidade e matéria em todos os grandes jornais do estado, Gravataí tinha a posição 494 como a cidade pior administrada entre os 497 municípios gaúchos. Esse levantamento era referente a 2010, mas não mudou nada no ano seguinte quando foi divulgado o levantamento de 2011. Quer dizer, estávamos entre os cinco municípios pior administrados de todos os municípios do Rio Grande do Sul.
O lápis do Zaffalon
— Tenho dito e repetido, e lanço um desafio para quem ousar desacreditar. Pegue um mapa de Gravataí, ponha sobre uma mesa. Jogue um lápis para cima e, tenho certeza: onde ele cair tem uma obra do nosso governo. Que já foi feita ou está em execução.
Calculadora do prefeito
— Tudo que estamos conseguindo fazer em três anos, com um terço do valor que pagamos em dívidas, e nós já pagamos R$ 260 milhões e tem mais uns R$ 200 milhões para serem pagos, é mais do que foi feito em 30 anos nesta cidade. E ainda nos criticam! Financiamos cerca de R$ 80 milhões e estamos fazendo tudo o que a comunidade está vendo, e cadê as obras que eles dizem que fizeram com o dinheiro das dívidas que contraíram, cadê?
A ginástica do Paulão
— Aposentamos hoje um equipamento que tem quase 35 anos, na realidade 33 anos porque foi instalada em 1996, mas que a gente não tinha nem como fazer a manutenção necessária por causa da falta de peças. Não tinha peça disponível no mercado porque esse é um equipamento antigo, ultrapassado. Todos os dias o pessoal (funcionários da usina) fazia uma ginástica. A gente nunca sabia, nunca tinha certeza, se teria asfalto para trabalhar, para colocar nas ruas.
Cronograma
Tanto o prefeito Marco Alba quanto o secretário municipal de Obras, Paulo Martins, o Paulão, fizeram questão de esclarecer que a entrada em funcionamento da nova usina não significa que a prefeitura vai “cobrir” a cidade com asfalto.
Ambos explicaram que há um cronograma a ser seguido, anunciado no final do ano passado, e que a realização de obras deste tipo dependem de outras providências como a preparação do terreno, inclusive com canalização para escoamento pluvial.
E são os custos destas outras obras necessárias, mais o que é gasto em dinheiro com a aquisição da matéria prima para a usina de asfalto, disponibilidade de maquinário e mão de obra, que vão ditar o ritmo da chegada do asfalto às vilas e bairros da cidade.
— Fica bem mais fácil com esta nova usina, com certeza, mas existem questões que precisam ser observadas e que vão ditar o ritmo do trabalho — disse o prefeito.
COMO SE FAZ O ASFALTO
Confira no vídeo abaixo as entrevistas com Luiz Zaffalon e Marco Alba sobre CDG e a nova usina de asfalto. No final, o diretor da Bonafer Máquinas e Equipamentos, José Carlos de Bona, explica o passo a passo sobre como é produzido o asfalto que chega à frente da sua casa. Clique na imagem abaixo e assista. Depois, siga na matéria.
Do site da Bonafer
— Em recente aquisição do município, chega (a Gravataí) a nova Usina de Asfalto: a BNAUSF80/100, que substituirá a antiga usina existente. Com objetivo de aumentar a capacidade de produção de CBUQ, é equipada com gerenciamento eletrônico, contra fluxo, sistema de aquecimento de asfalto, equipamento moderno, versátil, baixa manutenção, qualidade no processo de usinagem.
PARA SABER
1
A matéria prima do asfalto é a brita, o pó de brita e o cimento asfáltico de petróleo, o CAP. Este último, é um subproduto do petróleo, segundo o empresário José Carlos de Bona, um “rejeito” de petróleo que seria descartado.
2
A produção começa na mistura da brita e pó de brita, cuja dosimetria vai determinar o tipo de asfalto pretendido. Pode ter brita mais grossa, mais brita fina, ou até mês mo mais pó de brita.
3
Calculada e pesada a mistura, estes elementos passam por um tanque de rolamento aquecido onde acontece a secagem já que os componentes minerais não podem ter qualquer resíduo de umidade para a produção do asfalto.
4
Depois desta secagem os componentes de brita e pó de brita são misturados ao CAP, que é como um óleo bruto, cru, que não serve como combustível ou lubrificante. A quantidade de CAP determina se o asfalto será mais ou menos liso, na avaliação de um leigo.
5
Produzido o asfalto em altas temperaturas, uma esteira o deposita em um mini-silo que tem aberturas pré-programadas – geralmente a cada 15 ou 20 segundos – e daí para a caçamba do caminhão, ainda quente.
6
Enquanto o asfalto sai pela esteira, um exaustor retira da câmara os gases e poeiras resultantes da mistura e secagem das britas grossa e fina e do pó de brita. O pó excedente acaba voltando à condição de matéria prima, chegando à atmosfera apenas o vapor, resultado da secagem realizada.
Pronto.
Agora é só aguardar o asfalto chegar à sua rua ou avenida.