RAFAEL MARTINELLI

Como expansão do Trensurb para zona norte inclui Cachoeirinha e Gravataí; A revolução ‘Made in China’

O projeto de expansão da Trensurb para a zona norte de Porto Alegre saiu do estacionamento com a confirmação do governo Lula de retirada da empresa pública da lista de ‘privatizáveis’ do Plano Nacional de Desestatização (PND).

Então teremos metrô em Cachoeirinha e Gravataí? Nada indica isso, ainda. Mas, mesmo sem trens, os dois municípios podem ser beneficiados. Mais que isso: seria uma revolução no transporte coletivo.

Vou explicar.

A expansão da Linha Nordeste prevê 11 estações em 16,6 Km até Alvorada. A demanda potencial seria de 164 mil passageiros/dia. Os 25 trens teriam capacidade de até 1.100 passageiros cada um, podendo transportar cerca de 44 mil passageiros por horas e por sentido.

O investimento total é estimado em R$ 4.850.121.600, dividido em R$ 3.904.320 para trecho em via elevada, obras civis e sistemas; R$ 828.672.000 para aquisição da frota e R$ 117.129.600 para implantação do pátio de manutenção.

A expansão da operação, prevista desde a inauguração da Trensurb há quatro décadas, beneficiaria mais de 4 milhões de pessoas na Região Metropolitana.

Chegamos a Cachoeirinha e Gravataí.

Como alertei em Como Trensurb pode chegar a Gravataí e Cachoeirinha; O ‘PAC do Lula’, o ‘Vereador do Bolsonaro’ e o ‘venham os chineses’!, em 6 de outubro, nenhum documento da Empresa de Trens Urbanos de Porto Alegre S/A atesta, ao menos até agora, que trens chegarão a Cachoeirinha ou Gravataí.

No material enviado em 28 de julho do ano passado pelo presidente do Trensurb para Marcus Cavalcanti, secretário especial para o Programa de Parcerias e Investimentos, ligado à Casa Civil da Presidência da República, o trajeto do Terminal Triângulo, na Assis Brasil, em direção a Cachoeirinha e Gravataí, é descrito como “Corredor Projetado”.

Significa que, ao invés de metrô, o estudo pode apontar apenas para corredores de ônibus com interligação ao Trensurb.

Como anda o projeto?

Na última semana, o presidente da Trensurb, Fernando Marroni, e a deputada estadual Stela Farias (PT), presidente da Frente Parlamentar pela Implantação da Linha Nordeste, já começaram em Brasília as articulações com a bancada federal gaúcha para inclusão do projeto no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) projeta concluir em junho um Estudo de Demanda.

O senador Paulo Paim (PT) e a deputada federal Reginete Bispo (PT) já buscam a indicação de R$ 5 milhões para a realização do Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambienta (EVETEA), fase anterior à elaboração de um pré-projeto para ser concorrer ao PAC.

Ao fim, é fundamental a participação das forças políticas e sociais de Cachoeirinha e Gravataí na defesa da inclusão do investimento no PAC.

O vereador gravataiense Clebes Mendes (PSDB) tem tratado da pauta, mas frentes parlamentares nas câmaras municipais e a participação de prefeitos e deputados ligados aos dois municípios aumentaria o peso político.

Ah, e não é delírio defender que trens cheguem a Gravataí e Cachoeirinha.

Estudo de 1998, parte do Plano Integrado de Transporte e Mobilidade da RMPA, parceria dos governos federal, estadual e municipal, indica uma interligação em “Y” na Linha Nordeste – para Alvorada pela avenida Baltazar de Oliveira Garcia, para Cachoeirinha e Gravataí na direção da ponte pela Assis Brasil.

Fato é que uma extensão do Trensurb provocaria uma revolução no transporte coletivo de Gravataí e Cachoeirinha, com tens ou mesmo só com a interligação de ônibus aos trens.

Além do tempo de viagem menor, os custos tarifários seriam diminuídos com o menor percurso percorrido pelos ônibus intermunicipais. E, hoje, diminuir custos das passagens significa menos subsídios públicos às concessionárias do transporte coletivo.

Uma boa perspectiva dos bilhões aparecerem é a intenção do governo federal de, além de financiamentos do Banco Mundial e do Banco dos Brics, incluir no Novo PAC parcerias público-privadas.

É um “que venham os chineses”. Não só via Brics. A China já propôs ao Brasil criar uma estatal binacional para modais ferroviários e grupos chineses já sinalizaram interesse em fazer investimentos também no transporte de passageiros.

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