SEGURANÇA

Como foi operação da Polícia Federal que prendeu empresário em Gravataí e sequestrou cinco imóveis na cidade em investigação contra desvio milionário da saúde

A Polícia Federal deflagrou nesta terça-feira (25) a Operação Paralelo Cinco, que atingiu diretamente Gravataí com a prisão preventiva de um empresário e o sequestro de cinco imóveis localizados no município. A ação integra uma investigação que apura o desvio de milhões de reais originalmente destinados à manutenção de hospitais municipais no Rio Grande do Sul e em São Paulo.

Segundo a PF, o esquema criminoso teria movimentado mais de R$ 340 milhões entre 2022 e agosto de 2025, envolvendo dinheiro repassado para o Hospital Municipal de Jaguari (RS) e o Hospital Municipal de Embu das Artes (SP). Os valores eram pulverizados por meio de empresas de fachada, notas fiscais falsas e contas de terceiros, sustentando um sistema de ocultação e lavagem de dinheiro.

Na cidade, foram cumpridos um mandado de prisão preventiva, dois mandados de busca e apreensão e o bloqueio de cinco imóveis, todos atribuídos ao suposto núcleo empresarial que operaria desvios por meio de contratos fictícios e serviços que nunca chegaram a ser prestados.

Os endereços dos imóveis não foram divulgados por sigilo judicial, mas a PF confirmou que eles estavam em nome de pessoas físicas e jurídicas ligadas ao grupo investigado. Os agentes também recolheram documentos, celulares, computadores e registros contábeis usados no rastreamento dos fluxos financeiros.

A prisão do empresário — cujo nome também não foi revelado — ocorre em paralelo à captura de outro investigado em Porto Alegre. De acordo com as investigações, os dois integrariam a camada operacional do esquema, responsável por criar e administrar empresas de fachada utilizadas para justificar as saídas de recursos dos hospitais.

Esquema financiava vida de luxo com verbas da saúde

O inquérito, iniciado em janeiro de 2024, detalha que parte significativa do dinheiro público desviada ia para despesas pessoais dos investigados: pagamento de salários fictícios, aluguéis de imóveis de alto padrão, viagens de luxo, compra de veículos e bens particulares.

Além dos cinco imóveis sequestrados em Gravataí, a Justiça Federal determinou bloqueio total de 14 imóveis, incluindo endereços em Porto Alegre, Gramado, São Paulo, Boa Vista e Balneário Camboriú; apreensão de 53 veículos e uma embarcação; bloqueio de mais de R$ 22,5 milhões em contas bancárias e afastamento de funções públicas, suspensão de atividades econômicas e proibição de contato entre investigados.

Os hospitais envolvidos — Jaguari e Embu das Artes — passam a ser administrados por interventores designados pela Justiça.

Gaúchos no centro da organização

Segundo a PF, o núcleo financeiro do grupo seria composto por empresários de Porto Alegre que assumiram a gestão dos hospitais por meio de organizações sociais. O dinheiro era recebido legalmente via convênios municipais, repasses estaduais e verbas federais, mas desviado antes de chegar às finalidades de saúde pública.

Gravataí aparece como um dos principais pontos de ramificação do esquema: tanto pela prisão de um dos operadores quanto pela concentração de patrimônio considerado incompatível com a renda declarada dos investigados.

Operação segue em andamento

A ação contou com o apoio técnico do TCE-RS e da CGU, que auxiliaram no cruzamento de dados de contratos, emissão de notas e movimentações bancárias.

Os envolvidos poderão responder por organização criminosa, peculato, lavagem de dinheiro, além de outros crimes relacionados ao desvio de recursos públicos.

A Polícia Federal segue realizando perícias nos materiais apreendidos e rastreando movimentações financeiras para identificar a totalidade dos valores desviados e os beneficiários finais do esquema.

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