Ao menos no Grande Tribunal das Redes Sociais, é por culpa das eleições que Gravataí está sob bandeira vermelha, de alto risco de contágio para COVID-19.
Sob essa lógica, se uma bandeira preta vier após o Natal e o Ano Novo não será responsabilidade exclusiva de políticos e envolvidos.
CLIQUE AQUI para acessar e refletir sobre as regras da bandeira preta no Distanciamento Controlado do Governo do RS, descrita como "risco altíssimo: capacidade do sistema de saúde é baixa e a propagação do vírus é alta".
Não é um lockdown, como em países do exterior, no qual as pessoas precisam de autorização para sair de casa e só podem fazê-lo para tarefas muito necessárias, mas é quase um ‘fecha-tudo’. É uma tragédia econômica.
Já são 9.460 casos em Gravataí até às 20h30 desta quarta. Com uma média de 1 caso a cada 3 horas a marca dos 10 mil infectados antes do fim de 2020. O primeiro registro de gravataiense com o novo coronavírus foi em 22 de março. Já são 223 vidas perdidas, uma a cada 2 dias.
Com 200 internados em Gravataí ou fora, voltamos ao ‘pico’ do invernal julho, como tratei ontem em Recorde do horror: Gravataí nunca teve tantos internados ou transferidos pela COVID; Atenção Casa Grande: leitos privados lotaram.
A Região 10, a qual pertence o município, tem nesta terça taxa de ocupação de leitos de 83,4%%. Ontem era de 82,4%. Há 25 dias era 81.2%.
Em Gravataí, no Hospital de Campanha (HC) e no Dom João Becker (HDJB) os 19 leitos de UTI covid estão ocupados e 17 dos 25 respiradores estão em uso neste momento.
Para piorar, os 9 leitos de UTI não-covid também estão ocupados. Há 42 pessoas para 14 leitos de enfermaria, o que significa pessoas em macas, cadeiras de rodas, sentados no chão ou escorados na parede.
Dia 1º, em A culpa é da política, mas não só; COVID fecha muito, não tudo em Gravataí, escrevi, e segue valendo:
“(…)
O que falta é lockdown nas críticas aos políticos.
É fenômeno nacional. Inevitável quando a adoção de medidas mais restritivas acontece um dia depois do segundo turno de eleições onde a abstenção foi a campeã de votos no país.
Reputo um compreensível mau humor. Que, apesar de hipócrita, não está de todo errado. Afinal, se a única estratégia contra o novo coronavírus é tomar cuidados sanitários individuais e evitar aglomerações – e por isso são decretadas restrições ao funcionamento do comércio – é ou não é a campanha política vilã da explosão do contágio?
É, mas não só.
Da mesma forma que erraram militantes e políticos balançando bandeiras e trocando aerossóis nas ruas, vibrando como GreNal na frente de debate ou comemorando vitórias, cercados por jornalistas enlouquecidos cobrindo a campanha eleitoral, erram também os que estão nas ruas sem precisar, perambulam sem necessidade pelas lojas ou experimentam o ‘novo normal’ com cerveja em um bar da aldeia ou de beira da praia.
Fato é que, além da maior circulação com a necessária retomada de atividades no mundo todo por aqueles que não podem ficar em casa, cansamos, relaxamos e, no calorão, por vezes baixamos a máscara até o queixo.
Infelizmente, a virulência do vírus não perdoa.
É simples. O ‘novo normal’ é novo. Não podemos ficar doentes ao mesmo tempo. Critique, se te faz bem. Os políticos estão aí para responder. Mas cuida bem se o covidiota só está na mesa do lado.
(…)”
Ao fim, nosso comportamento no Natal e no Ano Novo da pandemia são responsáveis por vidas – não só a nossa – e pela sobrevivência de negócios que sustentam famílias.
Nem políticos, Jesus, Maria ou o Espírito Santo: a ‘culpa’ de uma bandeira preta será de todos nós.
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