RAFAEL MARTINELLI

Conselho Tutelar no ‘tapetão’: vereador coloca eleição sob suspeita e vice da Comissão Eleitoral reage; Denúncias, ocorrências policiais, segredo de justiça e o apelo a promotora em Cachoeirinha

Ministério Público de Cachoeirinha deveria investigar panfleto anônimo

O vereador David Almansa (PT) está colocando sob suspeita a eleição para o Conselho Tutelar de Cachoeirinha, que acontece neste domingo, 1º de outubro. O político alegou à promotora da Infância e Juventude, Maria Rita Noll de Campo, que a Comissão Eleitoral favorece candidaturas que identifica como ligadas ao governo Cristian Wasem (MDB) e persegue politicamente uma candidata.

Almansa confirmou ao Seguinte: que pediu à promotora que averigue principalmente a atuação do vice-presidente da Comissão Eleitoral, Adriano Luz. Conforme o vereador, há evidências de que o advogado orientou candidaturas ligadas ao governo e instruiu denúncia contra concorrente após entrar em um grupo interno da organização da campanha.

Exemplo citado por Almansa se refere a denúncia feita à Comissão Eleitoral sobre vereadores que teriam aparecido em vídeos postados nas redes da Câmara de Vereadores manifestando apoio a candidaturas. A lei municipal que regra as eleições não permite vinculações político-partidárias na eleição para o Conselho Tutelar.

– A resposta da Comissão Eleitoral foi que os vídeos tinham sido retirados do ar, então não haveria mais prova ou dano. Tenho áudio em que o vice-presidente confirma ter alertado candidatura sobre a irregularidade, o que motivou deletarem os vídeos – relata o vereador, que cita caso de tratamento diferente para candidatura impugnada por post com vinculação partidária “também retirado do ar”.

– Então, para os amigos do governo, as benesses, para os outros os rigores da lei? – disse, parafraseando “aos amigos os favores, aos inimigos a lei”, frase atribuída a Maquiavel, mas também a Getúlio Vargas.

A candidata que por duas vezes conseguiu reverter judicialmente impugnações inclusive registrou boletim de ocorrência na Polícia Civil pela suposta perseguição política por parte do vice-presidente da Comissão Eleitoral.

Adriano Luz nega parcialidade na condução da eleição.

– O vereador está mentindo. Nunca instrui candidaturas. O que sempre digo a quem nos consulta é que a Comissão Eleitoral não age de ofício. É preciso alguém formalizar denúncia. Sobre a entrada no grupo da candidatura, foi involuntária. Recebi a mensagem e cliquei – disse o advogado, que informa não ser filiado à partido, não ter cargo na Prefeitura e lembra que os membros da comissão são todos voluntários.

– Por mais de uma década me dedico ao isso. O vereador sabe da minha imparcialidade – lamentou, dizendo que, em julgamento sobre suposta irregularidade cometida por candidatura com a qual tem relações, declarou-se suspeito para votar.

O vice-presidente concorda que as suspeitas levantadas pelo vereador reproduzem disputas políticas locais. A presidente da Comissão Eleitoral, Flávia Casotti, que também preside a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Cachoeirinha, é esposa de André Lima, presidente do MDB e um dos políticos mais influentes no governo Cristian; além de adversário de Almansa em uma série de polêmicas.

– Fico chateado. A eleição para Conselho Tutelar não deveria ter nada a ver com política partidária. Inclusive está lá na lei – conclui o advogado, que junto à Comissão Eleitoral, também se reuniu com a promotora para relatar episódios desta reta final da campanha.

Ao fim, anotem: a eleição para o Conselho Tutelar de Cachoeirinha será a ‘eleição-que-nunca-termina’. Não apenas as urnas definirão eleitas e eleitos neste domingo. O pleito já resta judicializado. E muita coisa – em segredo de justiça, inclusive – ainda vai vazar por debaixo deste ‘tapetão’.

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