Todos nós temos algo em comum quando falamos: queremos ser ouvidos, mais especificamente, que nos escutem. Sim, há diferença. Escutar é prestar atenção, entender do que se trata. Quantas vezes você ouviu alguém falando e disse: “como fala bem” e não entendeu nada do que a pessoa disse? Por outro lado, há ocasiões que uma simples palavra é tão profunda, que vale mais que um discurso. E há momentos em que precisamos escutar o som do silêncio.
Você já percebeu a infinidade de sons que ouvidos durante o dia? Quantos deles escutamos?
Faço parte de uma confraria de mulheres que se reúne uma vez por semana, em todos os meses do ano. O número de participantes varia a cada encontro. O objetivo é conversar. Os temas são os mais diversos possíveis. Política partidária não faz parte da pauta. É um exercício e tanto escutar nesses encontros, quando mais de uma dezena de mulheres falam ao mesmo tempo, mas se uma amiga precisa de atenção, ela terá. Nem tudo são flores: há momentos de pequenas implicâncias do tipo: “viestes aqui para confraternizar conosco ou para brincar com o celular?“. Cabe à indagada tirar os olhos do adorado objeto, praticamente uma prótese de seu corpo, e voltar-se para a roda. Assim, sem ressentimentos, o ato de conversar “olho no olho”, tão apreciado pelo grupo, é retomado.
Tenho verdadeira admiração por pessoas multitarefas. Usam fone de ouvidos, olham as mensagens recebidas pelos meios eletrônicos disponíveis e, ainda são capazes até de escrever! Este “admirável mundo novo”, de abundantes ferramentas de comunicação, propicia que nos tornemos um pouco menos dispostos a realmente falar um com o outro. Mas conversas merecem atenção. Precisamos estar presentes em uma conversa, não importa se parece fútil. Nossos interlocutores merecem atenção. Às vezes, as pessoas só precisam ser ouvidas, perceber que estão recebendo apoio.
De vez em quando precisamos, como canta Cesaria Évora, de
“Tiempo y silencio
Gritos y cantos
Cielos y besos
Voz y quebranto”