crise do coronavírus

Contágio da COVID 19 cresceu mais de 300 por cento em Gravataí e Cachoeirinha; é hora de reabrir comércio?

É hora de reabrir o comércio, ou de fechar ainda mais? Vamos à ‘ideologia dos números’, em um momento perigoso, em que o pico da COVID-19 chega ao Rio Grande do Sul, assim como a politização do vírus.

Junho termina como pior mês da pandemia em nossas Gravataí e Cachoeirinha sem fronteiras. O crescimento do número de infectados foi superior a 300% neste mês. Os óbitos já somam 17. Só nas últimas 24h, Cachoeirinha registrou duas mortes e, com taxa de 237.9 casos a cada 100 mil habitantes, tem uma incidência de casos maior que o ‘epicentro’ Porto Alegre (167.4/100 mil).

Cachoeirinha registrou a morte de um homem de 82 anos na segunda e de uma mulher de 60 nesta terça, chegando a seis óbitos, todos em junho. Gravataí registrou 7 dos 12 óbitos neste mês.

O crescimento no número de casos em junho em Cachoeirinha foi de 340%. Entre março e abril foram 18 casos, em maio 82 e em junho 341. Mais de 7 a cada 10 dos casos, 77,3%, foram registrados neste mês, que fechou em 411 casos. Em Gravataí o crescimento foi de 387%. Entre março e abril foram 24 casos, 58 em maio e 318 em junho, que fechou com 400 casos. Os registros deste mês correspondem a 79,5% do total, ou 8 a cada 10 casos.

Os prefeitos avaliam que ainda há capacidade para voltar a operar com a bandeira laranja no Distanciamento Controlado do Governo do RS. Nos artigos Gravataí recorre de bandeira vermelha com promessa de 30 leitos de UTI para COVID 19; é difícil, 24 Horas será ’segundo hospital de campanha’ no plano para Gravataí reabrir comércio e Cachoeirinha tenta novo recurso para sair da bandeira vermelha, o Seguinte: expôs os argumentos dos prefeitos nos recursos não aceitos pelo Estado. Marco Alba e Miki Breier sustentam que as redes municipais de saúde, e os hospitais de campanha, tem capacidade para atender pacientes. Nas apelações, os prefeitos observaram a proximidade entre as restrições das bandeiras laranja e vermelha – a última penalizando negócios sem diminuir significativamente a circulação de pessoas.

Trecho do recurso de Gravataí considera “(…) Injusta a realidade apresentada, uma vez que restringe basicamente a atividade de alimentação presencial, o funcionamento das lojas de varejo e outros serviços que previamente se adequaram às orientações do protocolo e já estão preparados para evitar as aglomerações locais (…)”. E conclui que “dessa forma, manter o comércio não-essencial fechado para o atendimento público e exigir que restaurantes, lanchonetes e padarias operem exclusivamente por tele-entrega ou sistema de ‘pegue-e-leve’, em razão das limitações do teto de operação e do teto de ocupação, são medidas que excedem o “mínimo indispensável à promoção e à preservação da saúde pública” a que se refere o inciso primeiro do artigo terceiro da Lei federal 13.979/2020”.

Já Pedro Hallal, epidemiologista e reitor da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) que é o líder da maior pesquisa no mundo sobre a presença do novo coronavírus, e que serve de base para o Distanciamento Controlado, defende “um lockdown rigoroso de 15 dias no Brasil inteiro” como forma mais eficaz e rápida para derrubar a curva de casos e com menos traumas à economia, conforme reportagem de Patrícia Comunello, no Jornal do Comércio.

– Neste momento em que estamos perto ou no pico da contaminação, estarmos com as portas abertas é uma irresponsabilidade – critica na entrevista, onde alerta que o “fecha, abre e fecha" é mais danoso do que fazer um fechamento total, adotado em outros países.

É compreensível o desespero dos governantes com um tombo no PIB que, conforme projeção do FMI, será de cerca de R$ 100 milhões em Gravataí e de R$ 50 milhões em Cachoeirinha. Para comerciantes então, que sentem falta de ar a cada fim de mês perpétuo, é uma tragédia. Mais: se para prefeituras o socorro do governo federal é insuficiente, e não cobre metade do prejuízo, para empreendedores o crédito segue tão em ‘análise’ como o auxílio-emergencial do Antônio Audino, do Breno Garcia.

Mas a ‘ideologia dos números’ evidencia que não chegamos à bandeira vermelha somente porque o governador Eduardo Leite e seus acadêmicos brincaram de colorir o mapa do Estado, como politizam o vírus políticos e seguidores, buscando o vilão da vez num ‘nós contra eles’ que historicamente empurra o Brasil ao precipício – já estamos lá embaixo, olhando para cima.

Fato é que o pico no Rio Grande do Sul é previsto em julho, como anunciava ainda em abril o então ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, e o inverno é nossa estação de UTI superlotadas mesmo antes da pandemia.

O mapa de leitos do Estado mostra nesta tarde 70.8% de ocupação nas UTIs gaúchas. São 1.512 pacientes, 362 (23.9%) confirmados com a COVID-19, 172 (11.4%) suspeitos ou com outra SRAG (síndrome respiratória aguda grave) e 978 (64.7%) com outros problemas de saúde. Na Região Porto Alegre, a qual pertencem Gravataí e Cachoeirinha, a taxa de ocupação de UTIs é de 74.6%. São 585 pacientes, 145 (24.8%) com a COVID-19, 46 (7.9%) suspeitos ou com outra SRAG e 394 (67.4%) com outros problemas de saúde.

Para efeitos de comparação, no início do mês o percentual de pacientes com a COVID-19 era de 9.1%, o que mostra a pressão crescente sobre as UTIs – que é para onde vão pacientes de Cachoeirinha e Gravataí, que não tem hospitais municipais referenciados, após estabilização nos hospitais de campanha.

Mesmo que considere Distanciamento Controlado do Governo do RS um ‘experimento descontrolado’, como tratei em artigos como É tudo com a gente em Gravataí e Cachoeirinha; o Distanciamento Controlado fake não segura a COVID 19, o modelo que faz 'gaúchos suecos' ainda é um balizador de comportamentos, e o vermelho uma placa de pare!. Relaxamos e, agora, resta sofrer as consequências, alguns em casa, lamentando ter cumprido todas as regras, outros covidiotas de máscara no queixo na rua e no comércio, ou usada só para a selfie na festa com os amigos.

Ao fim, não há ‘melhor’ em uma pandemia. Reputo o sistema de bandeiras como a melhor entre as piores alternativas. Mesmo que municípios sejam mais penalizados que outros, nossa região não tem fronteiras e os casos graves acabam todos no Clínicas e no Conceição, em Porto Alegre, ou no Universitário, em Canoas. Acredito que Marco Alba e Miki Breier saibam, e recorreram apenas para dar uma satisfação aos insatisfeitos.

Se a curva seguir ascendente, estamos mais perto da bandeira preta, do que da laranja.

 

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